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Liberdade e segurança
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Liberdade e segurança
Poderá ser livre quem não está seguro?
Depois dos terríveis atentados desta semana em Bruxelas, é obrigatória uma reflexão sobre alguns factores fundamentais que os decisores europeus têm adiado, literalmente, atententado após atentado.
Se é verdade que é impossível ter um polícia atrás de cada suspeito, e que o modus operandi destes criminosos é de dificílima interpretação preventiva, não é menos verdade que nos temos enredado em muitas questões que só ajudam os fins destas seitas.
Enquanto a esquerda bem pensante europeia persiste em encontrar a culpa nas vítimas, como alibi para nada fazer e nada questionar, os perpetradores de massacres estarão indiscutivelmente mais à vontade, quase legitimados. O discurso da Europa que falhou na integração e que deve uma desculpa a quem a procura e não se conforma com as suas leis e modo de vida, está a envenenar toda a reflexão sobre este gravíssimo problema. Sim, é necessário reflectir sobre a integração, sobre a harmonia social possível, mas não é capitulando e alienando os nossos valores civilizacionais que melhor defendemos os valores em que acreditamos e o interesse de quem nos procura. O relativismo ético e a desconstrução jacobina da matriz cultural europeia estão a minar a viabilidade de uma Europa unida e em paz.
Este é um combate que se desenvolve obrigatoriamente em diversos planos. Se o plano da reflexão social, acima mencionado, é cómodo para os decisores políticos, outros há que exigem clareza, frontalidade e coragem política acima do que nos temos habituado depois da queda do Muro.
Com o fim do Bloco de Leste, e do mundo bipolar, a Europa projectou-se numa era de paz aparentemente interminável, virou-se quase exclusivamente para a economia e para uma auto-contemplação aristocrática onde se recusava a sujar as mãos com as grandes questões da defesa que entretanto iam fazendo caminho noutros palcos. No novo mundo unipolar, a Europa entendia que a guerra era uma coisa incómoda a ser tratada lá longe pelos americanos em cenários exóticos. Nada mais errado, hoje a guerra é também cá dentro. A Europa tem, já com um atraso assustador, de tratar da sua política de defesa. Os políticos europeus terão de explicar aos seus eleitores a necessidade e a pertinência das alocações orçamentais para a defesa, depois de anos de demagogia irresponsável.
A Europa que se diz das Nações, e bem, terá de encontrar patamares de eficácia, partilha e compromisso entre os serviços de inteligência dos diferentes Estados. Esta é a frente mais eficaz neste combate desigual, é a única capaz de produzir resultados preventivos palpáveis, os que realmente nos interessam. Tal implica abdicar de anos de tradição de hermetismo entre os diversos serviços. Tal implica o que alguns poderão justificadamente classificar como uma alienação parcial de soberania. Não é fácil, mas é urgente.
A Europa terá de equacionar seriamente a mudança do modelo de relacionamento entre serviços de informações, policias e exércitos. Não é mais possível o divórcio que existe na acção destes diferentes actores; a obrigação de cada um deles é a defesa da segurança do Estado e dos Cidadãos, não é a manutenção das tradições da casa. Novos desafios exigem novas respostas.
A Europa terá de pensar o seu controlo de fronteiras e de circulação de cidadãos. Sim, é um tema desagradável, é um passo atrás no mundo que idealizámos. Sim, novamente, exige muita coragem política. Será aqui que mais se notará na prática o compromisso entre liberdade e segurança. Mas não se conhecem grandes alternativas.
Por fim, valerá a pena voltar a autores mal-amados como Scruton ou Huntington sem preconceitos, valerá a pena pensar sem complexos numa Europa social e culturalmente forte, como farol civilizacional respeitador, mas que exija a mesma proporção de respeito em troca. O tempo da indulgência, do relativismo, da letargia dos valores, levará ao tempo do fim.
Ainda assim, teremos atentados. Ainda assim, a nossa segurança não será garantida. Mas estaremos inegavelmente mais fortes, seremos obrigatoriamente mais respeitáveis. Com todas as condicionantes, ainda assim mais livres, porque actuantes sobre o nosso destino colectivo.
00:05 h
Raul de Almeida
Económico
Depois dos terríveis atentados desta semana em Bruxelas, é obrigatória uma reflexão sobre alguns factores fundamentais que os decisores europeus têm adiado, literalmente, atententado após atentado.
Se é verdade que é impossível ter um polícia atrás de cada suspeito, e que o modus operandi destes criminosos é de dificílima interpretação preventiva, não é menos verdade que nos temos enredado em muitas questões que só ajudam os fins destas seitas.
Enquanto a esquerda bem pensante europeia persiste em encontrar a culpa nas vítimas, como alibi para nada fazer e nada questionar, os perpetradores de massacres estarão indiscutivelmente mais à vontade, quase legitimados. O discurso da Europa que falhou na integração e que deve uma desculpa a quem a procura e não se conforma com as suas leis e modo de vida, está a envenenar toda a reflexão sobre este gravíssimo problema. Sim, é necessário reflectir sobre a integração, sobre a harmonia social possível, mas não é capitulando e alienando os nossos valores civilizacionais que melhor defendemos os valores em que acreditamos e o interesse de quem nos procura. O relativismo ético e a desconstrução jacobina da matriz cultural europeia estão a minar a viabilidade de uma Europa unida e em paz.
Este é um combate que se desenvolve obrigatoriamente em diversos planos. Se o plano da reflexão social, acima mencionado, é cómodo para os decisores políticos, outros há que exigem clareza, frontalidade e coragem política acima do que nos temos habituado depois da queda do Muro.
Com o fim do Bloco de Leste, e do mundo bipolar, a Europa projectou-se numa era de paz aparentemente interminável, virou-se quase exclusivamente para a economia e para uma auto-contemplação aristocrática onde se recusava a sujar as mãos com as grandes questões da defesa que entretanto iam fazendo caminho noutros palcos. No novo mundo unipolar, a Europa entendia que a guerra era uma coisa incómoda a ser tratada lá longe pelos americanos em cenários exóticos. Nada mais errado, hoje a guerra é também cá dentro. A Europa tem, já com um atraso assustador, de tratar da sua política de defesa. Os políticos europeus terão de explicar aos seus eleitores a necessidade e a pertinência das alocações orçamentais para a defesa, depois de anos de demagogia irresponsável.
A Europa que se diz das Nações, e bem, terá de encontrar patamares de eficácia, partilha e compromisso entre os serviços de inteligência dos diferentes Estados. Esta é a frente mais eficaz neste combate desigual, é a única capaz de produzir resultados preventivos palpáveis, os que realmente nos interessam. Tal implica abdicar de anos de tradição de hermetismo entre os diversos serviços. Tal implica o que alguns poderão justificadamente classificar como uma alienação parcial de soberania. Não é fácil, mas é urgente.
A Europa terá de equacionar seriamente a mudança do modelo de relacionamento entre serviços de informações, policias e exércitos. Não é mais possível o divórcio que existe na acção destes diferentes actores; a obrigação de cada um deles é a defesa da segurança do Estado e dos Cidadãos, não é a manutenção das tradições da casa. Novos desafios exigem novas respostas.
A Europa terá de pensar o seu controlo de fronteiras e de circulação de cidadãos. Sim, é um tema desagradável, é um passo atrás no mundo que idealizámos. Sim, novamente, exige muita coragem política. Será aqui que mais se notará na prática o compromisso entre liberdade e segurança. Mas não se conhecem grandes alternativas.
Por fim, valerá a pena voltar a autores mal-amados como Scruton ou Huntington sem preconceitos, valerá a pena pensar sem complexos numa Europa social e culturalmente forte, como farol civilizacional respeitador, mas que exija a mesma proporção de respeito em troca. O tempo da indulgência, do relativismo, da letargia dos valores, levará ao tempo do fim.
Ainda assim, teremos atentados. Ainda assim, a nossa segurança não será garantida. Mas estaremos inegavelmente mais fortes, seremos obrigatoriamente mais respeitáveis. Com todas as condicionantes, ainda assim mais livres, porque actuantes sobre o nosso destino colectivo.
00:05 h
Raul de Almeida
Económico
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