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Pressão sobre um futuro à esquerda
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Pressão sobre um futuro à esquerda
Neste momento, o cenário é verosímil para o PS e Costa vai ter de esclarecer
Ana Brígida
PSD e CDS deverão saber que é decisivo pressionar António Costa a esclarecer a sua posição sobre os possíveis acordos de governo com os partidos à sua esquerda.
Intensifica-se a convicção sobre a impossibilidade de qualquer dos blocos que disputam a vitória nas próximas legislativas atingir uma maioria de representação parlamentar. O PS estabilizou (ou desceu ligeiramente) nas intenções de voto reveladas nas sondagens conhecidas desde a ascensão de António Costa; o PSD e o CDS recuperaram algo até morder os calcanhares do PS, mas estão longe de ambicionar tal feito. Assim sendo, teremos um problema de “governabilidade”, sempre lançado como um terrível cenário por Cavaco Silva. Porém, o problema não é manifestamente análogo no campo do PS e no campo da coligação. É, aliás, “ontologicamente” diferente.
O PS de António Costa só não terá apoio parlamentar se não quiser. O PSD e o CDS esgotam em si próprios a capacidade de osmose com qualquer outra força partidária e não contam com o PS a não ser para os (difíceis) esforços de “pactos de regime”. Só assim não será se Marinho e Pinto, uma vez eleito, se abrir sem preconceitos à esquerda e à direita num hipotético acordo de governo, desde que tenha deputados suficientes para ser o fiel da balança. Tirando esta hipótese, parece óbvio que a vitória do PS seria mais amiga da referida “governabilidade”, pois só o PS terá manobra para dialogar com “bloquistas” e “libertadores” e (quem sabe?) comunistas.
É à esquerda que está a possibilidade de uma maioria alargada e por causa dessa possibilidade surgem à esquerda movimentos diferentes do PC e do BE – a esperança de poder aguça a vontade de certas cabeças... É essa esquerda que António Costa tem geneticamente como motivação mobilizar uma vez ganhas as eleições, aproveitando a experiência adquirida na governação de Lisboa. É essa esquerda que continua a dominar (em interesses e em votos) o espectro político-sociológico do país e que, por inerência, poderá ter pela primeira vez o domínio com multipartidarismo de um governo de liderança socialista, um “mundo novo” de entendimento e agregação.
Neste momento – depois de uma certa paixoneta mediática aquando da vitória da esquerda desalinhada na Grécia –, António Costa apenas não quer incompatibilizar-se com essa esquerda, pois a retórica da utilidade futura fala mais alto. Enquanto isso, vai pugnando murchamente pela maioria, mas nunca dando a perceber que só teria a maioria se esvaziasse o PC, o BE, o Livre e, até, a inorganicidade de Marinho e Pinto. Acredito, ademais, que Costa e os seus próximos têm sérias dúvidas sobre o acerto desse alargamento no seio de um governo à procura de maioria.
Soares nunca o fez (preferiu até o CDS). Guterres resistiu nas duas oportunidades que teve. Sócrates propôs a custo, antes de arregimentar o segundo governo minoritário, mas fê-lo com todos os partidos. Não terá sido por acaso. O PS, se assim fizer, perderá a sua identidade de alternância auto-suficiente. O PS, se assim fizer, estimula a prazo o crescimento das restantes forças em virtude da migração do protesto para o palco da decisão. O PS, se assim fizer, abdica, em nome de uma solução de aparente estabilidade, da capacidade de absorção futura dessas forças. O PS ganharia algo no trecho breve, mas perderia muito no prazo longo. Seja como for, o cenário é verosímil e Costa tem de esclarecer. Esse risco de multipartidarismo dominante à esquerda deve ser um trunfo da coligação para abrir a pestana aos indecisos que não desejam esse futuro e convencê-los a “votar à direita”. Se querem ganhar ao PS, será avisado que PSD e CDS não se esqueçam dessa cartada em cima do trilho de Costa.
Professor de Direito da Universidade de Coimbra. Jurisconsulto
Escreve à quinta-feira
RICARDO COSTA
18/06/2015 08:00:00
Jornal i
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