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O reino da manipulação
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O reino da manipulação
Os defensores do ‘Brexit’ aproveitaram as dúvidas existenciais e a insegurança das vítimas empobrecidas da globalização para oferecer certezas com cuja insustentabilidade foram imediatamente confrontados após um resultado que não esperavam.
O espetáculo desolador de alguns dos principais políticos britânicos após o resultado do referendo coloca-os no pódio da insensatez e do egoísmo, e tangibiliza de forma dolorosa a preponderância das agendas pessoais sobre o interesse coletivo.
Resultou evidente que os defensores do ‘Brexit’ aproveitaram as dúvidas existenciais e a insegurança das vítimas empobrecidas da globalização para oferecer certezas com cuja insustentabilidade foram imediatamente confrontados após um resultado que não esperavam. Foi um exemplo implacável de como o 'neuromarketing', que apela às emoções mais primárias em substituição da racionalidade, se tem imposto de forma contundente na comunicação política, como temos recorrentemente observado no processo eleitoral norte-americano e noutras iniciativas políticas nos países mais afetados pela crise.
No âmbito económico, a manipulação das massas tem sido amplamente estudada e ganhou protagonismo no início do século com o Prémio Nobel atribuído a George Akerlof. Os chocolates ao pé das caixas de qualquer supermercado são um exemplo banal do funcionamento da economia manipulativa, amplificada hoje pela explosão das redes sociais que oferecem valor de forma aparentemente gratuita em troca da comercialização da nossa própria identidade. É o equilíbrio manipulativo, em que todos os agentes aceitam o jogo em troca de aparentes benefícios. Um outro exemplo da economia manipulativa é a atual santificação do micro-empreendedorismo, com que se pretende convencer as pessoas de que basta a ilusão e o otimismo para sermos bem-sucedidos nas empresas.
Numa perspetiva antropológica, o que fica claro destas experiências no âmbito económico é que, se alguém nos pode manipular, fá-lo-á sem reparos. A novidade, do meu ponto de vista, é a extrapolação descarada e sem escrúpulos deste princípio ao âmbito político, o que cria novos perigos e desafios para a democracia, porque corremos o risco de cair nas mãos de verdadeiros psicopatas da política, com um grande ardor messiânico na defesa das suas ideias mas sem qualquer sentido de estado.
Nunca antes, no último meio século, estas personagens desfrutaram de audiências tão emocionalmente enfraquecidas para as cativar com o seu discurso, que subordina a racionalidade dos argumentos ao apelo aos medos atávicos de cada comunidade.
É responsabilidade dos membros mais esclarecidos da sociedade lutar contra a difusão desta nova forma de barbárie. A política, e também a economia, são grandes disciplinas e devemos evitar que o caráter egoísta e manipulador de alguns dos seus protagonistas venham a pervertê-las de forma irremediável.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín, Gestor
Económico
O espetáculo desolador de alguns dos principais políticos britânicos após o resultado do referendo coloca-os no pódio da insensatez e do egoísmo, e tangibiliza de forma dolorosa a preponderância das agendas pessoais sobre o interesse coletivo.
Resultou evidente que os defensores do ‘Brexit’ aproveitaram as dúvidas existenciais e a insegurança das vítimas empobrecidas da globalização para oferecer certezas com cuja insustentabilidade foram imediatamente confrontados após um resultado que não esperavam. Foi um exemplo implacável de como o 'neuromarketing', que apela às emoções mais primárias em substituição da racionalidade, se tem imposto de forma contundente na comunicação política, como temos recorrentemente observado no processo eleitoral norte-americano e noutras iniciativas políticas nos países mais afetados pela crise.
No âmbito económico, a manipulação das massas tem sido amplamente estudada e ganhou protagonismo no início do século com o Prémio Nobel atribuído a George Akerlof. Os chocolates ao pé das caixas de qualquer supermercado são um exemplo banal do funcionamento da economia manipulativa, amplificada hoje pela explosão das redes sociais que oferecem valor de forma aparentemente gratuita em troca da comercialização da nossa própria identidade. É o equilíbrio manipulativo, em que todos os agentes aceitam o jogo em troca de aparentes benefícios. Um outro exemplo da economia manipulativa é a atual santificação do micro-empreendedorismo, com que se pretende convencer as pessoas de que basta a ilusão e o otimismo para sermos bem-sucedidos nas empresas.
Numa perspetiva antropológica, o que fica claro destas experiências no âmbito económico é que, se alguém nos pode manipular, fá-lo-á sem reparos. A novidade, do meu ponto de vista, é a extrapolação descarada e sem escrúpulos deste princípio ao âmbito político, o que cria novos perigos e desafios para a democracia, porque corremos o risco de cair nas mãos de verdadeiros psicopatas da política, com um grande ardor messiânico na defesa das suas ideias mas sem qualquer sentido de estado.
Nunca antes, no último meio século, estas personagens desfrutaram de audiências tão emocionalmente enfraquecidas para as cativar com o seu discurso, que subordina a racionalidade dos argumentos ao apelo aos medos atávicos de cada comunidade.
É responsabilidade dos membros mais esclarecidos da sociedade lutar contra a difusão desta nova forma de barbárie. A política, e também a economia, são grandes disciplinas e devemos evitar que o caráter egoísta e manipulador de alguns dos seus protagonistas venham a pervertê-las de forma irremediável.
O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.
00:05 h
Xavier Rodríguez Martín, Gestor
Económico
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