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Crítica da razão impura
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Crítica da razão impura
A Coluna de Alterne, que tem uma base filosófica brutal, estabeleceu uma das mais recentes leis da vida. Não direi que está ao nível de um “Só sei que nada sei” ou de um “penso logo existo” ou mesmo de um “nada existe na inteligência que não tenha passado pelos sentidos”. Mas anda lá perto, ou então não anda, que isto é sempre uma questão de opinião
Que lei é essa? Perguntam, ávidos, os meus leitores. E eu respondo: calma! A calma é uma das virtudes mais importantes na vida de um ser humano. Sem calma, acabamos por fazer coisas que não devemos, tipo pedir dinheiro emprestado aos amigos, comprar submarinos ou formar técnicos de aviação em aeroportos que não existem. Já a calma – coisa que eu sempre ambicionei desde que me candidatei ao cargo de fotógrafo do Diário da República ou a controlador de tráfego aéreo da Ota – nos leva à meditação e à descoberta de leis importantes, como a que se segue.
A lei é a seguinte: a mensagem política varia na razão inversa e impura dos meios colocados à disposição. Ou seja, isto dito sem ser sob a forma de axioma, pode ser colocado da seguinte forma: quanto mais palcos, menos de substancial dizem, sendo mesmo aquele pouco que dizem de uma impureza total. Eu sei que não se pode medir o Ph de uma mensagem política (embora o grau alcoólico, em certos casos, fosse de avaliar). Mas podem crer no que digo.
Qualquer político que no séc. XIX tinha um palco e um jornal; que no séc. XX tinha um palco, um jornal, uma rádio e uma televisão; no séc. XXI tem um palco, um jornal, uma rádio, uma televisão, um site, um blogue, um Facebook, um Twitter, um Pinterest, um Linkedin, um Google Circles, um WhatsApp, um Snapchat e ainda o que eu não sei.
Tem isto tudo, mas não tem nada a dizer. Daí a minha lei:
A mensagem política varia na razão inversa e impura dos meios colocados à disposição.
O último exemplo que disso tivemos foi o da ministra da Administração Interna que apenas emitiu uns ‘ah’ e uns ‘hu’. Mas o mesmo se passou no debate Catarina Martins contra Jerónimo de Sousa. Perguntamos: que disseram eles? E a resposta invariável é: Nada!
E Portas, e Passos e Costa. Dizem nada na TV, nada nos jornais, nada na rádio e nada naquelas modernices todas que já referi. É uma calamidade.
Reparem que no passado se produziram imensas frases célebres. Desde o “Do alto destas pirâmides 40 séculos vos contemplam”, dita no séc. XVIII, até ao “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos”, dita já no século XX.
E hoje o que dizem que nos fique como exemplo, como inspiração? É se os contribuintes pagam o prejuízo do Novo Banco? É se a Merkel era nazi até haver refugiados e depois passou a ser uma militante humanista? É se o PS anda aos ziguezagues? É o dedo espetado de Portas? É a baritonidade de Passos?
Hoje não fica nada. Infelizmente, é um nada que se espalha por toda a parte e se entranha em todos os aparelhos e se esbarronda por toda a paisagem.
É triste, mas é assim.
COMENDADOR MARQUES DE CORREIA
06.09.2015 8h00
Expresso
Que lei é essa? Perguntam, ávidos, os meus leitores. E eu respondo: calma! A calma é uma das virtudes mais importantes na vida de um ser humano. Sem calma, acabamos por fazer coisas que não devemos, tipo pedir dinheiro emprestado aos amigos, comprar submarinos ou formar técnicos de aviação em aeroportos que não existem. Já a calma – coisa que eu sempre ambicionei desde que me candidatei ao cargo de fotógrafo do Diário da República ou a controlador de tráfego aéreo da Ota – nos leva à meditação e à descoberta de leis importantes, como a que se segue.
A lei é a seguinte: a mensagem política varia na razão inversa e impura dos meios colocados à disposição. Ou seja, isto dito sem ser sob a forma de axioma, pode ser colocado da seguinte forma: quanto mais palcos, menos de substancial dizem, sendo mesmo aquele pouco que dizem de uma impureza total. Eu sei que não se pode medir o Ph de uma mensagem política (embora o grau alcoólico, em certos casos, fosse de avaliar). Mas podem crer no que digo.
Qualquer político que no séc. XIX tinha um palco e um jornal; que no séc. XX tinha um palco, um jornal, uma rádio e uma televisão; no séc. XXI tem um palco, um jornal, uma rádio, uma televisão, um site, um blogue, um Facebook, um Twitter, um Pinterest, um Linkedin, um Google Circles, um WhatsApp, um Snapchat e ainda o que eu não sei.
Tem isto tudo, mas não tem nada a dizer. Daí a minha lei:
A mensagem política varia na razão inversa e impura dos meios colocados à disposição.
O último exemplo que disso tivemos foi o da ministra da Administração Interna que apenas emitiu uns ‘ah’ e uns ‘hu’. Mas o mesmo se passou no debate Catarina Martins contra Jerónimo de Sousa. Perguntamos: que disseram eles? E a resposta invariável é: Nada!
E Portas, e Passos e Costa. Dizem nada na TV, nada nos jornais, nada na rádio e nada naquelas modernices todas que já referi. É uma calamidade.
Reparem que no passado se produziram imensas frases célebres. Desde o “Do alto destas pirâmides 40 séculos vos contemplam”, dita no séc. XVIII, até ao “Nunca tantos deveram tanto a tão poucos”, dita já no século XX.
E hoje o que dizem que nos fique como exemplo, como inspiração? É se os contribuintes pagam o prejuízo do Novo Banco? É se a Merkel era nazi até haver refugiados e depois passou a ser uma militante humanista? É se o PS anda aos ziguezagues? É o dedo espetado de Portas? É a baritonidade de Passos?
Hoje não fica nada. Infelizmente, é um nada que se espalha por toda a parte e se entranha em todos os aparelhos e se esbarronda por toda a paisagem.
É triste, mas é assim.
COMENDADOR MARQUES DE CORREIA
06.09.2015 8h00
Expresso
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