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Que país queremos ser nos próximos 40 anos?
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Que país queremos ser nos próximos 40 anos?
Temos assistido nas últimas semanas a uma intensa discussão sobre os cenários macroeconómicos nos próximos quatro anos, em particular se deverá ser o consumo ou o investimento e as exportações os principais motores do nosso crescimento.
A discussão é importante porque a crise que o país viveu, a sua dívida, e o elevado desemprego, deixam muito pouco espaço de manobra para a atuação política. É fácil de compreender que um conjunto de políticas erradas na próxima legislatura podem ter consequências muito negativas, fazendo estagnar ou regredir o limitado progresso que o país fez durante os últimos anos.
Na base de grande parte da discussão está uma análise técnica ou contabilística de um conjunto de medidas e dos seus impactos nos custos (mais fácil) e também dos resultados de crescimento e emprego (mais difícil). Para esse exercício existem modelos económicos usados para fazer estimativas. No entanto, assistimos nos últimos anos a um desvio sistemático (tipicamente para pior) das previsões realizadas pelos principais modelos nacionais e internacionais. Os modelos funcionam relativamente bem em contextos médios, mas quando se vive uma situação de extremo, como é o caso da economia nacional, os modelos normalmente erram. Por isso, além dos resultados que os modelos existentes nos mostram, penso que deveríamos ter presente o princípio de precaução, que sugere que quando podem existir danos significativos em risco (novo resgate), e na ausência de consenso científico que suporte uma determinada ação, por precaução, esta ação não deve acontecer. No atual contexto, vale a pena pensar que ações que aumentem a despesa ou a pressão orçamental, para serem pagas no futuro com base em crescimento económico incerto e volátil (que dependem muito dos pressupostos do modelo), não são caminhos desejáveis para o país.
Mas porventura o maior risco seria que a discussão sobre o nosso futuro se fechasse na política macroeconómica dos próximos quatro anos. Sabemos que o crescimento económico a longo prazo depende da nossa capacidade para aumentar a produtividade e a geração de valor por parte das empresas. Nessa medida, é crítico pensar, não nas políticas que queremos para o país nos próximos quatro anos, mas antes para os próximos 40 anos - que país queremos ter daqui a uma geração, para que não se venha mais uma vez a repetir um resgate, como aconteceu pela primeira vez quase há 40 anos.
Por um lado é urgente fazer profundas reformas no Estado, parecendo-me de particular importância a educação, a justiça, a saúde e a segurança social. Defendo um modelo em que, continuando a garantir de que todos os cidadãos têm acesso, com equidade, aos serviços e às funções que um Estado europeu moderno deve assegurar, não é necessariamente o Estado o melhor e mais qualificado agente para oferecer esses serviços. Isso significa necessariamente menos Estado, mas desejavelmente também melhor Estado. Os princípios para estas reformas seriam racionalizar, simplificar, inovar, descentralizar!
Mas é também importante fazer apostas, em que duas áreas deveriam merecer particular atenção: a ciência e o empreendedorismo. Para alterar o padrão empresarial do país precisamos de novas empresas, com estruturas, ambição, organização e posicionamento diferentes das empresas existentes; empresas mais orientadas para mercados internacionais, capazes de inovar, e com bastante mais intensidade de conhecimento. Só assim iremos ser capazes de estabelecer de forma consistente um processo de crescimento económico e criação de emprego. A segunda aposta é no conhecimento, e na ciência em particular. Portugal apenas se poderá desenvolver a médio e longo prazo com base em conhecimento. Estas deverão ser prioridades num projeto político para Portugal.
Mas se estas são as minhas perspetivas, existirão naturalmente outras. Um debate a pensar nos próximos 40 anos é por isso necessário e crítico para o país.
Diretor da Católica-Lisbon School of Business & Economics
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico
17 Maio 2015, 19:30 por Francisco Veloso
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