Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 406 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 406 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Crónica de maldizer – Que viva o badalo e não morram as danças!
Página 1 de 1
Crónica de maldizer – Que viva o badalo e não morram as danças!
Dos inesperados acontecimentos que varreram Portugal de lés a lés nos últimos dois meses, não foi, contra o que se poderá pensar, não foi o doce conúbio do PS com os partidos da chamada esquerda, que muitos dizem que não tarda que dê divórcio, não foi tal conúbio que mais me espantou. O que me deixou siderado foi a consagração dos chocalhos como património mundial.
Os chocalhos! Que maravilha! Quem se lembraria disso! Os chocalhos!
Mas não me espantei por discordar da Unesco ou por me desagradar o som dos chocalhos, que – há que reconhecê-lo – são instrumentos espantosos, com que se compõem músicas extraordinárias. Também não foi por não concordar com tão alta homenagem aos chocalhos, nem foi, para rematar, por falta de patriotismo.
E até gosto mais de ouvir a carneirada com chocalhos do que os carneiros sem eles.
A minha surpresa foi tão só porque entendo que se deveria ter começado pelo badalo. Porque o badalo, com chocalho ou sem chocalho, o badalo, esse, é que não pode deixar de ser considerado património da humanidade. Material e imaterial. Com ou sem chocalho, porque o badalo tira músicas mais interessantes, muito mais interessantes e comoventes sem chocalhos do que as que resultam dos chocalhos. E chocalhos sem badalos enferrujam sem tocar. Sem badalos não haveria tradições – porque as tradições não são senão as transmissões dos pais para os filhos. O badalo está na origem do mundo e no centro do mundo e aconteceria o fim do mundo quando não houvesse badalos.
Vivam portanto os badalos. Os badalos à consagração. Depressa. Já. Pois que vivam os chocalhos, mas não ignoremos os badalos – a que devemos prestar honras primeiras.
E, sendo certo que Portugal tem enriquecido exponencialmente com o reconhecimento da nossa riqueza patrimonial (imaterial, claro) e que, felizmente, está já consagrado que demos ao mundo valores extraordinários, raros, únicos e monumentais como o fado, o cante alentejano e os chocalhos ou a chocalheira, que muito justamente foram considerados para todo o sempre património da humanidade, para engrandecimento da dita, não se nos perdoará que não demos à humanidade o badalo. O badalo e outro impressionante componente do nosso património: as danças populares.
E para as danças populares portuguesas há entre nós excelentes executantes e mordomos.
Para o malhão todos proporão logo, una voce, o renovado, inteligente e polivalente ministro Santos Silva, ponderando que no tempo de Sócrates proclamou que do que gostava era de malhar na direita, mas mais gostava ainda de malhar nos do PCP e nos do Bloco de Esquerda, seus sócios agora. O tempora! O mores!
No que toca a mandador para o vira não haverá hesitações: ninguém ousará adiantar-se ao primeiro ministro António Costa, porque ninguém se esqueceu nem jamais ignorará a pinta com que ele virou uma derrota flagrante para vitória desconcertante e deslumbrante.
Para os corridinhos terão que ser Passos Coelho e Paulo Portas, por razões evidentes.
O fandango terá que ser dançado por ribatejanos. Na falta de ministros serão fandangueiros Jorge Lacão e Miguel Relvas.
E fico-me por aqui, certo de que forneci interessantes sugestões. Não esgotei as danças populares, claro que não, mas deixo aos leitores o encargo de encontrarem na política quem melhor dança a chula, porque são tantos e tão eficazes os que estão sempre na chulice, vale dizer a dançar a chula, que não quero, sugerindo um, provocar os rancores dos outros todos.
Por Eurico Heitor Consciência
12 de Dezembro de 2015
O RIBATEJO
www.oribatejo.pt
Os chocalhos! Que maravilha! Quem se lembraria disso! Os chocalhos!
Mas não me espantei por discordar da Unesco ou por me desagradar o som dos chocalhos, que – há que reconhecê-lo – são instrumentos espantosos, com que se compõem músicas extraordinárias. Também não foi por não concordar com tão alta homenagem aos chocalhos, nem foi, para rematar, por falta de patriotismo.
E até gosto mais de ouvir a carneirada com chocalhos do que os carneiros sem eles.
A minha surpresa foi tão só porque entendo que se deveria ter começado pelo badalo. Porque o badalo, com chocalho ou sem chocalho, o badalo, esse, é que não pode deixar de ser considerado património da humanidade. Material e imaterial. Com ou sem chocalho, porque o badalo tira músicas mais interessantes, muito mais interessantes e comoventes sem chocalhos do que as que resultam dos chocalhos. E chocalhos sem badalos enferrujam sem tocar. Sem badalos não haveria tradições – porque as tradições não são senão as transmissões dos pais para os filhos. O badalo está na origem do mundo e no centro do mundo e aconteceria o fim do mundo quando não houvesse badalos.
Vivam portanto os badalos. Os badalos à consagração. Depressa. Já. Pois que vivam os chocalhos, mas não ignoremos os badalos – a que devemos prestar honras primeiras.
E, sendo certo que Portugal tem enriquecido exponencialmente com o reconhecimento da nossa riqueza patrimonial (imaterial, claro) e que, felizmente, está já consagrado que demos ao mundo valores extraordinários, raros, únicos e monumentais como o fado, o cante alentejano e os chocalhos ou a chocalheira, que muito justamente foram considerados para todo o sempre património da humanidade, para engrandecimento da dita, não se nos perdoará que não demos à humanidade o badalo. O badalo e outro impressionante componente do nosso património: as danças populares.
E para as danças populares portuguesas há entre nós excelentes executantes e mordomos.
Para o malhão todos proporão logo, una voce, o renovado, inteligente e polivalente ministro Santos Silva, ponderando que no tempo de Sócrates proclamou que do que gostava era de malhar na direita, mas mais gostava ainda de malhar nos do PCP e nos do Bloco de Esquerda, seus sócios agora. O tempora! O mores!
No que toca a mandador para o vira não haverá hesitações: ninguém ousará adiantar-se ao primeiro ministro António Costa, porque ninguém se esqueceu nem jamais ignorará a pinta com que ele virou uma derrota flagrante para vitória desconcertante e deslumbrante.
Para os corridinhos terão que ser Passos Coelho e Paulo Portas, por razões evidentes.
O fandango terá que ser dançado por ribatejanos. Na falta de ministros serão fandangueiros Jorge Lacão e Miguel Relvas.
E fico-me por aqui, certo de que forneci interessantes sugestões. Não esgotei as danças populares, claro que não, mas deixo aos leitores o encargo de encontrarem na política quem melhor dança a chula, porque são tantos e tão eficazes os que estão sempre na chulice, vale dizer a dançar a chula, que não quero, sugerindo um, provocar os rancores dos outros todos.
Por Eurico Heitor Consciência
12 de Dezembro de 2015
O RIBATEJO
www.oribatejo.pt
Tópicos semelhantes
» Crónica de maldizer – Como dispensar metade dos polícias
» Viva o Zé Manel da ARESP
» A forma viva esculpe o rosto do tempo
» Viva o Zé Manel da ARESP
» A forma viva esculpe o rosto do tempo
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin