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O acordo PS - BE, manifesto dos empresários, as alternativas do PS

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Mensagem por Admin Sex Nov 06, 2015 12:09 pm

O acordo PS - BE, manifesto dos empresários, as alternativas do PS 498948

O BE e o PS concluíram com êxito as negociações. Desconhecemos ainda os resultados do acordo, mas há acordo. É o primeiro compromisso entre partidos de esquerda com representação parlamentar desde 1975.

1975 invoca automaticamente o PCP e um país que esteva à beira da guerra civil. Hoje, em tempos muito mais pacíficos, o acordo PS – PCP será necessário para existir uma maioria de esquerda no parlamento. Acredito que os comunistas vão assinar, por não quererem ficar com o ónus de impedir esse governo de esquerda. O acordo PS – BE retirou-lhes margem de manobra.

Ainda ontem o governo preparava-se para enviar ao parlamento um documento com cortes de despesa de 0,9% do PIB. Essas propostas serão seguramente chumbadas. Para o PS, o principal problema estará em conciliar as exigências dos seus parceiros de coligação com o rigor orçamental. É um desafio difícil.

Manifesto dos empresários

Foi feito um manifesto de cerca de 100 empresários que estão contra a iniciativa de António Costa de formar um governo de esquerda, manifesto esse que vai ser entregue em mãos (nada como ter bons contactos…) ao Presidente da República. Os promotores do manifesto dizem que só a possibilidade de Portugal ter um governo PS apoiado pelo PCP e pelo BE já está a ter consequências negativas, com empresas a diminuírem os investimentos e contratações previstas. Devem ter perdido o amor aos lucros esperados que esses investimentos, se bem-sucedidos, iriam trazer.

Citando Peter Villax, promotor do manifesto: ”Vivi intensamente 1974 e 1975 e nestes 40 anos não ouvi uma declaração de contrição ou arrependimento do PCP pela quase destruição do país.”

Que isto fique bem claro: em 1974 e 1975 a minha família não esteve do lado do PCP ou de outros partidos parecidos, e desde aí nos temos mantido. Mas, caramba, já passaram 40 anos. Sem querer culpar ninguém, lembrei-me da citação de Talleyrand sobre o regresso dos Bourbons a França após a 1ª queda de Napoleão, em 1814: “Não aprenderam nada, e não esqueceram nada” (eu achava que a citação tinha uma terceira negativa, “e não perdoaram nada”, mas a internet só cita as duas primeiras).

Passaram 40 anos, talvez já seja tempo de ambas as partes esquecerem, perdoarem, e partirem para uma nova fase.


As duas alternativas do PS

Ou o PS chega a acordo com o PCP e o BE para governar, ou não chega. Neste segundo cenário, António Costa já disse que deixará passar o governo PSD/CDS. Mas este governo ficará sempre dependente do PS para passar medidas importantes, como o orçamento. Mesmo estando na oposição, o PS terá uma palavra importante a dizer sobre o governo do país.

E no caso de uma coligação à esquerda, o PS ficará dependente do PCP e do BE? Sim, mas menos, porque terá acordos escritos que balizarão a governação.

Já passou mais de um mês sobre as eleições, e o processo político arrasta-se mais devagar do que uma telenovela mexicana. Quanto aos juros da dívida pública a 10 anos, continuam relativamente estáveis: 2,62% hoje. Estão a subir, mas ainda longe de causarem preocupações. Entretanto, o governo quer passar medidas que não agravem o défice orçamental de 2016 em 1.500 milhões de euros (0,9% do PIB), mas que têm de serem votadas pelo parlamento. Espera-se bom senso por parte do PS. Quanto às negociações, o PCP parece ter uma posição mais intransigente que o BE.

Simpatizo com António Costa, que acho que será o melhor primeiro-ministro que a esquerda pode eleger. Mas, para chegar lá, talvez ainda tenha de esperar mais alguns anos, e isto se as melhorias na economia não lhe forem tirando votos. As oposições nunca ganham eleições, o que acontece por vezes é os governos perderem eleições. As pessoas terem dinheiro no bolso ajuda a popularidade de qualquer governo.

 Eduardo Ferreira, | 06/11/2015 09:53
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