Acordo de comércio livre EUA-UE criaria 42 mil empregos em Portugal

Acordo de comércio livre EUA-UE criaria 42 mil empregos em Portugal

Caso o acordo de comércio livre entre a União Europeia e os Estados Unidos se concretize, o mercado de trabalho português será o segundo mais beneficiado da Zona Euro.

Segundo estimativas publicadas ontem, no mesmo dia em que foi anunciado o início das negociações, esse acordo pode resultar numa descida de 0,76 pontos percentuais da taxa de desemprego e a criação de 42,5 mil postos de trabalho em Portugal.
 
As projecções foram realizadas pelo 'think tank' alemão Ifo e publicadas pela Fundação Bertelsmann, apresentando o impacto que o acordo teria para cada país envolvido, bem como para países terceiros. Segundo o estudo, se o acordo resultar numa "profunda liberalização" da relação comercial entre os dois países, o Ifo espera uma descida de 0,76 pontos da taxa de desemprego.
 
Entre os países da moeda única, apenas a Irlanda teria uma descida maior (0,84). Também há estimativas para as remunerações. Segundo o mesmo estudo, os salários reais cresceriam 4,03%. Novamente, apenas superado pela Irlanda (4,61%). Contudo, num cenário em que o acordo seja menos abrangente, os impactos serão muito menos significativos. A criação de emprego, por exemplo, ficará pelos 10,9 mil.
 
As negociações para firmar este acordo de comércio livre entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos terão início em Julho e o palco para a primeira reunião vai ser Washington. Barack Obama, Durão Barroso, Herman Van Rompuy e David Cameron aproveitaram uma conferência de imprensa durante a cimeira do G8, que decorre em Lough Erne na Irlanda do Norte, para fazerem o lançamento oficial das negociações.
 
Durante o anúncio, os líderes reconheceram que as negociações "não serão fáceis", mas mostraram-se confiantes num bom termo para as negociações. Caso o acordo se concretize vai produzir a maior zona comercial livre do mundo. Segundo Durão Barroso, o início das negociações vai ser "decisivo para a economia global", refere o "Wall Street Journal". Por seu lado, Barack Obama afirmou que a ideia do acordo foi "recebida calorosamente nos Estados Unidos" e que alcançar um bom fim para o projecto "vai ser uma prioridade pessoal e do Governo" norte-americano.
 
As intenções para a formação de um acordo foram conhecidas em Fevereiro, aquando do discurso anual de Barack Obama no Congresso norte-americano, mas o âmbito do acordo está a ser analisado desde Novembro de 2011.
 
Se o acordo for concluído com sucesso, a economia europeia deverá receber um estímulo equivalente a 0,5% do PIB. O mesmo crescimento é válido para os Estados Unidos, que em 2027 devem ver um ganho adicional de 0,4% no PIB. Traduzindo em números, o acordo deverá render 119 mil milhões de euros à Europa e 95 mil milhões aos Estados Unidos, de acordo com os cálculos já efectuados pela Comissão Europeia. Inúmeros postos de trabalho devem ainda ser criados de ambos os lados do Atlântico.


http://www.jornaldenegocios.pt/economia/emprego/detalhe/acordo_de_comercio_livre_eua_ue_criaria_42_mil_empregos_em_portugal.html


Mas este cenário baseia-se numa ampla liberalização dos sectores económicos. Tal é impossível. No cenário mais mitigado, corte apenas de tarifas aduaneiras, os ganhos seriam menores.

Pode-se consultar aqui o estudo: http://www.ged-shorts.org/wp-content/uploads/2013/06/Study-TTIP_final_ENG.pdf


Este novo modelo que eles utilizam pretende ir mais além que os tradicionais modelos de simulação. Não conheço muito bem estes trabalhos, mas desconfio quase sempre deles. Por norma, baseiam-se em premissas que nunca ocorrem. E baseiam-se em modelos de equilibrio. Ora, equilibrio é aquilo que nunca ocorre em economia.  São sempre transitórios estes equilibrios.

Este estudo também se baseia em dados até 2010. Nestes três anos, muita coisa mudou. Tanto na europa como nos EUA.

Estudos similares sobre o acordo entre os gringos e os su-lkoreanos parece que vieram a revelar-se um flop. E sim, os sul-koreanos são mesmo os grandes vencedores do acordo entre eles.

Uma coisa eu concordo de caras com eles. Os ingleses seriam o que teriam mais a ganhar com o acordo amplo. Mas tal não deverá ocorrer. Por outro lado, se os ingleses sairem da UE, os ganhos para Portugal seriam muito mas muito maiores. 

Um acordo, qualquer ele que seja, irá beneficiar sempre Portugal. A questão da geografia tem muito peso e o centro desta gigantesca área comercial (cerca de 2/5 do PIB mundial para cerca de 12% da população mundial) será Portugal. Se os ingleses sairem da UE, os ganhos para Portugal seriam muito maiores. 


A título de exemplo, Portugal seria o grande beneficiário por aceder ao gás natural americano. E potencial porta-de-entrada desse gás na europa.

Também seria um dos grandes beneficiários a nível dos nossos sectores tradicionais, como o calçado, textil, alimentação, etc.

O nosso sector dos portos também seria um dos grandes beneficiários e eventual explosão nas actividades do hinterland do Porto de Sines.

E, por fim, seria a escolha natural para o IDE exterior da Europa e dos EUA, onde poderiam aceder aos dois mercados a custos muito mais baixos. Aqui os custos de transporte e menor intensidade de trafego ajudariam imenso Portugal. 

Oxalá se faça um acordo a sério. Mas tenho poucas esperanças.