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Sete negócios que surgiram à boleia do ‘boom’ do turismo
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Sete negócios que surgiram à boleia do ‘boom’ do turismo
O crescimento do sector do turismo levou ao aparecimento de novos negócios.
Não é necessário recorrer às estatísticas para perceber que Portugal está na moda.
Pelo menos, ao nível do turismo. Das capas de prestigiadas revistas internacionais ao número crescente de companhias aéreas a voar (e a querer voar) para território nacional, o mundo parece ter descoberto Portugal nos últimos anos. E com uma autentica explosão de turistas - o número de dormidas de visitantes estrangeiros aumentou 36% entre 2010 e 2014, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísca (INE) - vieram receitas crescentes.
Com milhões de pessoas dispostas a consumir (ver página 25), a reacção está à vista: proliferaram novos negócios. Entre ‘hostels' e lojas de artigos portugueses ‘vintage', a passeios a pé com guia personalizado, de bicicleta eléctrica, num bar sob rodas ou em autocarros que navegam em água, parece que tudo vale para entreter quem chega e fazer disso negócio. Uns com investimento de milhões, outros de algumas centenas.
Cerca de 1,5 milhões de euros foi quanto Alexandre Pires e os seus irmãos investiram numa primeira ‘guest house' em Sintra, destino turístico de excelência. O projecto está a correr bem e o empresário espera ter um retorno dentro de 12/13 anos. No mês passado, abriu um segundo espaço no Estoril. No total, Alexandre Pires emprega 20 pessoas.
Da crise nasceu a Medrosa d' Alfama, em 2014. O desemprego de um amigo levou Susana Silvestre a abrir uma tasca que comercializa também produtos nacionais. A localização, num dos bairros da capital mais populares junto dos estrangeiros.
Tal como os bairros históricos, também as margens dos rios Tejo e Douro são ex-líbris das cidades de Lisboa e do Porto. E à sua volta não faltam exemplos de negócios que procuram aproveitar a curiosidade de quem os visita. É o caso dos peculiares autocarros anfíbios que despertam a curiosidade de quem passa cada vez que "mergulham" no Tejo. Em actividade desde 2013, a Hippotrip tem hoje três autocarros anfíbios após um investimento de dois milhões de euros.
A Norte, na margem do Douro, a "montra" aos turistas, sobretudo brasileiros, norte-americanos e asiáticos, faz-se também por via de artigos ‘vintage' no espaço Armazém. Ou por via de ‘tours' gastronómicos a pé.
Histórias não faltam de negócios, uns mais pequenos que outros, que proliferam ao ritmo do crescente reconhecimento internacional de Portugal.
Conheça alguns exemplos da nova oferta que o País tem a quem o visita.
Estoril vê nascer ‘guesthouse' com glamour
O Estoril tem desde Agosto uma nova ‘guesthouse'. Somewhere, o novo espaço de Alexandre Pires e dos irmãos surgiu-lhes quase por acaso. Os irmãos têm um ‘hostel' em Sintra e um amigo dos pais, sabendo disso e porque tinha uma casa abandonada no Estoril, propôs-lhes sociedade. Eles exploravam o espaço e ele entrava com a casa. Primeiro torceram o nariz, mas depois entusiasmaram-se e criaram um espaço com ‘glamour' ao estilo "estorilense". Alexandre, que vem do mundo financeiro e de uma grande multinacional diz que "os dois negócios são um projecto de vida". Em Sintra investiram 1,5 milhões de euros a comprar e recuperar o edifício e o "prazo que estipulamos para rever o investimento foi entre 12/13 anos".
Empregam 20 pessoas (12 em Sintra e oito no Estoril) e quanto ao futuro diz "tudo depende das oportunidades".
Conhecer Lisboa a pedalar e a beber um copo
A Bike Bar Tours é um novo conceito de bicicleta com bar "a bordo". Um dos mentores da ideia, Duarte Bação ( o outro é Duarte Gonçalves) diz que "a ideia passa por fazer tours ecológicos e é uma forma diferente de conhecer um pouco a nossa cultura e sobretudo é uma forma mais ecológica". Duarte Bação, licenciado em gestão hoteleira, diz que a inspiração para o negócio surgiu através de viagens (a Madrid e Amsterdão). Depois foi investir 25 mil euros e começar a operar com um veículo. Estávamos em Maio de 2014. Com uma média de 60 grupos por mês, Duarte diz que o mínimo para operarem são grupos de 7 a 8 pessoas. "É um passei agradável para fazer com os amigos, porque estamos na zona ribeirinha, dá para tirar umas fotos e as bebidas são oferta nossa".
As bebidas passam pela cerveja, vinho a copo, sangria, pepsi e ‘ice tea'. Nos vinhos, Duarte diz que "fizemos parcerias com pequenos produtores e é uma forma de darmos a conhecer o nosso vinho". O preço é de 17 euros, uma hora e há ainda a possibilidade de "contratarem" o passeio com tapas por mais cinco euros. Os clientes são na grande maioria turistas. Duarte Bação não descarta a possibilidade de adquirirem outro veículo.
Um passeio gastronómico pelo Porto
A Taste Porto Food Tours tem como objectivo dar a conhecer a cidade do Porto pelos olhos de um portuense aos turistas que a visitam, sobretudo na vertente gastronómica. O negócio, que não requer investimento inicial, é simples, Através do site da empresa onde são efectuadas, exclusivamente as marcações, André organiza os grupos que ele próprio há-de num percurso de 3,5 horas e de 3,5 quilómetros dar a conhecer um pouco da cultura, história, arquitectura e sobretudo da gastronomia portuguesa. O périplo envolve a paragem em seis locais para os turistas, maioritariamente americanos e australianos, degustarem especialidades como pastéis de chaves, vinho verde branco, chouriço assado, conservas de sardinha, éclaires da leitaria do paço, por exemplo. André diz que "temos cerca de dois grupos por dia, e agora porque contratámos duas guias, vamos passar a ter três grupos à terça e sexta. As visitas guiadas são em inglês e tem um custo de 65 euros por pessoa. Os grupos variam entre uma pessoa até um máximo de dez.
Do ‘vintage' à joalharia no Douro
A loja chama-se Armazém e reúne cinco espaços num antigo edifício com 1500 metros quadrados que já pertenceu à Real Companhia Velha, em Miragaia, na margem do rio Douro. Um dos principais locais turísticos do Porto. O empresário e relações públicas Batata Cerqueira Gomes e a mulher Raquel são os actuais dinamizadores do Armazém, onde têm à venda artigos ‘vintage' e de decoração, que casam com o ambiente do local (tectos altos, arcos e paredes em granito, madeiras antigas).
Entre as várias peças ‘vintage', Batata Cerqueira Gomes comercializa diferentes variedades de uma das suas peças de eleição e de coleccionismo: o ‘shaker'.
O empresário garante que "os turistas ficam maravilhados" com o espaço e são responsáveis por 80% do negócio das lojas. Asiáticos, brasileiros e norte-americanos são os turistas que mais facilmente puxam do cartão Visa.
A R&B (iniciais do casal) conviu para o espaço a Bairro Alto (loja de lembranças), a Mexxca (roupa e acessórios), a Sete Saias (artigos portugueses) e a ‘design' de jóias Sofia Ferreira. Batata Cerqueira Gomes realça que o espaço é ainda animado com exposições de fotografia e pintura, jantares temáticos, entre outros eventos. Na próxima semana, a Imporchama - empresa de soluções climáticas inovadoras - chega também ao Armazém.
Nesta zona ribeirinha estão também a nascer duas ‘guesthouses' e em breve abrirá mais um restaurante.
Medrosa d'Alfama: uma tasca que lucra com os turistas
A Medrosa d' Alfama, uma tasca que é um mix de bar e loja de produtos nacionais cuja clientela são quase exclusivamente turistas, nasceu no bairro que lhe dá nome em 2014. Susana Silvestre, a dona do espaço, diz que "eu e os meus dois amigos (Nuno e Raquel), que são os funcionários da tasca, fomos sempre utilizadores deste tipo de espaço, e quando um deles ficou desempregado pensamos em criar algo nosso". Mais tarde, foi a vez do segundo ficar também desempregado.
Estava dado o mote final para que o projecto arrancasse. Procuraram vários sítios até que se depararam com uma padaria que estava abandonada.
O mais difícil, confessa Susana "foi convencer o dono do espaço a alugá-lo". Depois disso, Susana fez um empréstimo a título pessoal e surgiou a Medrosa d'Alfama. Hoje o investimento está pago e a Medrosa d'Alfama facturou 70 mil euros no seu primeiro ano de actividade. Como estavam desempregados, Nuno e Raquel concorreram a um sistema de incentivo do IEFP e são eles que gerem a tasca a tempo inteiro. Susana dá uma ajuda aos fins de semana, altura em que são mais procurados.
Autocarros que "mergulham" no Tejo
A Hippotrip- Turismo Anfíbio é uma empresa de animação turística que proporciona aos seus clientes a oportunidade de explorarem as principais atracções da cidade de Lisboa, por terra e também a partir do estuário do Tejo, através dos seus veículos anfíbios. A ideia surgiu em 2005, quando o sócio Frank Alvarez efectou o seu MBA em Harvard, mas só iria para o terreno em 2013. Hoje a empresa tem três autocarros anfíbios tendo investido dois milhões de euros. Mas acredita que o mercado em Lisboa tem capacidade para suportar um quarto anfíbio. Apesar de não adiantar o valor da facturação, a Hippotrip efectou no primeiro ano de funcionamento 1500 viagens com mais de 29 mil passageiros tendo criado 13 postos de trabalho e quando chegar aos quatro anfíbios prevê empregar entre 25 a 30 pessoas. A duração do passeio é de cerca de 90 minutos, 25 dos quais passados na água e o preço do bilhete é de 25 euros por adulto e de 15 euros por criança. A Hippotrip está também a desenvolver parcerias com o Porto de Lisboa e o Zoo para potenciar os clientes.
Conhecer Sintra de bicicleta eléctrica
Francisco Guimarães começou a alugar bicicletas eléctricas em Sintra, através da Bicintra. A ideia surgiu depois da irmã e do cunhado se terem iniciado no negócio do aluguer de apartamentos turísticos. Francisco pensou que se devia oferecer aos turistas um serviço diferente. Daí até às bicicletas eléctricas com um design mais retro/vintage de modo a diferenciar-se da restante oferta e mais enquadrada com a Sintra Romântica, foi um passo. O empreendedor diz mesmo que "esta é mesmo a melhor forma para conhecer os palácios, os jardins, as praias e todos os lugares incríveis que Sintra tem".
Francisco investiu 12 mil euros em 10 bicicletas eléctricas e hoje factura 2500 euros mensais. Francisco, cuja área de formação é o ‘design' diz que anda "a pensar em expandir o negócio eventualmente para Lisboa para a zona de Belém, mas sempre nesta onda mais ecológica". Os ‘tuk-tuk', acrescenta, estão fora de questão.
O aluguer das bicicletas varia entre os dez euros (duas horas) e os 25 dias ao dia. Depois há ainda algumas variações coma opção de pacote com menu para um piquenique. Tal como em todos os negócios de turismo, Francisco adianta que "há épocas altas e baixas". O mês de Agosto "é o melhor e é quando esgotamos praticamente a nossa capacidade". A par da procura habitual, a Bicintra efectuou também algumas parcerias com unidades hoteleiras da região a fim de potenciar o negócio.
08:06 h
Elisabete Felismino e Patrícia Silva Dias
Económico
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