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Em competição só com inovação
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Em competição só com inovação
Andamos sempre a queixar-nos sobre da falta de novas formas e estímulos ao crescimento económico. No entanto, como sempre, as notícias que podem animar a nossa economia chegam-nos de forma lateral ou através de um mero rodapé de um qualquer Telejornal.
O assunto é simples. Vem a receita do insuspeito FMI que, num estudo, revela que se o investimento das empresas em Investigação e Desenvolvimento (I&D) aumentasse em 40% poderia potenciar o crescimento do PIB em cerca de 5% no longo prazo. No longo prazo estamos todos mortos, já dizia Keynes, economista propenso a ser treslido, como vimos no passado recente. Todavia, se continuarmos nas contas de mercearia e no aperto financeiro de hoje, nem curto, nem longo prazo.
Portugal, como sempre, é um dos países onde as empresas menos investem em I&D. Segundo os dados do EUROSTAT, no ano de 2014, este investimento rondava os 0,59% do PIB, no lado mau da média da União Europeia, situada por volta dos 1,3%. Estou a falar das empresas, mas ao nível do Estado os números são ainda mais deprimentes, uns míseros 0,08% da despesa pública.
Esta posição de partida deveria incentivar uma aposta nacional séria, para inverter o actual Estado de coisas. Seria uma “reversão” unânime. A aposta na inovação, ou se quiserem, a introdução do conceito Investigação + Desenvolvimento + Inovação (IDI) carece de força e motivação política para avançar. Tem que virar bandeira, não basta ser uma nova paixão ou um pin na lapela. Para se executar esta aposta, têm de ser desenhados os estímulos necessários. Estamos longe de ter um quadro de forte investimento nas nossas empresas, por consequência é prioritário criar condições para um investimento à séria em IDI.
É uma conversa que há muito vem nos manuais, mas que carece de implementação. Hoje, uma organização que se preze e procure estar pronta para competir no século XXI tem um sistema de gestão de inovação implementado. O pior que poderíamos fazer é uma aposta casuística, sem planeamento, desligada do mundo empresarial e das Universidades.
Não tenho dúvidas que esta será uma preocupação do Ministro Manuel Heitor. Uma pessoa com conhecimento significativo nesta área e que possui a sensibilidade para gizar novos incentivos fiscais e outro tipo de apoios (por vezes basta cortar burocracia improdutiva) para as empresas em material de IDI.
É disto que se trata. Com tantas benesses e reposições nos últimos tempos, seria bom olharmos para esta receita, que o FMI recomenda, com olhos de ver. Hoje, uma economia competitiva carece de um forte dinamismo e capacidade de reinvenção. Vivemos em competição global. Da China à Índia, dos Estados Unidos da América a Espanha. Competimos nos mais diversos planos, com as nossas empresas, principalmente as exportadoras, a terem de ir à luta com o que de melhor se faz à escala planetária. E se temos algum tecido empresarial de elevada qualidade, não podemos ficar apenas a viver à sombra dos louros conquistados.
Todavia, para esta mudança de paradigma, é crucial incluir as universidades nesta equação. Bem sei, mais uma vez soa a lugar-comum. Ainda assim é crucial colocar de braço dado a universidade e a empresa, tantas vezes de costas voltadas. Se de um lado está a investigação e o rigor do estudo, do outro está o mercado e a noção das carências e do que é preciso lutar para ganhar à concorrência.
E neste âmbito é bom não esquecer o Sistema de Incentivos Fiscais à I&D Empresarial, o famoso SIFIDE. As constantes alterações ao nível da política de financiamento da inovação, bem como das unidades de I&D de apoio aos bolseiros, deixam-nos reticentes sobre qual é caminho a seguir, se será ou não eficiente. É fulcral manter e estabelecer um horizonte de estabilidade do SIFIDE a 10 anos. É crucial para as empresas, bem como fazer a verdadeira reforma do IRC.
Não podemos negar, o investimento das empresas direccionado para a inovação é um elemento central para qualquer iniciativa sustentável de dinamização do desenvolvimento económico. Só com este tipo investimento, não raras vezes disruptivo, é possível retomar as bases para um maior ritmo de crescimento do produto, dado que as bases concorrenciais assentes nos baixos custos de mão-de-obra e em produtos de baixo valor acrescentado não têm a resiliência para aguentar os abanões da feroz concorrência, que vigora no mercado global.
Sim, esta receita do FMI está certa. A aposta em I&D, a procura de mais inovação, é o caminho certo para resistir nesta impiedosa economia mundial.
Diogo Agostinho
04.04.2016 às 8h48
Expresso
O assunto é simples. Vem a receita do insuspeito FMI que, num estudo, revela que se o investimento das empresas em Investigação e Desenvolvimento (I&D) aumentasse em 40% poderia potenciar o crescimento do PIB em cerca de 5% no longo prazo. No longo prazo estamos todos mortos, já dizia Keynes, economista propenso a ser treslido, como vimos no passado recente. Todavia, se continuarmos nas contas de mercearia e no aperto financeiro de hoje, nem curto, nem longo prazo.
Portugal, como sempre, é um dos países onde as empresas menos investem em I&D. Segundo os dados do EUROSTAT, no ano de 2014, este investimento rondava os 0,59% do PIB, no lado mau da média da União Europeia, situada por volta dos 1,3%. Estou a falar das empresas, mas ao nível do Estado os números são ainda mais deprimentes, uns míseros 0,08% da despesa pública.
Esta posição de partida deveria incentivar uma aposta nacional séria, para inverter o actual Estado de coisas. Seria uma “reversão” unânime. A aposta na inovação, ou se quiserem, a introdução do conceito Investigação + Desenvolvimento + Inovação (IDI) carece de força e motivação política para avançar. Tem que virar bandeira, não basta ser uma nova paixão ou um pin na lapela. Para se executar esta aposta, têm de ser desenhados os estímulos necessários. Estamos longe de ter um quadro de forte investimento nas nossas empresas, por consequência é prioritário criar condições para um investimento à séria em IDI.
É uma conversa que há muito vem nos manuais, mas que carece de implementação. Hoje, uma organização que se preze e procure estar pronta para competir no século XXI tem um sistema de gestão de inovação implementado. O pior que poderíamos fazer é uma aposta casuística, sem planeamento, desligada do mundo empresarial e das Universidades.
Não tenho dúvidas que esta será uma preocupação do Ministro Manuel Heitor. Uma pessoa com conhecimento significativo nesta área e que possui a sensibilidade para gizar novos incentivos fiscais e outro tipo de apoios (por vezes basta cortar burocracia improdutiva) para as empresas em material de IDI.
É disto que se trata. Com tantas benesses e reposições nos últimos tempos, seria bom olharmos para esta receita, que o FMI recomenda, com olhos de ver. Hoje, uma economia competitiva carece de um forte dinamismo e capacidade de reinvenção. Vivemos em competição global. Da China à Índia, dos Estados Unidos da América a Espanha. Competimos nos mais diversos planos, com as nossas empresas, principalmente as exportadoras, a terem de ir à luta com o que de melhor se faz à escala planetária. E se temos algum tecido empresarial de elevada qualidade, não podemos ficar apenas a viver à sombra dos louros conquistados.
Todavia, para esta mudança de paradigma, é crucial incluir as universidades nesta equação. Bem sei, mais uma vez soa a lugar-comum. Ainda assim é crucial colocar de braço dado a universidade e a empresa, tantas vezes de costas voltadas. Se de um lado está a investigação e o rigor do estudo, do outro está o mercado e a noção das carências e do que é preciso lutar para ganhar à concorrência.
E neste âmbito é bom não esquecer o Sistema de Incentivos Fiscais à I&D Empresarial, o famoso SIFIDE. As constantes alterações ao nível da política de financiamento da inovação, bem como das unidades de I&D de apoio aos bolseiros, deixam-nos reticentes sobre qual é caminho a seguir, se será ou não eficiente. É fulcral manter e estabelecer um horizonte de estabilidade do SIFIDE a 10 anos. É crucial para as empresas, bem como fazer a verdadeira reforma do IRC.
Não podemos negar, o investimento das empresas direccionado para a inovação é um elemento central para qualquer iniciativa sustentável de dinamização do desenvolvimento económico. Só com este tipo investimento, não raras vezes disruptivo, é possível retomar as bases para um maior ritmo de crescimento do produto, dado que as bases concorrenciais assentes nos baixos custos de mão-de-obra e em produtos de baixo valor acrescentado não têm a resiliência para aguentar os abanões da feroz concorrência, que vigora no mercado global.
Sim, esta receita do FMI está certa. A aposta em I&D, a procura de mais inovação, é o caminho certo para resistir nesta impiedosa economia mundial.
Diogo Agostinho
04.04.2016 às 8h48
Expresso
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