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O pecado original
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O pecado original
Numa negociação, enquanto ela não acaba, é normal que as partes ambicionem o melhor negócio para elas, que levantem problemas, que duvidem do outro, que exijam mais garantias, que testem os possíveis ângulos por onde o contrato, mais à frente, pode falhar. Em Portugal temos uma cultura diferente. Preferimos um mau acordo rápido a um que demore mais tempo a coser, mas que talvez mais à frente se revele mais equilibrado. Pelo meio, enquanto não há compromisso, há sempre o risco de as negociações implodirem, deixando todos de mãos a abanar, mas é essa a natureza das coisas. Pelo que se percebeu ontem, apesar de a Grécia ter cedido nalguns pontos capitais, não foi tão longe quanto o FMI exige no capítulo do corte das pensões.
O próprio Alexis Tsipras, pressionado pela amálgama partidária que compõe o Syriza, também recusa dar o braço a torcer. É legítimo este risco que o primeiro-ministro grego está a assumir - embora possa atirar o país pelo precipício abaixo -, como também o é a intransigência do FMI, que continua dobrado à ortodoxia do Excel. Nada de novo, portanto, como bem sabemos em Portugal. O erro que existe é outro, é uma espécie de pecado original: a decisão de envolver o Fundo, como credor, nos resgates aos países do euro, tomada por vontade alemã, atestou a menoridade política da moeda única - reconhecendo que não se sabe governar sozinha - e está agora a revelar-se um empecilho extra.
O FMI deveria ser apenas consultor, porque tem experiência (boa, má e péssima) na gestão de crises financeiras, mas em caso algum credor. Os recursos para ajudar a Grécia, Portugal e a Irlanda, que representam menos de 10% do PIB da zona euro, existiam dentro de portas, ao contrário do que acontece quando se trata de intervenções em países africanos, asiáticos ou sul-americanos empobrecidos.
Para o próprio FMI é politicamente complexo estar a financiar um Estado membro de um clube de ricos e logo com quantias brutais, infinitamente acima dos empréstimos feitos ao Mali, à Guiné-Bissau ou ao Burundi, só para referir uns quantos. Faz bem Portugal em antecipar o pagamento dos empréstimos a esta organização de financeiros com pouca largura de banda. Não só são empréstimos mais caros, como trazem sempre letra miudinha que convém ler m-u-i-t-o d-e-v-a-g-a-r, como diria Vítor Gaspar. Quanto à Grécia, resta-nos esperar mais um pouco.
por ANDRÉ MACEDO
Diário de Notícias
O próprio Alexis Tsipras, pressionado pela amálgama partidária que compõe o Syriza, também recusa dar o braço a torcer. É legítimo este risco que o primeiro-ministro grego está a assumir - embora possa atirar o país pelo precipício abaixo -, como também o é a intransigência do FMI, que continua dobrado à ortodoxia do Excel. Nada de novo, portanto, como bem sabemos em Portugal. O erro que existe é outro, é uma espécie de pecado original: a decisão de envolver o Fundo, como credor, nos resgates aos países do euro, tomada por vontade alemã, atestou a menoridade política da moeda única - reconhecendo que não se sabe governar sozinha - e está agora a revelar-se um empecilho extra.
O FMI deveria ser apenas consultor, porque tem experiência (boa, má e péssima) na gestão de crises financeiras, mas em caso algum credor. Os recursos para ajudar a Grécia, Portugal e a Irlanda, que representam menos de 10% do PIB da zona euro, existiam dentro de portas, ao contrário do que acontece quando se trata de intervenções em países africanos, asiáticos ou sul-americanos empobrecidos.
Para o próprio FMI é politicamente complexo estar a financiar um Estado membro de um clube de ricos e logo com quantias brutais, infinitamente acima dos empréstimos feitos ao Mali, à Guiné-Bissau ou ao Burundi, só para referir uns quantos. Faz bem Portugal em antecipar o pagamento dos empréstimos a esta organização de financeiros com pouca largura de banda. Não só são empréstimos mais caros, como trazem sempre letra miudinha que convém ler m-u-i-t-o d-e-v-a-g-a-r, como diria Vítor Gaspar. Quanto à Grécia, resta-nos esperar mais um pouco.
por ANDRÉ MACEDO
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