Vitória da Liscont no terminal de Alcântara é “positivo” para a Mota-Engil mas tem impacto limitado

Já havia uma decisão favorável à construtora relativamente ao prolongamento do prazo de concessão do terminal de Alcântara, em Lisboa. Agora, o Tribunal Constitucional também deu a vitória judicial à Mota-Engil. Os analistas consideram que esta decisão tem um impacto “positivo” para a empresa, embora limitado. As acções seguem em queda.


A Mota-Engil conseguiu, pela segunda vez, uma vitória judicial relativamente ao terminal de contentores de Alcântara, em Lisboa. Conforme noticiou o jornal “Expresso”, no sábado passado, o Tribunal Constitucional confirmou que não é possível retirar a concessão até 2042 daquele terminal à Liscont, que pertence à construtora.
 
“A Mota-Engil já tinha uma decisão favorável e esta é uma confirmação. Nós assumimos nas nossas estimativas o prolongamento do contrato de concessão”, comentam os analistas Nuno Estácio e Inês Duarte Silva, do Banco Espírito Santo Investimento (BESI).
 
O tribunal arbitral já se tinha mostrado a favor da empresa comandada por Gonçalo Moura Martins (na foto), em Março de 2012. Foi esta a decisão depois de a Mota-Engil ter interposto um processo contra o facto de o Parlamento ter revogado o prolongamento do contrato de concessão do terminal por 27 anos, de 2015 para 2042. O tribunal arbitral não concordou com a revogação, falando na quebra do princípio de confiança.
 
Essa expansão do prazo do contrato de concessão havia sido assinada pela então secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, sem que houvesse recurso a concurso público internacional. A polémica estalou mas, em 2014, o Tribunal Constitucional considera que é inconstitucional revogar aquele prolongamento do prazo.
 
“Esta decisão vem repor o contrato como se encontrava antes, com a sua validade total”, sublinhou ao “Expresso” o presidente executivo do grupo Mota-Engil, Gonçalo Moura Martins.
 
É tendo em conta que já havia essa primeira decisão que o BESI considera que o impacto da notícia é “neutral a positivo”. Neste momento, a cotada é uma das “balas de prata” da unidade de investimento, isto é, está entre as preferidas.

A casa de investimento do BPI também considera que o processo é “positivo”, na óptica da Mota-Engil enquanto empresa cotada em bolsa, embora relembrando que já havia uma decisão favorável anterior.
 
Nas estimativas do BPI Equity Research, a operadora logística da Mota-Engil, a Tertir, representa 9% da estimativa de resultado operacional para 2014. Menos de um terço da capacidade de contentores da Mota em Portugal é da Liscont, a operadora que tem a concessão do terminal de contentores de Alcântara.
 
Ao jornal “Expresso”, o presidente executivo do grupo afirmou estar empenhado "em modernizar" terminal de Alcântara.
 
Os  portos e logística estão inseridos na área de Ambiente e Serviços da Mota-Engil. O sector mais importante é o da engenharia e construção, estando também presente na concessão de transportes (Ascendi).
 
Acções em queda
 
Apesar da avaliação positiva que as unidades de investimento fazem a esta notícia, as acções da companhia estão a registar uma quebra do preço.
 
A Mota-Engil segue a perder 1,38% para os 5,02 euros, estando há quatro dias a perder terreno.
 
A tendência de queda acontece numa altura em que tem um novo accionista de referência, o grupo Amber. A gestora de activos britânica adquiriu 2,1% da companhia, na altura em que a família Mota se desfez de parte da sua participação.
 
 
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de “research” emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de “research” na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.

10 Março 2014, 11:45 por Diogo Cavaleiro | diogocavaleiro@negocios.pt

JORNAL DE NEGÓCIOS