Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 283 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 283 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
A infelicidade dos netos
Página 1 de 1
A infelicidade dos netos
Fora da Europa e da América do Norte, é comum as pessoas entre os 65 e os 69 anos morarem com crianças
Em 1960, 8% da população portuguesa tinha mais de 65 anos. Em 2011, eram 19%. Não é por isso de admirar que dediquemos cada vez mais tempo e recursos ao bem estar dos mais velhos. Em Portugal, a maioria destas pessoas vive numa situação de extrema dependência do Estado.
Para a saúde, contam com o sistema nacional de saúde, e para os rendimentos, dependem quase em exclusivo das reformas públicas. Por isso, a maior parte do debate sobre políticas públicas de envelhecimento é dominado pela saúde e pelas finanças públicas. Mas há muito mais para pensar no que diz respeito à felicidade dos mais velhos.
Por exemplo, fora da Europa e da America do Norte, é comum as pessoas entre os 65 e os 69 anos morarem com crianças: desde 26% na Ásia do Leste até aos 72% em África. Mas, no sul da Europa, a percentagem de idosos que vivem com crianças é só 6,2% para quem tem 65-69 anos, e 4,3% para quem tem 70 anos ou mais.
Outro facto relacionado tem a ver com o bem estar dos mais velhos no mundo desenvolvido. Nos países anglo-saxónicos e no Norte da Europa, as medidas de felicidade baseadas em inquéritos mostram um padrão em U. Os jovens são muito felizes, os adultos bastante menos, e a partir dos 50 anos em diante a felicidade aumenta continuamente ao ponto de as pessoas com 70 anos estarem tão satisfeitas com a sua vida como quem tem 20 anos.
No sul da Europa, o padrão é bastante diferente. A felicidade decresce continuamente com a idade, e os idosos são os mais infelizes de todos.
Existe uma relação significativa entre estes dois factos. Os idosos que vivem com crianças são bastante menos felizes do que os idosos sem crianças. Para os adultos com menos de 50 anos, isto não é verdade: os que têm ou não têm crianças são igualmente felizes. Nas pessoas de meia idade, a presença de crianças no lar vem com maior incidência de situações em que as pessoas se declaram muito felizes, mas também com situações em que sentem frustração e raiva. Nas pessoas com mais de 60 anos, as crianças têm um efeito semelhante nos sentimentos negativos, mas nenhum efeito discernível nos sentimentos positivos.
Porquê este efeito das crianças nos mais velhos? Ninguém sabe. Mas uma hipótese plausível nota que uma razão que leva um idoso a viver com crianças é ter problemas de saúde que a levaram a mudar-se para casa dos filhos. No Norte da Europa e nos EUA, as pessoas pouparam adequadamente durante a sua vida e conseguem tratar de si próprias. No resto do mundo, é normal morar com filhos e netos, goste-se ou não. Mas no sul da Europa, as pessoas de 70 anos que moram com crianças foram na maioria pessoas forçadas a isso por problemas de saúde e falta de capacidade financeira.
Está relativamente bem estudado que na altura da reforma, as pessoas que são forçadas a reformar-se ficam bastante mais infelizes do que aqueles que escolheram fazê-lo. No que diz respeito aos netos, o mesmo princípio aplica-se: o que faz os mais velhos mesmo infelizes e não poderem escolher.
Por Ricardo Reis
31/07/2015 | 23:59 | Dinheiro Vivo
Em 1960, 8% da população portuguesa tinha mais de 65 anos. Em 2011, eram 19%. Não é por isso de admirar que dediquemos cada vez mais tempo e recursos ao bem estar dos mais velhos. Em Portugal, a maioria destas pessoas vive numa situação de extrema dependência do Estado.
Para a saúde, contam com o sistema nacional de saúde, e para os rendimentos, dependem quase em exclusivo das reformas públicas. Por isso, a maior parte do debate sobre políticas públicas de envelhecimento é dominado pela saúde e pelas finanças públicas. Mas há muito mais para pensar no que diz respeito à felicidade dos mais velhos.
Por exemplo, fora da Europa e da America do Norte, é comum as pessoas entre os 65 e os 69 anos morarem com crianças: desde 26% na Ásia do Leste até aos 72% em África. Mas, no sul da Europa, a percentagem de idosos que vivem com crianças é só 6,2% para quem tem 65-69 anos, e 4,3% para quem tem 70 anos ou mais.
Outro facto relacionado tem a ver com o bem estar dos mais velhos no mundo desenvolvido. Nos países anglo-saxónicos e no Norte da Europa, as medidas de felicidade baseadas em inquéritos mostram um padrão em U. Os jovens são muito felizes, os adultos bastante menos, e a partir dos 50 anos em diante a felicidade aumenta continuamente ao ponto de as pessoas com 70 anos estarem tão satisfeitas com a sua vida como quem tem 20 anos.
No sul da Europa, o padrão é bastante diferente. A felicidade decresce continuamente com a idade, e os idosos são os mais infelizes de todos.
Existe uma relação significativa entre estes dois factos. Os idosos que vivem com crianças são bastante menos felizes do que os idosos sem crianças. Para os adultos com menos de 50 anos, isto não é verdade: os que têm ou não têm crianças são igualmente felizes. Nas pessoas de meia idade, a presença de crianças no lar vem com maior incidência de situações em que as pessoas se declaram muito felizes, mas também com situações em que sentem frustração e raiva. Nas pessoas com mais de 60 anos, as crianças têm um efeito semelhante nos sentimentos negativos, mas nenhum efeito discernível nos sentimentos positivos.
Porquê este efeito das crianças nos mais velhos? Ninguém sabe. Mas uma hipótese plausível nota que uma razão que leva um idoso a viver com crianças é ter problemas de saúde que a levaram a mudar-se para casa dos filhos. No Norte da Europa e nos EUA, as pessoas pouparam adequadamente durante a sua vida e conseguem tratar de si próprias. No resto do mundo, é normal morar com filhos e netos, goste-se ou não. Mas no sul da Europa, as pessoas de 70 anos que moram com crianças foram na maioria pessoas forçadas a isso por problemas de saúde e falta de capacidade financeira.
Está relativamente bem estudado que na altura da reforma, as pessoas que são forçadas a reformar-se ficam bastante mais infelizes do que aqueles que escolheram fazê-lo. No que diz respeito aos netos, o mesmo princípio aplica-se: o que faz os mais velhos mesmo infelizes e não poderem escolher.
Por Ricardo Reis
31/07/2015 | 23:59 | Dinheiro Vivo
Tópicos semelhantes
» Infelicidade colectiva, desvantagem competitiva
» Da entrevista de Sempé ao relatório da OCDE sobre a infelicidade dos portugueses
» Da entrevista de Sempé ao relatório da OCDE sobre a infelicidade dos portugueses
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin