Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 285 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 285 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
A carta, o banco, a política
Página 1 de 1
A carta, o banco, a política
Anda por aí uma carta manhosa. Verdadeira, mas manhosa. Afinal quem chamou a troika? Sabem a verdade. Foi José Sócrates. Contrariado, mas foi. Contrariado porque sabia que o acto representava o colapso de uma ideia de autosuficiência, a derrota nas eleições, o fim áspero de um ciclo de poder. Deve-se, por isso, perceber a manha que aí anda.
Não sei se a carta está no alinhamento do debate de hoje, mas, se lá parar, não deixa de ser um argumento político. Do passado, mas válido para um confronto em que o que aconteceu tem indiscutível relevância. Com ou sem carta, espera-se que o formato não seja servido em gavetas com marcador: os plafonamentos, a política fiscal, a educação, o pão, a habitação. E a saúde, claro. Seria bom que eles, Pedro Passos Coelho e António Costa, nos dissessem, tim tim por tim tim, que obrigações o Estado deve assumir e quanto custam os respectivos modelos. Esse, sim, seria um debate a que sobrava política.
Seja como for, é bom que se discuta política. E o processo BES também é um caso político. Sempre foi. E deverá estar no debate de hoje. Só o tempo dirá se foi o "maior fracasso" de uma governação militante na separação entre problema privado e problema público. Acontece que o banco existia como uma espécie de parceria público-privada de alcance sistémico. Ou seja, era uma questão financeira, económica, política. E, em consequência, social.
Foi esse pormenor que não foi devidamente acautelado pelo poder executivo. Desde o início do processo. Quando nos quiseram convencer de que o experimentalismo do modelo de resolução vinha sem pingo de dedo político. Não é assim, não poderia ter sido assim, se assim fosse não teria sido como foi.
No princípio conjugava-se o verbo vender. De pressa e bem, para não se repetir erros do passado (ai o BPN, o PSD, o cavaquismo, o papão das nacionalizações, o buraco). Na água do banho foi Vítor Bento (não se sabe verdadeiramente por quê, mas aparentemente porque queria mais tempo) e foi-se construindo uma narrativa oposta ao mau exemplo. O banco vender-se-ia no prazo de um ano, sem custo para os contribuintes. Como deve ser, numa afirmada separação entre o gestor da resolução e o gestor político. Deu no que deu.
O caso é político. Sempre foi, disfarçadamente. E essa é uma razão para o fracasso do processo de venda do Novo Banco. A operação foi entendida como uma mera transacção. Difícil, pelas especificidades do produto, mas um negócio. Esqueceu-se a litigância, os lesados, os players do mercado (advogados), a conta que fica por pagar quando falta dinheiro. Acreditou-se, em demasia, na gula asiática. Há um novo prazo, o fim de 2016. Vamos ver no que dá.
Nem tudo correu mal no processo BES. Eduardo Stock da Cunha e a sua equipa de gestão afirmaram serenamente um caminho. O futuro também depende deles.
00:06 h
Raul Vaz
Económico
Não sei se a carta está no alinhamento do debate de hoje, mas, se lá parar, não deixa de ser um argumento político. Do passado, mas válido para um confronto em que o que aconteceu tem indiscutível relevância. Com ou sem carta, espera-se que o formato não seja servido em gavetas com marcador: os plafonamentos, a política fiscal, a educação, o pão, a habitação. E a saúde, claro. Seria bom que eles, Pedro Passos Coelho e António Costa, nos dissessem, tim tim por tim tim, que obrigações o Estado deve assumir e quanto custam os respectivos modelos. Esse, sim, seria um debate a que sobrava política.
Seja como for, é bom que se discuta política. E o processo BES também é um caso político. Sempre foi. E deverá estar no debate de hoje. Só o tempo dirá se foi o "maior fracasso" de uma governação militante na separação entre problema privado e problema público. Acontece que o banco existia como uma espécie de parceria público-privada de alcance sistémico. Ou seja, era uma questão financeira, económica, política. E, em consequência, social.
Foi esse pormenor que não foi devidamente acautelado pelo poder executivo. Desde o início do processo. Quando nos quiseram convencer de que o experimentalismo do modelo de resolução vinha sem pingo de dedo político. Não é assim, não poderia ter sido assim, se assim fosse não teria sido como foi.
No princípio conjugava-se o verbo vender. De pressa e bem, para não se repetir erros do passado (ai o BPN, o PSD, o cavaquismo, o papão das nacionalizações, o buraco). Na água do banho foi Vítor Bento (não se sabe verdadeiramente por quê, mas aparentemente porque queria mais tempo) e foi-se construindo uma narrativa oposta ao mau exemplo. O banco vender-se-ia no prazo de um ano, sem custo para os contribuintes. Como deve ser, numa afirmada separação entre o gestor da resolução e o gestor político. Deu no que deu.
O caso é político. Sempre foi, disfarçadamente. E essa é uma razão para o fracasso do processo de venda do Novo Banco. A operação foi entendida como uma mera transacção. Difícil, pelas especificidades do produto, mas um negócio. Esqueceu-se a litigância, os lesados, os players do mercado (advogados), a conta que fica por pagar quando falta dinheiro. Acreditou-se, em demasia, na gula asiática. Há um novo prazo, o fim de 2016. Vamos ver no que dá.
Nem tudo correu mal no processo BES. Eduardo Stock da Cunha e a sua equipa de gestão afirmaram serenamente um caminho. O futuro também depende deles.
00:06 h
Raul Vaz
Económico
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin