China: a próxima grande oportunidade

A maior lição que podemos tirar dos BRIC é que os mercados emergentes estão em constante evolução. Independentemente da altura em que as adversidades venham a diminuir, irão continuar a surgir novas oportunidades nos mercados líquidos de maior dimensão.

 De 2003 a 2010, as economias BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) abriram caminho para os mercados emergentes. O poderio dos BRIC poderá pertencer ao passado, mas os mercados emergentes ainda representam um universo de investimento dinâmico e vibrante, de acordo com Sonal Tanna, Gerente de Carteira para a estratégia de oportunidades GEM no seio da equipa de Ações dos Mercados Emergentes e da Região Ásia-Pacífico (EMAP) da JP Morgan. E para tirar o máximo proveito da próxima grande oportunidade transformacional, os gestores de ativos precisam de recursos dedicados, especialização e conhecimento local.

Nos últimos anos, as quatro economias BRIC de dimensão continental tiveram o mesmo destino que os restantes mercados emergentes, tendo sido afetadas por duas principais adversidades. Em primeiro lugar, a valorização do dólar, que influenciou os preços das ‘commodities’ e as moedas dos mercados emergentes; e, em segundo, o dececionante crescimento dos lucros das empresas, resultante das dores de crescimento da economia chinesa e de uma frágil conjuntura económica a nível mundial.

No entanto, o ano passado, após cinco anos de desempenho significativamente fraco em relação ao MSCI World Index, que é mais abrangente, as moedas e ações dos mercados emergentes atingiram avaliações atraentes em várias ocasiões, tanto em termos absolutos como relativos. Tal como o forte crescimento estrutural, todos estes sinais apontam para uma retoma a médio prazo nos mercados emergentes.

Estamos em crer que a próxima grande oportunidade nos mercados emergentes virá da China ‘onshore’. Nos últimos três anos, o MSCI tem vindo a considerar a inclusão das ações chinesas de categoria A no seu índice de referência, o Emerging Markets Index. Em junho, e pelo terceiro ano consecutivo, o MSCI decidiu que ainda não é a altura certa para avançar. Mas estamos plenamente convictos de que se trata de uma mera questão de tempo.

A inclusão das ações chinesas de categoria A no índice abriria uma enorme oportunidade de investimento para os gestores de ativos com equipas de investigação dotadas de bons recursos e com fortes capacidades de escolha de ações. Das 800 ações objeto de cobertura fundamental por parte dos nossos analistas de investigação EMAP, cerca de 250 estão atualmente localizadas na Grande China. E prevemos que este número aumente para 350 até ao final de 2017. Em contrapartida, prevemos que o número de ações no MSCI China aumente das atuais 150 para cerca de 400 ações, quando o MSCI passar a incluir ações chinesas ‘onshore’.

Numa perspetiva ascendente, o leque de oportunidades que estão a surgir na China é enorme e deverá aumentar ainda mais. Quer as ações chinesas de categoria A venham ou não a ser incluídas no índice – e estamos firmemente convictos de que o serão – o país poderá oferecer muitas oportunidades daqui para a frente, e iremos continuar a tirar partido das mesmas.

Em termos retrospetivos, a maior lição que podemos tirar dos BRIC é que os mercados emergentes estão em constante evolução. Independentemente da altura em que as adversidades venham a diminuir, irão continuar a surgir novas oportunidades nos mercados líquidos de maior dimensão, como a China ‘onshore’. A chave para o sucesso dos investidores é a escolha de um gestor com conhecimentos a nível local e recursos a nível global, que lhe permitam tirar pleno partido destas oportunidades à medida que elas forem surgindo.

O autor escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico.

00:05 h
Miguel Luzarraga, Executive Director e Senior Sales Executive da JPMorgan AM
Económico