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Pensar como habitualmente (ou seja, não pensar)
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Pensar como habitualmente (ou seja, não pensar)
Digamos que é tão imbecil Paulo Portas andar agora, nestes tempos de alegado frentismo de esquerda, a recordar os horrores do totalitarismo nazi ou comunista (fê-lo no fim de semana passado num congresso de "jotinhas" do CDS) como a esquerda passar a vida a recordar-lhe o seu tempo anti-europeísta, soberanista e securitário.
As coisas mudam, estamos no século XXI, os horrores são outros - o terrorismo islâmico, por exemplo. E não há ninguém no quadro parlamentar português que o apoie, embora existam diferentes diagnósticos sobre a origem do problema (e logo, diferentes terapias).
Enfiemos então outra vez, como sempre, a cabeça na areia, entusiástica e empenhadamente, continuando a pensar como se nada tivesse mudado - porque é mais fácil ou simplesmente porque sim.
Por exemplo, alguma esquerda portuguesa, ao exultar, demasiado apressadamente, com o facto de Marine Le Pen não ter conquistado nenhuma região em França, nas eleições regionais de domingo. Em número de votos, a Frente Nacional obteve o seu melhor resultado de sempre, 6,5 milhões de votos, ou seja, quase 30% dos sufrágios. Só por manigâncias do sistema eleitoral é que não conquistou nenhuma região.
Ora se quisermos pensar como habitualmente diremos que esta Frente Nacional é exatamente a mesma do que a fundada pelo pai da srª Marine Le Pen - e que esta entretanto até expulsou do partido, num drama que os franceses só não dizem shakespereano porque Shakespeare é inglês e os franceses são muito ciosos dos seus próprios heróis culturais.
Podemos esquecer que a Frente Nacional abandonou o seu anti-semitismo de origem (até porque já quase não há judeus na Europa, o sonho de Hitler está-se a cumprir). Ou podemos esquecer que tem fortes apoios noutras comunidades emigrantes residentes em França (na portuguesa, designadamente).
Podemos fingir que não lhe damos um bocadinho de razão quando defende o encerramento das mesquitas radicais - e foi isso mesmo que ela disse, "mesquitas radicais" e não apenas mesquitas tout court (ao pé de Donald Trump, Marine Le Pen é de centro-esquerda...). E podemos também ignorar o facto de na Grécia um partido de direita nacionalista muito parecido com Frente Nacional, os Gregos Independentes, estar aliado ao Syriza, aquela antiga formação de extrema-esquerda que o Bloco de Esquerda idolatrava.
Podemos esquecer tudo. Vivemos em Portugal. Parece que os terroristas nem sabem que isto existe. E se isto já existe há 900 anos apesar de ter perdido todos os comboios que lhe pararam à frente (o ouro do Brasil, a Revolução Industrial, os fundos comunitários), o que nos impede de pensar que não será sempre assim? Nada.
17 DE DEZEMBRO DE 2015
00:02
João Pedro Henriques
Diário de Notícias
As coisas mudam, estamos no século XXI, os horrores são outros - o terrorismo islâmico, por exemplo. E não há ninguém no quadro parlamentar português que o apoie, embora existam diferentes diagnósticos sobre a origem do problema (e logo, diferentes terapias).
Enfiemos então outra vez, como sempre, a cabeça na areia, entusiástica e empenhadamente, continuando a pensar como se nada tivesse mudado - porque é mais fácil ou simplesmente porque sim.
Por exemplo, alguma esquerda portuguesa, ao exultar, demasiado apressadamente, com o facto de Marine Le Pen não ter conquistado nenhuma região em França, nas eleições regionais de domingo. Em número de votos, a Frente Nacional obteve o seu melhor resultado de sempre, 6,5 milhões de votos, ou seja, quase 30% dos sufrágios. Só por manigâncias do sistema eleitoral é que não conquistou nenhuma região.
Ora se quisermos pensar como habitualmente diremos que esta Frente Nacional é exatamente a mesma do que a fundada pelo pai da srª Marine Le Pen - e que esta entretanto até expulsou do partido, num drama que os franceses só não dizem shakespereano porque Shakespeare é inglês e os franceses são muito ciosos dos seus próprios heróis culturais.
Podemos esquecer que a Frente Nacional abandonou o seu anti-semitismo de origem (até porque já quase não há judeus na Europa, o sonho de Hitler está-se a cumprir). Ou podemos esquecer que tem fortes apoios noutras comunidades emigrantes residentes em França (na portuguesa, designadamente).
Podemos fingir que não lhe damos um bocadinho de razão quando defende o encerramento das mesquitas radicais - e foi isso mesmo que ela disse, "mesquitas radicais" e não apenas mesquitas tout court (ao pé de Donald Trump, Marine Le Pen é de centro-esquerda...). E podemos também ignorar o facto de na Grécia um partido de direita nacionalista muito parecido com Frente Nacional, os Gregos Independentes, estar aliado ao Syriza, aquela antiga formação de extrema-esquerda que o Bloco de Esquerda idolatrava.
Podemos esquecer tudo. Vivemos em Portugal. Parece que os terroristas nem sabem que isto existe. E se isto já existe há 900 anos apesar de ter perdido todos os comboios que lhe pararam à frente (o ouro do Brasil, a Revolução Industrial, os fundos comunitários), o que nos impede de pensar que não será sempre assim? Nada.
17 DE DEZEMBRO DE 2015
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