Braga da Cruz: Acesso marítimo da Figueira e aproveitar capacidade em Aveiro são os desafios

João Pedro Braga da Cruz, presidente dos portos de Aveiro e da Figueira da Foz, concedeu uma entrevista à revista ‘1000 Maiores Empresas’ (do Diário As Beiras), onde falou da importância e dos desafios colocados aos dois portos que lidera.

Questionado sobre a resiliência apresentada pelo setor portuário nacional, que cresceu mesmo nos piores momentos da economia nacional, Braga da Cruz destacou a «resposta positiva» dada pelos portos nacionais, nomeadamente avançando «para novos mercados, o que é espelhado pelo seu aumento de movimento».

Braga da Cruz salientou ainda o trabalho dos empresários em Portugal e em especial na região Centro, salientando que estes são «empresários esclarecidos, em que as cadeias de abastecimento são geridas com uma sofisticação crescente, pois só assim é possível competir na era da globalização», acrescentando ainda que «o transporte marítimo é sempre uma possibilidade a ter em linha de conta pelos empresários».

Sobre os problemas e as dificuldades encontradas nos portos da Figueira e de Aveiro, Braga da Cruz começou por recordar que «são dois portos diferentes», enumerando de seguida os problemas caso a caso: «No caso da Figueira da Foz, a maior ameaça sobre o futuro é a restrição do acesso marítimo, que, face à tendência para a adopção de navios de cada vez maiores dimensões e ao progressivo abandono dos de menor porte, pode levar à perda de competitividade e ao declínio do porto. Em Aveiro, há uma capacidade portuária muito elevada que se torna necessário aproveitar. Para isso, é preciso adoptar medidas que equilibrem a oferta portuária, calibrando o sistema e eliminando estrangulamentos que lhe retiram competitividade».

Mas também apresentou soluções. No Porto da Figueira da Foz passarão pelo «estudo do aprofundamento do acesso marítimo do porto da Figueira da Foz, procurando que tal se faça com custos que sejam mais do que compensados pelas vantagens decorrentes dessa alteração». Já em Aveiro considera essencial a «adopção das medidas que reforcem a logística oferecida pelo porto de Aveiro, principalmente adoptando soluções específicas para as principais mercadorias movimentadas».

A entrevista terminou a incidir no tema da tecnologia e o seu papel para os portos. Braga da Cruz realçou ser «indispensável para a eficiência da cadeia de abastecimento dispor de sistemas de informação robustos, partilhados entre os diversos stakeholders e seguros», destacando o papela da JUP. 

«A evolução tecnológica está igualmente presente nos equipamentos de movimentação de carga, de maior capacidade e sofisticação. O controlo de parâmetros ambientais, a modela- ção física ou numérica, para simular ocorrências críticas, são campos permanentemente abertos à inovação. A segurança no controlo de tráfego, através de sistemas que aliam o sinal de radar, a sistemas de identificação de navios e às comunicações, permitem alcançar patamares mais elevados para a realização de manobras de entrada e de saída dos portos», concluiu.

04/12/2016
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