Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 390 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 390 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
A ideologia do pragmatismo
Página 1 de 1
A ideologia do pragmatismo
Ontem, num discurso de despedida perante o Conselho da Diáspora, Cavaco Silva fez a apologia do pragmatismo em detrimento das ideologias. Considerou o Presidente da República, à boleia do que se passou na Grécia, que "a realidade acaba sempre por derrotar a ideologia". E acrescentou que "a governação ideológica pode durar algum tempo mas faz estragos na economia e deixa faturas por pagar". De imediato os especialistas na hermenêutica cavaquista identificaram recados nas entrelinhas para o governo do PS apoiado pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda.
Na verdade, o discurso de Cavaco, tal como algumas das interpretações feitas logo de seguida, pode ter sido mais um ato falhado do Presidente da República que mais se destacou no amparo a um governo. Desde logo porque o diagnóstico feito por Cavaco assenta como um fato do melhor corte à governação PSD-CDS. Pedro Passos Coelho foi, porventura, o primeiro-ministro mais ideológico do pós-25 de Abril. E, como bem afirmou Cavaco Silva, as suas opções políticas fizeram estragos na economia - desemprego recorde, emigração à tripa-forra, investimentos congelados, dívida pública acima das nossas possibilidades - e deixaram faturas por pagar; o Banif é só o derradeiro exemplo. É aliás por má consciência e não por qualquer imperativo de interesse nacional que hoje o PSD dará a mão a António Costa, viabilizando o seu primeiro Orçamento, na verdade, o último de Passos Coelho.
O próprio, resignado, dizia ontem que a solução encontrada para um problema que tem anos - pelo menos tantos quantos a anterior maioria e que só não foi resolvido por mero pragmatismo eleitoral - foi a melhor, e que ele próprio não teria feito diferente. Diz mesmo que não quer arremessos por causa do Banif. A razão é simples: Passos sabe que nós sabemos que ele, enquanto primeiro-ministro, preferiu sempre esconder-se atrás de biombos para não assumir as suas incompetências - Maria Luís Albuquerque e o incompreensivelmente reconduzido governador do Banco de Portugal foram os mais recentes - e que um chumbo do Retificativo que hoje vai ao Parlamento se viraria contra si próprio. Lá está, é o pragmatismo que o faz salvar António Costa quando as esquerdas, coerentes, lhe negam o apoio. Mas, ao contrário do que sugere Cavaco Silva, o pragmatismo não é remédio mas veneno. Foi em nome dele que aqui chegámos convencidos pelos pragmáticos de que não havia alternativa. E em democracia há sempre.
E essa, a alternativa, é-nos oferecida pelas ideologias. Recusá-las é o mesmo que aceitar o pensamento único tão próprio das ditaduras.
Editorial
23 DE DEZEMBRO DE 2015
00:08
Nuno Saraiva
Diário de Notícias
Na verdade, o discurso de Cavaco, tal como algumas das interpretações feitas logo de seguida, pode ter sido mais um ato falhado do Presidente da República que mais se destacou no amparo a um governo. Desde logo porque o diagnóstico feito por Cavaco assenta como um fato do melhor corte à governação PSD-CDS. Pedro Passos Coelho foi, porventura, o primeiro-ministro mais ideológico do pós-25 de Abril. E, como bem afirmou Cavaco Silva, as suas opções políticas fizeram estragos na economia - desemprego recorde, emigração à tripa-forra, investimentos congelados, dívida pública acima das nossas possibilidades - e deixaram faturas por pagar; o Banif é só o derradeiro exemplo. É aliás por má consciência e não por qualquer imperativo de interesse nacional que hoje o PSD dará a mão a António Costa, viabilizando o seu primeiro Orçamento, na verdade, o último de Passos Coelho.
O próprio, resignado, dizia ontem que a solução encontrada para um problema que tem anos - pelo menos tantos quantos a anterior maioria e que só não foi resolvido por mero pragmatismo eleitoral - foi a melhor, e que ele próprio não teria feito diferente. Diz mesmo que não quer arremessos por causa do Banif. A razão é simples: Passos sabe que nós sabemos que ele, enquanto primeiro-ministro, preferiu sempre esconder-se atrás de biombos para não assumir as suas incompetências - Maria Luís Albuquerque e o incompreensivelmente reconduzido governador do Banco de Portugal foram os mais recentes - e que um chumbo do Retificativo que hoje vai ao Parlamento se viraria contra si próprio. Lá está, é o pragmatismo que o faz salvar António Costa quando as esquerdas, coerentes, lhe negam o apoio. Mas, ao contrário do que sugere Cavaco Silva, o pragmatismo não é remédio mas veneno. Foi em nome dele que aqui chegámos convencidos pelos pragmáticos de que não havia alternativa. E em democracia há sempre.
E essa, a alternativa, é-nos oferecida pelas ideologias. Recusá-las é o mesmo que aceitar o pensamento único tão próprio das ditaduras.
Editorial
23 DE DEZEMBRO DE 2015
00:08
Nuno Saraiva
Diário de Notícias
Tópicos semelhantes
» MORAL CONTEMPORÂNEA - A ideologia de género, que género de ideologia é?
» O pragmatismo na política climática
» O alto preço do pragmatismo inadequado da Europa
» O pragmatismo na política climática
» O alto preço do pragmatismo inadequado da Europa
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin