Norte e Centro quer decisão do Governo sobre o Aveiro-Vilar Formoso

Autarcas e dirigentes do Norte e Centro querem que o Governo decida, de forma inequívoca, a modernização da ferrovia entre Aveiro e Vilar Formoso. O apelo-exigência foi relançado ontem, numa reunião em Santa Maria da Feira que contou também com a participação de representantes das comunidades portuárias e de especialistas do sector.
 
"Esta é última oportunidade, nas próximas décadas, para o Governo fazer uma boa opção, que sirva o Norte e o Centro, e o país como um todo", realçou no final do encontro Almeida Henriques, presidente da Câmara de Viseu.
 
"A decisão tem que ser tomada até final do ano, até porque é preciso fazer estudos que permitam lançar os concursos públicos - na prática, estamos a falar de 10 anos", acrescentou o ex-secretário de Estado da Economia e do Desenvolvimento Regional.
 
Almeida Henriques foi o porta-voz dos autarcas e referiu que o Governo tem que escolher até final do ano que investimentos serão abrangidos pelos 2000 milhões de euros disponíveis para estruturas ferroviárias.
 
Considerando os projectos que vêm sendo defendidos para a Linha da Beira Alta e para o corredor ferroviário de Sines até Salamanca, Almeida Henriques admitiu que nem todos possam ter seguimento, mas defendeu que a ligação de Aveiro a Vilar Formoso é a alternativa que melhor serve as duas regiões mais exportadoras do país.
 
"O que não queríamos que acontecesse é que o Governo mais uma vez fizesse opções para valorizar sobretudo o Sul do país", avisou. "Uma certeza é que o corredor de Sines será feito (?), mas as regiões Norte e Centro é que são as mais exportadoras do país e estão a apresentar superavit", observou.
 
O autarca de Viseu reconheceu que, nos últimos encontros com a tutela, o diálogo fez prever a adopção de "uma solução mista de criação de uma via nova entre Aveiro e Mangualde, com a modernização da linha da Beira Alta, que se estima que possa ser feita por 1 100 milhões de euros".
 
Em relação aos 900 milhões que o Governo apresentou como disponíveis para a Beira Alta, "está-se a falar de uma discrepância de cerca de 200 milhões de euros, que poderia ser comportada pelos dois Programas Operacionais Regionais [do Norte e Centro]".
 
Afinal, sem um investimento na linha de Aveiro a Vilar Formoso que acompanhe a aposta em Sines, "Norte e Centro ficam excêntricos", alertou Almeida Henriques, e estar-se-á a "dar centralidade a Salamanca, o que não será bom para Portugal".

04-07-2014