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Catalunha independente
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Catalunha independente
A independência da Catalunha tem cabimento na UE. Um conflito não moderado terá efeitos negativos na economia espanhola e europeia. Está também em causa o projecto europeu.
Barcelona, 11 de Setembro de 2015. Comemorou-se mais uma Diada - Dia Nacional da Catalunha. A grande Avenida Meridiana encheu-se de pessoas de todas as idades sob o lema Via Livre para a República Catalã.
Segundo os diferentes cálculos entre 1,5 a dois milhões de pessoas marcaram presença. Fui testemunha. Foi mais uma extraordinária manifestação no seguimento das que se têm realizado nos últimos anos e prova de força cívica do movimento pela independência. Este ano a Diada marcou o início da campanha eleitoral para umas eleições autonómicas antecipadas (agendadas para 27 de Setembro) que estão a ser encaradas como um referendo à independência. Diversos partidos políticos e organizações defensoras do "Sim" à independência constituíram uma candidatura unitária o "Junts pel Sí". Prometem avançar unilateralmente com o processo de independência caso ganhem e haja maioria absoluta de deputados favoráveis a ela no próximo Parlamento da Catalunha.
Algo mudou nos últimos anos. Claro que há razões históricas latentes, o facto de a nação catalã ter sido historicamente oprimida pelo Estado e nacionalismo espanhol. No entanto a questão do Estatuto de Autonomia que foi dilacerado pelo Tribunal Constitucional depois de votado pelos catalães e o crónico défice fiscal da Catalunha (contribuições ao Estado versus investimentos do Estado) contribuíram nos últimos anos para que muitos catalães passassem a apoiar a ideia de um Estado próprio. A postura negacionista e hostil do governo liderado por Mariano Rajoy e as narrativas produzidas nos órgãos de comunicação social espanhóis também contribuem para a crescente vontade independentista. Contrariamente à ideia que atribui ao presidente do governo catalão Artur Mas a responsabilidade pela crise criada, há um movimento cidadão de base que está a empurrar os líderes políticos catalães no sentido da independência. Importa também aqui referir que devia haver um tratamento mais profundo e equilibrado deste tema por parte da comunicação social de outros países.
Esta questão é relevante do ponto de vista político e económico para a União Europeia. Uma independência não negociada ou um conflito não moderado terá efeitos negativos na economia espanhola e europeia. Está aqui em causa também o próprio projecto europeu. Poderemos aceitar a repressão judicial e até militar de um movimento pacífico e democrático? Poderemos ter uma Europa mais receptiva às aspirações dos cidadãos? Tanto numa óptica daqueles que defendem o federalismo europeu como na óptica dos que defendem uma Europa dos Estados-nação a independência da Catalunha teria cabimento. A ideia de que os Estados europeus são intocáveis assemelha-se um pouco à ideia do "Fim da História". A história continua e este tipo de processos podem ser conduzidos de forma democrática, pacífica e negociada.
00:05 h
Pedro Miguel Cardoso
Económico
Barcelona, 11 de Setembro de 2015. Comemorou-se mais uma Diada - Dia Nacional da Catalunha. A grande Avenida Meridiana encheu-se de pessoas de todas as idades sob o lema Via Livre para a República Catalã.
Segundo os diferentes cálculos entre 1,5 a dois milhões de pessoas marcaram presença. Fui testemunha. Foi mais uma extraordinária manifestação no seguimento das que se têm realizado nos últimos anos e prova de força cívica do movimento pela independência. Este ano a Diada marcou o início da campanha eleitoral para umas eleições autonómicas antecipadas (agendadas para 27 de Setembro) que estão a ser encaradas como um referendo à independência. Diversos partidos políticos e organizações defensoras do "Sim" à independência constituíram uma candidatura unitária o "Junts pel Sí". Prometem avançar unilateralmente com o processo de independência caso ganhem e haja maioria absoluta de deputados favoráveis a ela no próximo Parlamento da Catalunha.
Algo mudou nos últimos anos. Claro que há razões históricas latentes, o facto de a nação catalã ter sido historicamente oprimida pelo Estado e nacionalismo espanhol. No entanto a questão do Estatuto de Autonomia que foi dilacerado pelo Tribunal Constitucional depois de votado pelos catalães e o crónico défice fiscal da Catalunha (contribuições ao Estado versus investimentos do Estado) contribuíram nos últimos anos para que muitos catalães passassem a apoiar a ideia de um Estado próprio. A postura negacionista e hostil do governo liderado por Mariano Rajoy e as narrativas produzidas nos órgãos de comunicação social espanhóis também contribuem para a crescente vontade independentista. Contrariamente à ideia que atribui ao presidente do governo catalão Artur Mas a responsabilidade pela crise criada, há um movimento cidadão de base que está a empurrar os líderes políticos catalães no sentido da independência. Importa também aqui referir que devia haver um tratamento mais profundo e equilibrado deste tema por parte da comunicação social de outros países.
Esta questão é relevante do ponto de vista político e económico para a União Europeia. Uma independência não negociada ou um conflito não moderado terá efeitos negativos na economia espanhola e europeia. Está aqui em causa também o próprio projecto europeu. Poderemos aceitar a repressão judicial e até militar de um movimento pacífico e democrático? Poderemos ter uma Europa mais receptiva às aspirações dos cidadãos? Tanto numa óptica daqueles que defendem o federalismo europeu como na óptica dos que defendem uma Europa dos Estados-nação a independência da Catalunha teria cabimento. A ideia de que os Estados europeus são intocáveis assemelha-se um pouco à ideia do "Fim da História". A história continua e este tipo de processos podem ser conduzidos de forma democrática, pacífica e negociada.
00:05 h
Pedro Miguel Cardoso
Económico
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