Cheiro do dinheiro

É onde dói que a UE deve concentrar-se se quer que os ataques parem.

O Daesh declarou guerra. A Europa deve agora disparar à cabeça. Como? Secando o seu financiamento, seguindo o rasto do dinheiro. Com milhões de euros por dia, como dispõe, é fácil construir um exército e executar atentados. 

Logo, é necessário pragmatismo e eficácia. Sobretudo, é necessário terminar com a hipocrisia. A Europa não pode, com uma mão, atestar os depósitos dos seus carros com combustível que vem dos territórios ocupados pelos terroristas e, com outra mão, dizer que os combate. Não pode - à 2ª, 4ª e 6ª - fechar os olhos à venda de armas ao Daesh e - à 3ª, 5ª e sábado - chorar os seus mortos em atentados. 

Quem lucra com estes negócios? Que sanções e embargos podem aplicar-se? É onde dói que os europeus devem concentrar-se se querem que os ataques parem e que as nossas liberdades se mantenham. 

As muitas teorias sobre o Daesh, um suposto choque de civilizações e supostos falsos refugiados, as questões religiosas, da democracia, do multiculturalismo e o diabo a sete são fantásticas para entreter audiências e solidão. 

Mas não neutralizam bombas. Muito menos o mal.

24.03.2016 01:45
JOANA AMARAL DIAS
Professora universitária "Ex-Parlamentarista do Bloco Esquerda"
Correio da Manhã