A cidade como laboratório vivo de inovação

Não basta produzir conhecimento; é necessário fazer dele a base de uma cidade inteligente. Em 2010, o Porto projetou afirmar-se como cidade de conhecimento. Nos últimos anos, o objetivo tornou-se mais denso e complexo congregando num mesmo abraço o crescimento económico e a sustentabilidade, a cultura e a inovação tecnológica, a governação e a cidadania ativa. E tudo isto e mais, no puzzle de inteligência que Paulo Cunha e Silva chamava felicidade.

De que forma tudo isto acontece? Pela vontade e trabalho conjunto das pessoas que fazem o Porto - município, academia, investigadores, investidores, empresas e empreendedores, agregando-se numa rede efetiva dinamizada pela energia do conhecimento, da inovação e implicação responsável de cada ator.

Anteontem, na sequência de um programa forte e diversificado, foi apresentado o projeto ScaleUp.Porto, uma iniciativa promovida pela CMP em parceria com a Universidade do Porto, o Politécnico do Porto, o UPTEC e a Agência Nacional de Inovação. Como consta no manifesto "esta nova estratégia para a cidade e região" visa "num paradigma mais competido para a economia" apoiar startups tecnológicas locais com potencial para escalar internacionalmente" (scaleups), fixando na cidade empresas de crescimento rápido que conseguem atrair e desenvolver capital humano, financeiro e de mercado, gerar emprego qualificado.

Trata-se de competir no âmbito europeu a um nível superior ao da mão de obra intensiva, barata, reorientando uma estratégia de desenvolvimento que reforce e catalise os recursos já existentes pela ativação de um sistema que pensa a cidade como laboratório vivo de inovação.

O Porto possui ativos industriais significativos, um hub turístico vibrante, instituições de Ensino Superior e I&D reputadas, um ecossistema empreendedor maduro (incubadoras, plataformas de cocriação, espaços de co-work,...) a par de condições de vida atrativas e um posicionamento geográfico de charneira. Cerca de 30% das saleups portuguesas estão sediadas no Porto!

As startups/scaleups, os ecossistemas dinâmicos são pilares na atração de grandes empresas que se nutrem e geram inovação, novas startups, empregos,... Este é círculo virtuoso onde temos de estar.

O círculo alimenta-se de formação, acesso a capital, burocracia reduzida... Sustenta-se numa cultura de inovação, cooperação e aventura, que deve formar-se cedo, para ser longa e sólida, na escola, na empresa, na rua, e esta será obra de todos.

*PRESIDENTE DO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

18.12.2015
ROSÁRIO GAMBOA
Jornal de Notícias