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As máscaras caem com o cheiro a poder
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As máscaras caem com o cheiro a poder
Uma das coisas mais lastimáveis na política - e na vida - é a falta de honestidade intelectual. Diz-se que todos os argumentos são válidos, mas é necessário fazer uma ressalva: desde que sejam intelectualmente honestos. Ora, nestas semanas posteriores às eleições de 4 de outubro, os argumentos usados nem sempre têm primado pela honestidade.
Primeiro exemplo: há oito dias, a esquerda mostrou-se indignada com umas declarações de Passos Coelho sobre a revisão da Constituição e o pedido de novas eleições, dizendo que foram «afirmações irresponsáveis» e passíveis de prejudicar Portugal lá fora.
Também achei estapafúrdia a declaração de Passos Coelho.
Mas as críticas da esquerda foram intelectualmente desonestas.
Porquê?
Porque, quando apoiou as greves gerais nos últimos quatro anos, nunca se preocupou com os prejuízos que isso podia ter no investimento estrangeiro em Portugal.
E quando apoiou a manifestação dos polícias que tentaram invadir a escadaria de S. Bento - cujas imagens passaram nas televisões de todo o mundo -, esteve-se nas tintas para o pânico que isso podia causar nos mercados.
E quando atacou de um modo nunca visto o Presidente da República, borrifou-se para o efeito negativo que isso poderia ter nas embaixadas, afetando a imagem de Portugal lá fora.
Em conclusão: se o gesto de Passos Coelho foi discutível, a esquerda era a última a poder criticá-lo.
Segundo exemplo: a esquerda tem dito repetidamente que os juros da dívida portuguesa não baixaram em consequência da estabilidade governativa ou da ação do Governo PSD/CDS, mas sim em função da nova política adotada pelo Banco Central Europeu.
Ora, ao dizer isto, a esquerda voltou a mostrar falta de honestidade intelectual.
Porquê?
Porque sabe que isso não é verdade. Basta olhar para a Grécia para ver que há uma correlação estreita entre a situação política de um país e os juros da dívida: a instabilidade política criada pela vitória do Syriza fez disparar brutalmente as taxas de juro.
E nem é preciso ir tão longe: basta olhar para o que aconteceu com os juros da dívida portuguesa aquando da famosa crise do ‘irrevogável’.
Terceiro exemplo: nos debates parlamentares e nos debates televisivos, a esquerda repetiu a ideia de que Portugal está «muito pior do que estava em 2011».
Ora, ao afirmar isto, a esquerda voltou a mostrar falta de honestidade intelectual.
Porquê?
Porque está farta de saber que quem chamou a troika e negociou o Memorando foi o PS, ficando aí definida uma política de austeridade que o Governo seguinte tinha de cumprir.
E, além disso, estando Portugal em vários items - e em números brutos - pior do que estava em 2011, noutros está bastante melhor (credibilidade internacional, juros da dívida, exportações, confiança, etc.). A esquerda sabe isto muito bem.
Quarto exemplo: a esquerda diz que as eleições servem para «eleger deputados» e não para escolher o primeiro-ministro.
Formalmente é verdade, mas ao dizê-lo a esquerda revela falta de honestidade intelectual.
Porquê?
Primeiro, porque António Costa disse reiteradamente durante a campanha eleitoral que era «candidato a primeiro-ministro», e propunha-se ganhar as eleições para materializar essa vontade.
Segundo, porque em 2004 a esquerda não queria que Santana Lopes sucedesse a Durão Barroso, argumentando que lhe faltava «legitimidade eleitoral».
Até Ferro Rodrigues se demitiu da liderança do PS porque Sampaio empossou Santana.
Ou seja, relativamente a Santana Lopes, o importante para a esquerda era a falta de legitimidade eleitoral do primeiro-ministro e não o número de deputados que apoiavam o Governo; agora, o que interessa à esquerda é o número de deputados e não a legitimidade eleitoral do primeiro-ministro.
Poderia continuar o rol de incongruências da esquerda, mas não vale a pena: já todos perceberam que ela diz uma coisa hoje e outra amanhã, conforme as conveniências do momento.
Dir-se-á que a direita é igual.
Será.
Mas o que aqui está em causa são as atuais contradições da esquerda e as suas repetidas faltas de honestidade intelectual.
E convém não esquecer que a esquerda se arrogava de uma ‘superioridade moral’ sobre a direita - que, como é bom de ver, não passava de uma basófia.
Quando cheira a poder, as máscaras caem.
jas@sol.pt
José António Saraiva | 23/11/2015 15:16
SOL
Primeiro exemplo: há oito dias, a esquerda mostrou-se indignada com umas declarações de Passos Coelho sobre a revisão da Constituição e o pedido de novas eleições, dizendo que foram «afirmações irresponsáveis» e passíveis de prejudicar Portugal lá fora.
Também achei estapafúrdia a declaração de Passos Coelho.
Mas as críticas da esquerda foram intelectualmente desonestas.
Porquê?
Porque, quando apoiou as greves gerais nos últimos quatro anos, nunca se preocupou com os prejuízos que isso podia ter no investimento estrangeiro em Portugal.
E quando apoiou a manifestação dos polícias que tentaram invadir a escadaria de S. Bento - cujas imagens passaram nas televisões de todo o mundo -, esteve-se nas tintas para o pânico que isso podia causar nos mercados.
E quando atacou de um modo nunca visto o Presidente da República, borrifou-se para o efeito negativo que isso poderia ter nas embaixadas, afetando a imagem de Portugal lá fora.
Em conclusão: se o gesto de Passos Coelho foi discutível, a esquerda era a última a poder criticá-lo.
Segundo exemplo: a esquerda tem dito repetidamente que os juros da dívida portuguesa não baixaram em consequência da estabilidade governativa ou da ação do Governo PSD/CDS, mas sim em função da nova política adotada pelo Banco Central Europeu.
Ora, ao dizer isto, a esquerda voltou a mostrar falta de honestidade intelectual.
Porquê?
Porque sabe que isso não é verdade. Basta olhar para a Grécia para ver que há uma correlação estreita entre a situação política de um país e os juros da dívida: a instabilidade política criada pela vitória do Syriza fez disparar brutalmente as taxas de juro.
E nem é preciso ir tão longe: basta olhar para o que aconteceu com os juros da dívida portuguesa aquando da famosa crise do ‘irrevogável’.
Terceiro exemplo: nos debates parlamentares e nos debates televisivos, a esquerda repetiu a ideia de que Portugal está «muito pior do que estava em 2011».
Ora, ao afirmar isto, a esquerda voltou a mostrar falta de honestidade intelectual.
Porquê?
Porque está farta de saber que quem chamou a troika e negociou o Memorando foi o PS, ficando aí definida uma política de austeridade que o Governo seguinte tinha de cumprir.
E, além disso, estando Portugal em vários items - e em números brutos - pior do que estava em 2011, noutros está bastante melhor (credibilidade internacional, juros da dívida, exportações, confiança, etc.). A esquerda sabe isto muito bem.
Quarto exemplo: a esquerda diz que as eleições servem para «eleger deputados» e não para escolher o primeiro-ministro.
Formalmente é verdade, mas ao dizê-lo a esquerda revela falta de honestidade intelectual.
Porquê?
Primeiro, porque António Costa disse reiteradamente durante a campanha eleitoral que era «candidato a primeiro-ministro», e propunha-se ganhar as eleições para materializar essa vontade.
Segundo, porque em 2004 a esquerda não queria que Santana Lopes sucedesse a Durão Barroso, argumentando que lhe faltava «legitimidade eleitoral».
Até Ferro Rodrigues se demitiu da liderança do PS porque Sampaio empossou Santana.
Ou seja, relativamente a Santana Lopes, o importante para a esquerda era a falta de legitimidade eleitoral do primeiro-ministro e não o número de deputados que apoiavam o Governo; agora, o que interessa à esquerda é o número de deputados e não a legitimidade eleitoral do primeiro-ministro.
Poderia continuar o rol de incongruências da esquerda, mas não vale a pena: já todos perceberam que ela diz uma coisa hoje e outra amanhã, conforme as conveniências do momento.
Dir-se-á que a direita é igual.
Será.
Mas o que aqui está em causa são as atuais contradições da esquerda e as suas repetidas faltas de honestidade intelectual.
E convém não esquecer que a esquerda se arrogava de uma ‘superioridade moral’ sobre a direita - que, como é bom de ver, não passava de uma basófia.
Quando cheira a poder, as máscaras caem.
jas@sol.pt
José António Saraiva | 23/11/2015 15:16
SOL
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