Estamos feitos num 8

Muitas vezes perdidos neste bocado de terra despejado em pleno atlântico tivemos que procurar a saída para que não caíssemos no esquecimento.

Tínhamos um aeroporto à escala regional, mas se ambicionávamos receber mais gente e dinamizar o turismo, então só havia uma coisa a fazer… Esticá-lo! Se bem o imaginaram, melhor o executaram e passámos a estar aptos a ver aterragens de aviões de maior porte e com maior regularidade, beneficiando também os residentes que assim podiam sair cá do burgo com mais segurança e assiduidade.

Faltava então dotar a ilha de um cais com maior capacidade para as portas ficarem escancaradas e só não chegar cá quem “não quisesse”. Com os inertes do 20 de Fevereiro a terem que ser depositados nalgum lado, logo se deu início à construção do cais 8. Entretanto gastaram-se 18M€ e a obra ficou pronta. Não se sabe é para quê, uma vez que já não foi apenas um navio de cruzeiro que se recusou a ficar num cais que apresenta apenas como segunda valência a acostagem de navios já que a primeira função é proteger toda a área ajardinada (nada a haver com o Dr Jardim) da frente de protecção do depósito de inertes como disse a presidente da APRAM que inclusive reconheceu que estes problemas já eram de esperar.  Ora bolas… Com o passar do tempo, os erros não deixaram de ser cometidos! Passaram apenas de negados a reconhecidos… Assim como assim o castigo é o mesmo!

Mas se de passageiros já estamos conversados, a carga agora é o tema. Temos vindo a ouvir desde o início de Maio que a operação do avião cargueiro está para breve!

E tanto quanto se sabe já “borregou” para aí uma mão cheia de vezes. No mês 5 não começou e logo se apontou com alguma margem de segurança o arranque para «dentro de um mês». O melhor que se conseguiu foi uma assinatura do contrato a 2 de Julho quando o ruído já se fazia sentir com tanto atraso. Prometeu-se então aí que dia 1 de Agosto é que era o dia tão esperado. Depois passou para o primeiro dia de Setembro. «Nos próximos 20 dias» também já se ouviu… Hoje são 17 de Novembro e ainda nada! Justificações, essas, são para todos os gostos. A título de exemplo: «A tripulação está em formação», «falta um bote salva-vidas» ou «era impossível montar a operação em menos de 6 meses». Até li que «há sempre meia dúzia que diz mal». Não, isso é mentira. Há muitos mais… Então se lhes forem dados motivos… É que a malta já não “carga” nisso! Agora quer mesmo saber!

E já que estamos numa de informação, importa aferir também se o investimento de 1 M€ de que se fala foi realmente feito exclusivamente pela FlyMii. Se, para a operação em causa, não há incentivos previstos por parte do Governo Regional ou alguma entidade pública e se não está ao abrigo de apoios europeus. Porque pelo menos, mesmo sem ter ainda voado, “sugerido” já foi.

Pedro Nunes, Médico-Dentista
Diário de Notícias da Madeira 
Terça, 17 de Novembro de 2015