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Dois meses de peregrinações a Évora
Olhar Sines no Futuro :: Categoria :: Portugal :: Alentejo
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Dois meses de peregrinações a Évora
Dizia o ex-primeiro-ministro quando regressou a Portugal que vinha mudar a narrativa. Eu estava longe de pensar que havia literalidade na observação.
- Então, já foste visitar o homem? Não te vi na televisão.
- Não, não fui. Tenho tido muito trabalho. Princípio do ano, sabes como é... Mas eu também ainda não te vi. Já lá foste?
- Fui pois. Vê hoje na SIC.
Dizia o ex-primeiro-ministro e estrela do comentário (hoje conhecido por 44) quando regressou a Portugal do seu exílio filosófico, que vinha para mudar a narrativa. Pois eu estava longe de pensar que havia literalidade na observação.
A narrativa ex-Primeiro-Ministro em prisão preventiva a ser visitado por amigos socialistas é irresistível para as televisões que têm ali um formato barato e vencedor. O protagonista não aparece, aparecem imagens antigas vindas do passado glorioso e todo o seu estado de espírito, preocupações e elucubrações é dado por terceiros; ele está subentendido atrás das grades, ou melhor, do portão, que, juntamente com as ruas limítrofes, é o espaço da acção. E a história avança como? Através dos figurantes e das personagens secundárias socialistas à porta da prisão; são eles que contam a história, ainda que mal contada, e esse é um dos charmes do formato porque nos põem a tentar descortinar o enredo. É uma espécie de amigos de Alex só que o Alex não está morto, está preso e fala por interposta pessoa. Ou então fala de forma epistolar, o que também é um eficaz expediente narrativo. Enquanto isso o povo crucifica o homem na praça pública, hoje chamada de rede social, e o PS não descola nas sondagens.
Deve ser difícil ser PS nestes tempos em que o partido parece estar preventivamente preso de movimentos. Tudo o que o PS produziu de política nestes últimos dois meses, foi peregrinações; peregrinações a Évora para ver o amigo preso e arengar cabalas contra a justiça. Bem pôde o bom Costa ter avisado, logo à partida, que uma coisa é política outra é amizade, que aquela gente socialista não distingue uma coisa da outra. O que é patético e não ajuda ninguém: nem o PS e o seu líder, nem a oposição em geral, nem a política, nem mesmo o cidadão que procura, muito justamente, alternativas, mas que ao ver aquela velha e gasta tralha socialista à porta da prisão não consegue deixar de ter flashbacks indo parar a 2010/11.
A amizade pode ser a coisa mais linda do mundo - no caso não sei se é amizade, devoção ou dever - mas neste caso, as peregrinações não servem ao PS; mesmo que o homem se safe. A razão é que ninguém no mundo, à direita, ao centro e à esquerda, exceptuando os seus compagnons de route, gosta de Sócrates. A amizade que os seus correligionários mostram em peregrinação, e que é, como já disse, a coisa mais linda, não se transmite à população; muito menos pela televisão. Ao contrário. Cada visita contribui para aumentar a desconfiança, os rumores sobre a culpabilidade do homem e os seus peculiares hábitos financeiros; cada visita, cada reportagem, cada declaração sobre cabalas e conspirações afasta-nos: não de Sócrates, de que já nos afastamos todos em 2011, mas do PS e de uma alternativa.
Por Pedro Bidarra
29/01/2015 | 23:00 | Dinheiro Vivo
- Então, já foste visitar o homem? Não te vi na televisão.
- Não, não fui. Tenho tido muito trabalho. Princípio do ano, sabes como é... Mas eu também ainda não te vi. Já lá foste?
- Fui pois. Vê hoje na SIC.
Dizia o ex-primeiro-ministro e estrela do comentário (hoje conhecido por 44) quando regressou a Portugal do seu exílio filosófico, que vinha para mudar a narrativa. Pois eu estava longe de pensar que havia literalidade na observação.
A narrativa ex-Primeiro-Ministro em prisão preventiva a ser visitado por amigos socialistas é irresistível para as televisões que têm ali um formato barato e vencedor. O protagonista não aparece, aparecem imagens antigas vindas do passado glorioso e todo o seu estado de espírito, preocupações e elucubrações é dado por terceiros; ele está subentendido atrás das grades, ou melhor, do portão, que, juntamente com as ruas limítrofes, é o espaço da acção. E a história avança como? Através dos figurantes e das personagens secundárias socialistas à porta da prisão; são eles que contam a história, ainda que mal contada, e esse é um dos charmes do formato porque nos põem a tentar descortinar o enredo. É uma espécie de amigos de Alex só que o Alex não está morto, está preso e fala por interposta pessoa. Ou então fala de forma epistolar, o que também é um eficaz expediente narrativo. Enquanto isso o povo crucifica o homem na praça pública, hoje chamada de rede social, e o PS não descola nas sondagens.
Deve ser difícil ser PS nestes tempos em que o partido parece estar preventivamente preso de movimentos. Tudo o que o PS produziu de política nestes últimos dois meses, foi peregrinações; peregrinações a Évora para ver o amigo preso e arengar cabalas contra a justiça. Bem pôde o bom Costa ter avisado, logo à partida, que uma coisa é política outra é amizade, que aquela gente socialista não distingue uma coisa da outra. O que é patético e não ajuda ninguém: nem o PS e o seu líder, nem a oposição em geral, nem a política, nem mesmo o cidadão que procura, muito justamente, alternativas, mas que ao ver aquela velha e gasta tralha socialista à porta da prisão não consegue deixar de ter flashbacks indo parar a 2010/11.
A amizade pode ser a coisa mais linda do mundo - no caso não sei se é amizade, devoção ou dever - mas neste caso, as peregrinações não servem ao PS; mesmo que o homem se safe. A razão é que ninguém no mundo, à direita, ao centro e à esquerda, exceptuando os seus compagnons de route, gosta de Sócrates. A amizade que os seus correligionários mostram em peregrinação, e que é, como já disse, a coisa mais linda, não se transmite à população; muito menos pela televisão. Ao contrário. Cada visita contribui para aumentar a desconfiança, os rumores sobre a culpabilidade do homem e os seus peculiares hábitos financeiros; cada visita, cada reportagem, cada declaração sobre cabalas e conspirações afasta-nos: não de Sócrates, de que já nos afastamos todos em 2011, mas do PS e de uma alternativa.
Por Pedro Bidarra
29/01/2015 | 23:00 | Dinheiro Vivo
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