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Com crescimento, não há crise!
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Com crescimento, não há crise!
Em tempo de férias de verão ocorreram-me ontem dois tipos de crise que se têm em comum a característica negativa de serem uma crise, têm também em comum o facto de derivarem de uma situação de crescimento. Usando uma expressão popular de que gosto particularmente, o "não há crise", eu diria que perante crises de crescimento como estas, nunca há uma verdadeira crise.
1. Da crise do crescimento... - Não é a primeira vez que vou aqui falar da atual movida da Baixa portuense. Não é a primeira vez, nem será certamente a última, que aqui saúdo a enorme energia e vitalidade de que os portuenses têm vindo a dar provas na recuperação histórica da competitividade turística internacional do seu burgo. Ainda esta semana tive ocasião de percorrer a zona envolvente da Igreja dos Clérigos e do novo centro comercial, onde bares, restaurantes e lojas regurgitam de gente, até à "novíssima" movida da Livraria Lello onde os turistas fazem fila para adquirirem o bilhete de ingresso dessa pequena joia agora redescoberta, a animação diurna é tão grande que já pede meças à movida dos fins de semana do mesmo local. Nos últimos tempos nas minhas peregrinações à capital nunca falha aquele lisboeta com que me cruzo numa rua que faz questão de me vir dizer que o Porto, e especialmente a sua nova Baixa, estão um espetáculo. Julgo até que tem sido o passa-palavra desta "novidade" que tem aumentado muito o turismo interno, nomeadamente oriundo da capital. Nunca me esqueço que quando estive seis anos em Lisboa a estudar, uma das coisas que mais me surpreendeu foi que no meu ano de faculdade em que tinha mais de 200 colegas, contavam-se pelos dedos aqueles que do eixo de Lisboa-Cascais já tinham visitado o Porto. Claro que no melhor pano cai a nódoa. A "nódoa" com que aqui fecho mais esta minha declaração de amor ao coração da Invicta é o triste espetáculo a que hoje podemos assistir se descermos a Rua dos Clérigos até á Avenida dos Aliados. Existem muitos espaços devolutos e em grande estado de deterioração, que mancham de uma forma desnecessária a excelente recuperação de que qualquer visitante do Porto pode ser testemunha. Dando de barato que não teria qualquer efeito prático um apelo à sensibilidade estética ou cívica dos atuais proprietários dessas nódoas a que me refiro, é para a Câmara do Porto que eu aqui deixo uma sugestão para minorar esta chaga. Por que não fazer um investimento, necessariamente pouco avultado, num tipo de decoração que tapasse as fachadas desses espaços com criatividade, imaginação, um bocadinho ao estilo do que fazem os melhores centros comerciais sempre que uma loja desaparece e ainda não chegou outra. Claro que esta "crise" é uma crise de crescimento e esses espaços virão a ser paulatinamente reocupados e remodelados, pelo que a filosofia desta solução que proponho acaba por ser a mesma da solução praticada nos centros comerciais.
2. ... Ao crescimento da crise - Apetecia-me escrever agora que vamos dar um salto de gigante nesta crónica para o outro lado do Mundo. Na verdade, com a globalização, já só devemos falar de um pequeno passinho que é preciso dar entre a crise de crescimento da Baixa do Porto e o crescimento da crise do Império da China. Em primeiro lugar deixem-me dar as boas-vindas à China a este mundo, para ela novo, dos problemas e crises do capitalismo. O lado bom desta crise que tem assolado os mercados a partir de Xangai e Pequim, é a confirmação definitiva de que a China já é hoje também um país capitalista. O lado mau é a já nossa conhecida crise em que esse sistema é useiro e vezeiro e a forma como ela está a afetar as economias do Mundo Ocidental. Como também acontece quando ela nasce por estas bandas, esta crise de origem asiática tem efeitos positivos e negativos em diversos setores. Se por um lado ameaça o bom andamento das exportações ocidentais, por outro lado exercerá uma pressão descendente do custo das principais matérias-primas. Em qualquer dos casos e mesmo com as bolsas em "crashes" consecutivos, apetece-me relembrar aquela frase do almirante Pinheiro de Azevedo que passou à história "não há crise que é só fumaça". Na verdade, lá como cá, a crise vai chegar e partir e sobretudo num país que é quase um continente, a crescer quase três vezes mais do que a média europeia, que ninguém tenha pena dos chineses... sem antes ter muito mais pena de nós.
26.08.2015
MANUEL SERRÃO
Jornal de Notícias
1. Da crise do crescimento... - Não é a primeira vez que vou aqui falar da atual movida da Baixa portuense. Não é a primeira vez, nem será certamente a última, que aqui saúdo a enorme energia e vitalidade de que os portuenses têm vindo a dar provas na recuperação histórica da competitividade turística internacional do seu burgo. Ainda esta semana tive ocasião de percorrer a zona envolvente da Igreja dos Clérigos e do novo centro comercial, onde bares, restaurantes e lojas regurgitam de gente, até à "novíssima" movida da Livraria Lello onde os turistas fazem fila para adquirirem o bilhete de ingresso dessa pequena joia agora redescoberta, a animação diurna é tão grande que já pede meças à movida dos fins de semana do mesmo local. Nos últimos tempos nas minhas peregrinações à capital nunca falha aquele lisboeta com que me cruzo numa rua que faz questão de me vir dizer que o Porto, e especialmente a sua nova Baixa, estão um espetáculo. Julgo até que tem sido o passa-palavra desta "novidade" que tem aumentado muito o turismo interno, nomeadamente oriundo da capital. Nunca me esqueço que quando estive seis anos em Lisboa a estudar, uma das coisas que mais me surpreendeu foi que no meu ano de faculdade em que tinha mais de 200 colegas, contavam-se pelos dedos aqueles que do eixo de Lisboa-Cascais já tinham visitado o Porto. Claro que no melhor pano cai a nódoa. A "nódoa" com que aqui fecho mais esta minha declaração de amor ao coração da Invicta é o triste espetáculo a que hoje podemos assistir se descermos a Rua dos Clérigos até á Avenida dos Aliados. Existem muitos espaços devolutos e em grande estado de deterioração, que mancham de uma forma desnecessária a excelente recuperação de que qualquer visitante do Porto pode ser testemunha. Dando de barato que não teria qualquer efeito prático um apelo à sensibilidade estética ou cívica dos atuais proprietários dessas nódoas a que me refiro, é para a Câmara do Porto que eu aqui deixo uma sugestão para minorar esta chaga. Por que não fazer um investimento, necessariamente pouco avultado, num tipo de decoração que tapasse as fachadas desses espaços com criatividade, imaginação, um bocadinho ao estilo do que fazem os melhores centros comerciais sempre que uma loja desaparece e ainda não chegou outra. Claro que esta "crise" é uma crise de crescimento e esses espaços virão a ser paulatinamente reocupados e remodelados, pelo que a filosofia desta solução que proponho acaba por ser a mesma da solução praticada nos centros comerciais.
2. ... Ao crescimento da crise - Apetecia-me escrever agora que vamos dar um salto de gigante nesta crónica para o outro lado do Mundo. Na verdade, com a globalização, já só devemos falar de um pequeno passinho que é preciso dar entre a crise de crescimento da Baixa do Porto e o crescimento da crise do Império da China. Em primeiro lugar deixem-me dar as boas-vindas à China a este mundo, para ela novo, dos problemas e crises do capitalismo. O lado bom desta crise que tem assolado os mercados a partir de Xangai e Pequim, é a confirmação definitiva de que a China já é hoje também um país capitalista. O lado mau é a já nossa conhecida crise em que esse sistema é useiro e vezeiro e a forma como ela está a afetar as economias do Mundo Ocidental. Como também acontece quando ela nasce por estas bandas, esta crise de origem asiática tem efeitos positivos e negativos em diversos setores. Se por um lado ameaça o bom andamento das exportações ocidentais, por outro lado exercerá uma pressão descendente do custo das principais matérias-primas. Em qualquer dos casos e mesmo com as bolsas em "crashes" consecutivos, apetece-me relembrar aquela frase do almirante Pinheiro de Azevedo que passou à história "não há crise que é só fumaça". Na verdade, lá como cá, a crise vai chegar e partir e sobretudo num país que é quase um continente, a crescer quase três vezes mais do que a média europeia, que ninguém tenha pena dos chineses... sem antes ter muito mais pena de nós.
26.08.2015
MANUEL SERRÃO
Jornal de Notícias
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