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O milagre das rosas
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O milagre das rosas
Na semana em que o comissário europeu Moscovici anunciou as previsões económicas da Primavera para Portugal e alertou para os riscos das eleições legislativas que estão aí à porta, o secretário-geral do PS confirmou os piores receios, promete uma redução de IRS, coisa que nem os “seus” economistas arriscaram fazer.
Dito de outra forma, já começou a campanha eleitoral no regime ‘politics as usual'.
António Costa andava calado há meses, ou melhor, falava muito e dizia muito pouco, e tinha um bom argumento.
Cada coisa a seu tempo. Criou um grupo de trabalho de 12 economistas, entre independentes e socialistas que lhe são muito próximos, para estudar um plano coerente e consistente de medidas que permitissem fazer a quadratura do círculo. O fim da austeridade sem cair na ratoeira grega. Mais dinheiro para os bolsos dos portugueses, mais despesa pública em salários e pensões, mais crescimento económico e o respeito pelos compromissos europeus e o Tratado Orçamental. Perfeito.
Num documento bem estruturado, e numa prática única no país, pudemos avaliar o que eram as principais propostas da equipa liderada por Mário Centeno e os seus efeitos económicos e orçamentais. Uma aposta clara no mercado interno e nos efeitos virtuosos do consumo (?), com objectivos mais ambiciosos do que aqueles que o Governo se propõe fazer. Ou mais suportados na fé, dependendo do ponto de vista.
Não contente com o plano dos seus economistas, apressou-se a prometer uma redução do IRS, sem qualquer número, sem qualquer avaliação de impacto orçamental ou económica. Disse o que os portugueses querem ouvir - eu também -, não disse como é que isto é possível. Tendo em conta o nível de progressividade que já existe - 65% dos portugueses não pagam IRS - e o facto de ser muito fácil ser considerado "rico" aos olhos do fisco em Portugal, teme-se o pior. Será um milagre das rosas?
Nota 1: Os banqueiros estão a movimentar-se na defesa da renovação do mandato de Carlos Costa como governador do Banco de Portugal, o que é no mínimo estranho tendo em conta o desempenho do supervisor no caso BES. Senão, vejamos: Fernando Ulrich foi duro com Carlos Costa na audição na comissão de inquérito, mas, passadas algumas semanas, defendeu a sua continuidade. Porquê? Porque há uma série de dossiês que estão em curso, como a venda do Novo Banco. Será este o "abraço do urso" ao governador, para garantirem que Costa não sai antes dos banqueiros saberem quanto lhes vai custar a resolução do BES? Do género, "agora, ficas até ao fim". Veremos se Passos Coelho se deixa convencer.
Nota 2: A vergonhosa greve dos pilotos da TAP - de alguns, do sindicato - vai a meio, mas as suas consequências já são trágicas. Só tem um objectivo, o insucesso da privatização, que estão perto de conseguir. O Governo não vai de
lixar cair a TAP, não terá essa coragem política a meses das eleições. Ao contrário do que podem supor alguns, os efeitos negativos de curto prazo seriam ultrapassados mais depressa do que se pensa, porque a TAP não é um monopólio, felizmente já há escolhas, e haveria mais se a TAP falisse. Qual será a alternativa? Meter dinheiro público, fazer uma "tapezinha" e começar já a pensar numa nova marca. Porque a TAP vai mesmo morrer.
* O mercado, segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, vem do latim mercatus. Um substantivo masculino, é a cidade onde se faz o comércio de certos objectos, uma convenção de compra e venda, um qualquer arranjo entre as pessoas, um contrato, o estado da oferta e da procura. Isto tudo exige, claro, regras, transparência e concorrência, sem elas, o mercado é artificial, é anti-mercado, o contrário do que vai encontrar por aqui, a promoção do mercado.
ANTÓNIO COSTA
antoniocosta.jornalista@gmail.com
00:05 h
Económico
Dito de outra forma, já começou a campanha eleitoral no regime ‘politics as usual'.
António Costa andava calado há meses, ou melhor, falava muito e dizia muito pouco, e tinha um bom argumento.
Cada coisa a seu tempo. Criou um grupo de trabalho de 12 economistas, entre independentes e socialistas que lhe são muito próximos, para estudar um plano coerente e consistente de medidas que permitissem fazer a quadratura do círculo. O fim da austeridade sem cair na ratoeira grega. Mais dinheiro para os bolsos dos portugueses, mais despesa pública em salários e pensões, mais crescimento económico e o respeito pelos compromissos europeus e o Tratado Orçamental. Perfeito.
Num documento bem estruturado, e numa prática única no país, pudemos avaliar o que eram as principais propostas da equipa liderada por Mário Centeno e os seus efeitos económicos e orçamentais. Uma aposta clara no mercado interno e nos efeitos virtuosos do consumo (?), com objectivos mais ambiciosos do que aqueles que o Governo se propõe fazer. Ou mais suportados na fé, dependendo do ponto de vista.
Não contente com o plano dos seus economistas, apressou-se a prometer uma redução do IRS, sem qualquer número, sem qualquer avaliação de impacto orçamental ou económica. Disse o que os portugueses querem ouvir - eu também -, não disse como é que isto é possível. Tendo em conta o nível de progressividade que já existe - 65% dos portugueses não pagam IRS - e o facto de ser muito fácil ser considerado "rico" aos olhos do fisco em Portugal, teme-se o pior. Será um milagre das rosas?
Nota 1: Os banqueiros estão a movimentar-se na defesa da renovação do mandato de Carlos Costa como governador do Banco de Portugal, o que é no mínimo estranho tendo em conta o desempenho do supervisor no caso BES. Senão, vejamos: Fernando Ulrich foi duro com Carlos Costa na audição na comissão de inquérito, mas, passadas algumas semanas, defendeu a sua continuidade. Porquê? Porque há uma série de dossiês que estão em curso, como a venda do Novo Banco. Será este o "abraço do urso" ao governador, para garantirem que Costa não sai antes dos banqueiros saberem quanto lhes vai custar a resolução do BES? Do género, "agora, ficas até ao fim". Veremos se Passos Coelho se deixa convencer.
Nota 2: A vergonhosa greve dos pilotos da TAP - de alguns, do sindicato - vai a meio, mas as suas consequências já são trágicas. Só tem um objectivo, o insucesso da privatização, que estão perto de conseguir. O Governo não vai de
lixar cair a TAP, não terá essa coragem política a meses das eleições. Ao contrário do que podem supor alguns, os efeitos negativos de curto prazo seriam ultrapassados mais depressa do que se pensa, porque a TAP não é um monopólio, felizmente já há escolhas, e haveria mais se a TAP falisse. Qual será a alternativa? Meter dinheiro público, fazer uma "tapezinha" e começar já a pensar numa nova marca. Porque a TAP vai mesmo morrer.
* O mercado, segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, vem do latim mercatus. Um substantivo masculino, é a cidade onde se faz o comércio de certos objectos, uma convenção de compra e venda, um qualquer arranjo entre as pessoas, um contrato, o estado da oferta e da procura. Isto tudo exige, claro, regras, transparência e concorrência, sem elas, o mercado é artificial, é anti-mercado, o contrário do que vai encontrar por aqui, a promoção do mercado.
ANTÓNIO COSTA
antoniocosta.jornalista@gmail.com
00:05 h
Económico
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