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Portugal no espelho dos outros
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Portugal no espelho dos outros
Tipicamente, Portugal parece olhar com algum cepticismo para as suas capacidades e, de algum modo, este comportamento transparece na interacção com terceiros. Porém, algo está a mudar.
Uma forma de ajuizar como Portugal se alterou nos últimos anos passa por analisar como os outros nos percepcionam. A este respeito é interessante acompanhar o que a imprensa estrangeira tem escrito sobre Portugal fora da esfera financeira.
Quem se sentar este mês num avião operado pela companhia aérea British Airways, vai ter como leitura de bordo um artigo dedicado a dois chefes portugueses: um, com grande sucesso em Londres, onde abriu recentemente um novo espaço de restauração, e outro, igualmente bem-sucedido, a trabalhar em Lisboa. Ainda este mês, a revista Wallpaper*, considerada uma referência das mais recentes tendências mundiais, publica um artigo sobre jovens arquitectos promissores, com destaque para uma dupla portuguesa, que vê o seu projecto na capa da publicação. Em qualquer secção de livros de arquitectura ou em museus dedicados a esta área pelo mundo fora, invariavelmente encontra-se arquitectos portugueses ao lado de nomes como Ando, Piano, Herzog & de Meuron, ou Hadid. Na sexta-feira passada, no suplemento de fim-de-semana, o Wall St. Journal dedicava a sua secção de viagens à Madeira. Podemos estender esta lista: às secções dedicadas pelo Financial Times a estadias curtas no Porto, Lisboa, Douro, entre outros; aos anúncios de uma companhia "low-cost" aos Açores; … Nos últimos anos, cada vez com maior frequência se encontram alemães, franceses ou ingleses que visitam regularmente Portugal e se aventuram por destinos turísticos mais originais.
Noutra vertente, quando o Financial Times escreve sobre tecnologias de informação na Europa, recolhe declarações de empresas francesas a louvar os engenheiros portugueses, que contratam em regime de teletrabalho. Um dos maiores grupos financeiros franceses tem vindo a alargar as suas operações em Portugal. Tendo começado com a instalação de um "call center", este tem crescido em dimensão e competências em resultado da qualidade da mão-de-obra local. Em sectores mais tradicionais como os sectores têxtil ou do calçado, com frequência encontram-se sapatos de marcas portuguesas em Londres, Paris, Nova Iorque, ou Helsínquia. Um conhecido retalhista de vestuário sueco fabrica os sapatos para a sua marca de topo em Portugal, enquanto o seu principal concorrente espanhol também produz em Portugal, sobretudo malhas para a sua marca de topo. Na próxima vez que viajar, tente-se a entrar em algum grande armazém e olhar para as etiquetas com indicação da origem da produção. As secções de têxteis-lar, vestuário, e calçado podem reservar boas surpresas.
Em Amsterdão, constata-se a presença de alguns vinhos portugueses de mesa em oferta na carta de vinhos de restaurantes locais. Nos EUA, para além de garrafas de vinho do Porto ou Madeira, começa a surgir alguma selecção de vinhos de mesa com proveniência de Portugal. Em Itália, encontram-se algumas marcas de azeite português, num mercado tradicionalmente dominado por produtos locais.
Estes sinais de alteração da percepção dos produtos portugueses ilustram o esforço e investimento realizados durante mais de uma década no sentido de maior promoção, melhor adequação dos canais de distribuição, incremento da incorporação de valor no produto final. Esta evolução apenas poderá enraizar-se com persistência e consistência de esforço e empenho, no seguimento do que se tem vindo a observar. Estereótipos demoram tempo a ser alterados e somente pela acumulação de evidência poderão ser contrariados com sucesso. A crise catapultou Portugal para as páginas dos jornais, despertou interesse e curiosidade pelo país, os seus produtos e serviços. Existem provas de mudança e de como a abertura ao exterior tem sido um catalisador de maior dinamismo. Portugal parece disposto a abraçar o desafio dos mercados externos e estes afiguram-se disponíveis para acolher essa proposta de valor. A consolidação dos primeiros ventos de mudança depende da continuação do caminho trilhado; pois, todas as primícias são delicadas.
Economista
19 Junho 2015, 00:01 por Cristina Casalinho
Negócios
Uma forma de ajuizar como Portugal se alterou nos últimos anos passa por analisar como os outros nos percepcionam. A este respeito é interessante acompanhar o que a imprensa estrangeira tem escrito sobre Portugal fora da esfera financeira.
Quem se sentar este mês num avião operado pela companhia aérea British Airways, vai ter como leitura de bordo um artigo dedicado a dois chefes portugueses: um, com grande sucesso em Londres, onde abriu recentemente um novo espaço de restauração, e outro, igualmente bem-sucedido, a trabalhar em Lisboa. Ainda este mês, a revista Wallpaper*, considerada uma referência das mais recentes tendências mundiais, publica um artigo sobre jovens arquitectos promissores, com destaque para uma dupla portuguesa, que vê o seu projecto na capa da publicação. Em qualquer secção de livros de arquitectura ou em museus dedicados a esta área pelo mundo fora, invariavelmente encontra-se arquitectos portugueses ao lado de nomes como Ando, Piano, Herzog & de Meuron, ou Hadid. Na sexta-feira passada, no suplemento de fim-de-semana, o Wall St. Journal dedicava a sua secção de viagens à Madeira. Podemos estender esta lista: às secções dedicadas pelo Financial Times a estadias curtas no Porto, Lisboa, Douro, entre outros; aos anúncios de uma companhia "low-cost" aos Açores; … Nos últimos anos, cada vez com maior frequência se encontram alemães, franceses ou ingleses que visitam regularmente Portugal e se aventuram por destinos turísticos mais originais.
Noutra vertente, quando o Financial Times escreve sobre tecnologias de informação na Europa, recolhe declarações de empresas francesas a louvar os engenheiros portugueses, que contratam em regime de teletrabalho. Um dos maiores grupos financeiros franceses tem vindo a alargar as suas operações em Portugal. Tendo começado com a instalação de um "call center", este tem crescido em dimensão e competências em resultado da qualidade da mão-de-obra local. Em sectores mais tradicionais como os sectores têxtil ou do calçado, com frequência encontram-se sapatos de marcas portuguesas em Londres, Paris, Nova Iorque, ou Helsínquia. Um conhecido retalhista de vestuário sueco fabrica os sapatos para a sua marca de topo em Portugal, enquanto o seu principal concorrente espanhol também produz em Portugal, sobretudo malhas para a sua marca de topo. Na próxima vez que viajar, tente-se a entrar em algum grande armazém e olhar para as etiquetas com indicação da origem da produção. As secções de têxteis-lar, vestuário, e calçado podem reservar boas surpresas.
Em Amsterdão, constata-se a presença de alguns vinhos portugueses de mesa em oferta na carta de vinhos de restaurantes locais. Nos EUA, para além de garrafas de vinho do Porto ou Madeira, começa a surgir alguma selecção de vinhos de mesa com proveniência de Portugal. Em Itália, encontram-se algumas marcas de azeite português, num mercado tradicionalmente dominado por produtos locais.
Estes sinais de alteração da percepção dos produtos portugueses ilustram o esforço e investimento realizados durante mais de uma década no sentido de maior promoção, melhor adequação dos canais de distribuição, incremento da incorporação de valor no produto final. Esta evolução apenas poderá enraizar-se com persistência e consistência de esforço e empenho, no seguimento do que se tem vindo a observar. Estereótipos demoram tempo a ser alterados e somente pela acumulação de evidência poderão ser contrariados com sucesso. A crise catapultou Portugal para as páginas dos jornais, despertou interesse e curiosidade pelo país, os seus produtos e serviços. Existem provas de mudança e de como a abertura ao exterior tem sido um catalisador de maior dinamismo. Portugal parece disposto a abraçar o desafio dos mercados externos e estes afiguram-se disponíveis para acolher essa proposta de valor. A consolidação dos primeiros ventos de mudança depende da continuação do caminho trilhado; pois, todas as primícias são delicadas.
Economista
19 Junho 2015, 00:01 por Cristina Casalinho
Negócios
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