Portugal e Espanha vão apresentar projetos complementares junto de Bruxelas

José Llorca Ortega, presidente da espanhola Puertos del Estado, esteve esta segunda-feira no porto de Sines, onde reuniu com Vítor Caldeirinha, presidente da Associação dos Portos de Portugal (APP). Em cima da mesa esteve a cooperação em várias matérias, nomeadamente na apresentação de candidaturas integradas a fundos comunitários no âmbito da Port Single Window. Recorde-se que as candidaturas a estes fundos acabam já no final deste mês, pelo que as conclusões deste encontro assumirão especial relevância.

O presidente da Puertos del Estado foi recebido em Sines por Vítor Caldeirinha e por João Franco, presidente da Administração dos Portos de Sines e do Algarve, aos quais se juntou toda uma comitiva de representantes dos vários portos nacionais. Em Sines, Llorca Ortega teve possibilidade de ficar a conhecer de perto a realidade do porto local e de ferramentas como a Janela Única Logística, sistema que será replicado em Espanha (também desenvolvido pela Indra). 

"O tema principal em discussão foi a questão das candidaturas integradas no âmbito da Port Single Window aos fundos comunitários. Queremos fazer candidaturas harmonizadas e estandardizadas", assumiu Vítor Caldeirinha, ressalvando que cada país apresentará as suas propostas mas que os projetos são pensados a um nível ibérico (e consequentemente europeu) e não a um nível nacional. 

O presidente da APP adiantou ainda que outro tema em cima da mesa foi a "candidatura a projetos no âmbito dos navios a LNG", considerado como o combustível do futuro no transporte marítimo e alvo de aposta e de fundos importantes a nível europeu.

Outro tema discutido foram as ligações ferroviárias entre os dois países. José Llorca Ortega recordou que a Espanha já está a apostar na bitola europeia, embora numa primeira fase recorrendo ao terceiro carril, até porque muito do material circulante espanhol está preparado para a bitola ibérica - tal como em Portugal. No âmbito ferroviário, Portugal e Espanha manifestam então vontade de criar uma rede ferroviária em bitola europeia que permita que os portos portugueses e espanhóis alarguem o seu hinterland e cheguem além-Pirinéus.

Temas como a flexibilização da mão-de-obra portuária portuguesa, que pode ser replicada em Espanha, ou a criação de um domínio público portuário em Portugal à imagem do exemplo espanhol estiveram também em cima da mesa, mostrando que os países estão atentos ao que se faz do outro lado da fronteira e preparados para colaborar em assuntos de especial importância.

José Llorca Ortega fez ainda questão de reforçar a localização geográfica central da Península a nível de rotas marítimas, salientando que é importante para ambos os países "ter uma marca conjunta que venda essa localização geográfica privilegiada".

Autor/fonte: Joni Francisco
18.02.2015
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No encontro entre Vítor Caldeirinha e José Llorca Ortega, foram analisados os vários projectos que Portugal e Espanha se propõem apresentar conjuntamente em Bruxelas, no âmbito da primeira chamada de candidaturas ao programa CEF (“Ligar a Europa”), tentando potenciar o factor transfronteiriço.

A JUL, um desenvolvimento da Janela Única Portuária que permite articular todos os operadores da cadeia logística ligada ao transporte marítimo (ferrovia, rodovia e terminais de segunda linha), foi o principal tema abordado.

Segundo Vítor Caldeirinha, presidente da APP, a proposta portuguesa envolve os sete portos nacionais, 16 investidores, entre os quais a CP Carga e a Refer, e 16 parceiros que apoiam a candidatura.

Com um orçamento de seis milhões de euros e dois anos e meio de prazo de execução, na parte portuguesa, a implementação da JUL permitirá reduzir os tempos administrativos, aumentando a competitividade das cadeias de transporte, explicou o dirigente da APP.

A JUL já está em operação a partir do porto de Sines e envolvendo o Terminal XXI, a MSC, a CP Carga e os terminais ferroviários da Bobadela e da MSC Entroncamento.

Portugal e Espanha estão também a colaborar em candidaturas para o desenvolvimento de infra-estruturas de abastecimento de combustíveis alternativos para os navios, sobretudo o gás natural liquefeito (GNL).

“Estamos convencidos, bem como os operadores logísticos do gás, de que a utilização do gás no transporte marítimo vai ser essencial nos próximos anos”, sustentou José Llorca Ortega.

O “ecobono”, um projecto que visa criar subsídios dirigidos aos transportadores para favorecer o transporte marítimo de curta distância, foi outro dos temas que ocuparam os responsáveis.

Ambas as partes afirmaram ainda o “interesse” em que se “complete a ligação [ferroviária] entre Portugal e Espanha”.

“Acreditamos em sinergias positivas entre a ferrovia e os portos”, disse o presidente da Puertos del Estado, acrescentando que, para “potenciar” a posição geoestratégica dos dois países, estes devem “ser interoperáveis com a Europa”, uma questão que têm de “enfrentar definitivamente”.

De acordo com o presidente da holding portuária espanhola, apesar de estarem “em concorrência”, pode ser “benéfico” para os portos de Portugal e de Espanha terem “uma marca conjunta que venda” a sua “posição central em relação ao transporte marítimo internacional”.

“Pode-se dizer que a Península é o centro do mundo no que diz respeito ao transporte marítimo, pelo que as possibilidades de captação de tráfego nos nossos portos são importantes”, defendeu o dirigente da Puertos del Estado, em declarações aos jornalistas no final do encontro.


* Com Lusa
16 Fevereiro, 2015 at 18:10
por T&N