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Quanto vale o nosso voto?
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Quanto vale o nosso voto?
A manutenção das actuais regras é vantajosa e a sua alteração poderia fazer perigar os equilíbrios políticos existentes. Não é aliás por acaso que todos lamentam a abstenção na noite eleitoral e que depressa a esquecem nos dias seguintes, e não é aliás por acaso que pouco ou nada de substancial muda quando votamos.
Defendi em tempos que o recenseamento eleitoral deveria ser livre e o número de deputados a eleger deveria depender do número de recenseados livremente inscritos nos cadernos eleitorais. É uma ideia distinta da que propõe a existência de cadeiras vazias para assinalar os votos brancos e as abstenções, uma vez que submete o número de deputados a eleger ao número de cidadãos que efectivamente participam no processo eleitoral.
Teríamos assim um modo de acabar com o equívoco de um sistema que se mantém inalterado em nome da relação dos eleitores com os deputados, mas é completamente insensível ao facto de uma parte considerável desses eleitores simplesmente não votarem. Em termos simples, esta ideia permitiria que, sem alterarmos o número máximo de membros do parlamento, o número de deputados eleitos em cada eleição variasse consoante o nível de adesão dos cidadãos. Maior participação significaria maior número de candidatos a deputados, menor participação implicaria um número mais reduzido.
Como é óbvio, o sistema reagirá sempre mal a esta possibilidade. A manutenção das actuais regras é vantajosa e a sua alteração poderia fazer perigar os equilíbrios políticos existentes. Não é aliás por acaso que todos lamentam a abstenção na noite eleitoral e que depressa a esquecem nos dias seguintes, e não é aliás por acaso que pouco ou nada de substancial muda quando votamos. E esta é uma razão válida, pelo menos para mim, para que nos questionemos quanto ao valor do nosso voto.
Escreve à quarta-feira
Manuel Monteiro
05/08/2015 08:00
Jornal i
Defendi em tempos que o recenseamento eleitoral deveria ser livre e o número de deputados a eleger deveria depender do número de recenseados livremente inscritos nos cadernos eleitorais. É uma ideia distinta da que propõe a existência de cadeiras vazias para assinalar os votos brancos e as abstenções, uma vez que submete o número de deputados a eleger ao número de cidadãos que efectivamente participam no processo eleitoral.
Teríamos assim um modo de acabar com o equívoco de um sistema que se mantém inalterado em nome da relação dos eleitores com os deputados, mas é completamente insensível ao facto de uma parte considerável desses eleitores simplesmente não votarem. Em termos simples, esta ideia permitiria que, sem alterarmos o número máximo de membros do parlamento, o número de deputados eleitos em cada eleição variasse consoante o nível de adesão dos cidadãos. Maior participação significaria maior número de candidatos a deputados, menor participação implicaria um número mais reduzido.
Como é óbvio, o sistema reagirá sempre mal a esta possibilidade. A manutenção das actuais regras é vantajosa e a sua alteração poderia fazer perigar os equilíbrios políticos existentes. Não é aliás por acaso que todos lamentam a abstenção na noite eleitoral e que depressa a esquecem nos dias seguintes, e não é aliás por acaso que pouco ou nada de substancial muda quando votamos. E esta é uma razão válida, pelo menos para mim, para que nos questionemos quanto ao valor do nosso voto.
Escreve à quarta-feira
Manuel Monteiro
05/08/2015 08:00
Jornal i
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