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Saber dizer "não"!
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Saber dizer "não"!
Jens Weidmann (n. 1968), o presidente do Bundesbank, o poderoso banco central alemão, irá proferir hoje uma conferência em Lisboa. Por coincidência, ontem passou um ano sobre o falecimento de Karl Otto Pöhl (1929-2014), o mais marcante presidente na história do "Buba" (de 1980 a 1991), como popularmente o banco é designado.
Pöhl levou ao limite a conceção de um banco central independente. No auge do entusiasmo pela Queda do Muro de Berlim, Pöhl teve a coragem de denunciar como um "desastre" o incompetente processo da união monetária entre a RFA e a RDA (julho de 1990), que precedeu a reunificação política (3 de outubro de 1990). Uma parte dos mais de dois biliões de euros gastos até hoje na reunificação alemã poderia ter sido poupada se os conselhos de Pöhl tivessem sido aplicados. Depois, quando os arquitetos de Bona e Paris desenhavam a zona euro (ZE), Pöhl alertou no Parlamento Europeu para os riscos de meter no mesmo barco economias europeias tão assimétricas, sem a existência de uma união política e orçamental prévia. Marginalizado por Kohl, Pöhl resignaria ao cargo em maio de 1991. Nas suas raras intervenções posteriores, ressalta a entrevista à Der Spiegel (18 de maio de 2010), em que advoga a necessidade de um haircut para a dívida grega, afirmando que o resgate só seria útil para os bancos franceses e alemães.
Weidmann, conhecido no BCE como o "Senhor Não" - devido ao seu ataque sistemático a todas as medidas de Mario Draghi (das OMT à atual política de estímulos) -, segue o estilo, mas não a substância da visão de Pöhl. As negativas de Pöhl, se respeitadas, teriam salvado a ZE do pântano onde mergulhou. Ao contrário, se Merkel tivesse seguido a voz de Weid-mann, a ZE e a UE já estariam em estilhaços. O poder transmite-se com o lugar. A grandeza, pelo contrário, é um carisma teimosamente pessoal.
10 DE DEZEMBRO DE 2015
00:03
Viriato Soromenho Marques
Diário de Notícias
Pöhl levou ao limite a conceção de um banco central independente. No auge do entusiasmo pela Queda do Muro de Berlim, Pöhl teve a coragem de denunciar como um "desastre" o incompetente processo da união monetária entre a RFA e a RDA (julho de 1990), que precedeu a reunificação política (3 de outubro de 1990). Uma parte dos mais de dois biliões de euros gastos até hoje na reunificação alemã poderia ter sido poupada se os conselhos de Pöhl tivessem sido aplicados. Depois, quando os arquitetos de Bona e Paris desenhavam a zona euro (ZE), Pöhl alertou no Parlamento Europeu para os riscos de meter no mesmo barco economias europeias tão assimétricas, sem a existência de uma união política e orçamental prévia. Marginalizado por Kohl, Pöhl resignaria ao cargo em maio de 1991. Nas suas raras intervenções posteriores, ressalta a entrevista à Der Spiegel (18 de maio de 2010), em que advoga a necessidade de um haircut para a dívida grega, afirmando que o resgate só seria útil para os bancos franceses e alemães.
Weidmann, conhecido no BCE como o "Senhor Não" - devido ao seu ataque sistemático a todas as medidas de Mario Draghi (das OMT à atual política de estímulos) -, segue o estilo, mas não a substância da visão de Pöhl. As negativas de Pöhl, se respeitadas, teriam salvado a ZE do pântano onde mergulhou. Ao contrário, se Merkel tivesse seguido a voz de Weid-mann, a ZE e a UE já estariam em estilhaços. O poder transmite-se com o lugar. A grandeza, pelo contrário, é um carisma teimosamente pessoal.
10 DE DEZEMBRO DE 2015
00:03
Viriato Soromenho Marques
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