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A propósito do medo
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A propósito do medo
Quando o medo é real, a crise é real. Se medo é psicológico, a crise não é real. Ora, neste momento, o medo existe na sociedade. É um medo real porque achamos que a crise é real. Então, como resolver a crise, de modo a que as pessoas não voltem a sentir medo? Fácil, basta deixar de ter medo, basta passar o medo para o lado psicológico e, deste modo, a crise deixa de ser real.
Para atingir isso, é preciso fazer algo arrojado e corajoso: não ter medo de votar num partido diferente no próximo dia 4 de Outubro. Há dias, quando souberam que sou candidato a deputado pelo MPT, pediram-me que os convencesse a votar no meu partido. Respondi que não quero convencer ninguém. Quero, quando muito, informar e fornecer a possibilidade de haver pessoas que possam fazer diferente na Assembleia da República e isso já seria uma boa razão. Diferente? Mas diferente como? O PS não é diferente do PSD e CDS? O PCP e BE não fariam eles também diferente? Esclareci que lá por terem políticas diferentes, tal não significa que isso tenha depois resultados diferentes.
Fazer diferente é, por exemplo, negociar a dívida como quem negoceia um empréstimo e não como quem pede esmola. Defender a permanência de Portugal no euro deve ser feito com a visão de quem está lá como membro de pleno direito e não com a vergonha de um membro da família que, coitado, está sem emprego, teve problemas de vícios no passado, é preguiçoso e precisa de ser castigado com a austeridade. Conseguir contrariar essa ideia em Bruxelas, já é fazer diferente.
O futuro da Segurança Social, por exemplo, deve ser sustentado com base no bom exemplo do Estado e não com o combate contra o cidadão que é tratado como um criminoso. É no momento em que uma pessoa está de rastos que mais precisa de ajuda para se levantar e não para se afundar. Depois, vem a gestão racional do Estado. E fazer diferente não é só apregoar cortes racionais. Pass também por explicá-los. É também saber gastar diferente. Sabem, por exemplo, quanto é que o Orçamento do Estado previu nos últimos quatro anos para o ministério da Cultura?
É fácil adivinhar o número, mesmo sem consultar documentos oficiais. Como não há ministério da Cultura, logo o Governo PSD/CDS gastou zero nesse ministério. Isso não significa que não gastaram na Cultura. A Joana Vasconcelos, por exemplo, está aí para o provar. Mas, quando a Cultura de Portugal está reduzido a um secretário de Estado e, por outro lado, a Defesa tem um ministério, algo está mal.
Nesta época, quando a guerra é cultural e religiosa, quando o medo da instabilidade política e social é psicológico, só há uma forma de combater as ameaças que chegam de fora: com cultura. E a cultura portuguesa é uma arma massiva de alcance universal. Costumo repetir aos estrangeiros que nós, os portugueses, com as Descobertas, demos novos mundos ao mundo.
A língua portuguesa é a língua de Camões, o autor de “Os Lusíadas”. E agora que o mundo conhece o tamanho do mundo, é a hora do poeta Fernando Pessoa, aquele que defendia o Quinto Império. O homem já descobriu o mundo, agora o homem deve descobrir-se a si mesmo no mundo. Todo o ser humano deve respeitar o outro, independentemente da sua religião, raça, origem. O respeito humano, a busca permanente da felicidade, o direito a ver o seu filho a crescer feliz, isso é fazer diferente. É isso que quero fazer na Assembleia da República. E sem medo.
Buscar a felicidade é uma arma cultural que os só os portugueses têm ao seu alcance devido à sua posição geoestratégica entre os EUA e a Europa, beneficiando do domínio do Atlântico e da influência árabe do Mediterrâneo. Beneficiando de um Portugal que já foi ao Japão. É preciso voltar a gostar de Portugal. É preciso cultura para pensar o futuro de Portugal e vencer o medo. Só a cultura pode devolver a felicidade de amar Portugal, derrotar o medo e vencer a crise.
Frederico Duarte Carvalho
Jornalista e escritor
OJE.pt
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