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O “Aleluia” de esperança
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O “Aleluia” de esperança
Nesta Sexta-feira Santa, ensombrada pelos acontecimentos recentes que nos fazem duvidar as raízes comuns de toda a humanidade, nada melhor para reconstituir a esperança do que lembrar-se de uma obra musical que, para além de pertencer àquelas obras cujos momentos apoteóticos, conforme se diz, até os pássaros já cantam, também faz parte daquelas obras distintas cuja exaltação espiritual, resultante do profundo desespero que se transforma numa experiência milagrosa, nunca falha em nos fazer lembrar de que sempre é possível transpor o que parece intransponível e superar o que parece insuperável.
“Aaa-le-LUI-a, Aaa-le-LUI-a, Ale-LUI-a, Ale-LUI-a, A-LEE-lui-a!” Esta exclamação com o ritmo inconfundível atribuído por George Frideric Handel, será uma das melodias mais cantada em todo o mundo cristão, e não só, neste Domingo de Páscoa. Este Aleluia representa a apoteose do oratório “O Messias”, uma obra que, embora muitas vezes associada à época de Natal, foi escrita propriamente para a altura da Páscoa, e estreada 19 dias depois da Páscoa de 1742, que, naquele ano, coincidia propriamente com o dia de hoje, 25 de Março. Só a primeira parte desta grandiosa obra, de quase 140 minutos de duração, diz respeito ao nascimento de Jesus; a segunda e a terceira falam sobre a sua morte e ressurreição, continuando até Pentecostes e abordando até a ressurreição final de toda a humanidade.
A obra inteira foi composta numa verdadeira erupção vulcânica de criatividade, em apenas 24 dias preenchidos inteiramente com a composição. Isso, e a inscrição “Soli Deo Gloria”, que Handel colocou no final da partitura, deu início à lenda da inspiração divina.
A estreia da obra, em Dublin, Irlanda, e num evento de beneficência, causou tal azáfama que a organização solicitou aos senhores assistirem sem espadas e as senhoras prescindirem das suas saias de balão, para poderem acomodar o máximo das pessoas, que acabou por ser cerca de 700.
Um crítico, escrevendo sobre a estreia, refere-se à música “sublime, majestosa e terna, adaptada a palavras mais elevadas, majestosas e comoventes, que juntas conspiram para transportar e encantar o coração e o ouvido”. E mesmo o público inglês, mais conservador, depois de uma resistência inicial, apenas 25 anos mais tarde quase que causou o motim, para poder assistir a “O Messias”, na Abadia de Westminster.
A tradição de apresentar esta obra na época pascoal é muito forte sobretudo nos E.U.A., onde, por exemplo, na cidade de Lindsborg (Kansas) neste ano já contarão a 135ª execução sucessiva do oratório, tendo eu tido a sorte de testemunhá-la, uns 27 anos atrás. Era a obra favorita de Handel, a que ele insistiu, já cego, de estar presente, numa sua apresentação em Londres, falecendo apenas oito dias depois, no Sábado de Aleluia, e quase conforme o seu desejo de isso acontecer na Sexta-feira Santa.
Imbuída com um grande sentido de humanidade e simpatia para com os sentimentos e emoções de seres mortais, esta música tem a capacidade de nos lembrar de toda a bondade que temos dentro de nós, mas que, às vezes, esquecemos de mostrar e comunicar. Mesmo agora, é a altura certa de o fazermos, a despeito daqueles que não têm consideração pela Vida e Humanidade. Feliz Páscoa, na companhia da música do compositor a quem Beethoven considerava ser o maior de todos, propondo “tirar o seu chapéu e ajoelhar-se à frente do seu sepulcro”!
Robert Andres Musicólogo
Diário de Notícias da Madeira
Sexta, 25 de Março de 2016
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