Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 70 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 70 visitantes Nenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Portugal é tão sensível ao crude quanto a China. Consumo vale 3,8%
Página 1 de 1
Portugal é tão sensível ao crude quanto a China. Consumo vale 3,8%
Portugal já consome quase tanta energia de fontes renováveis como do petróleo. Problema: 80% do crude é importado
Para o bem e para o mal, Portugal ainda é um país relativamente dependente (importador líquido) do petróleo e consome por ano um valor equivalente a 3,8% do produto interno bruto (PIB), tanto quanto a China ou a Lituânia, indicam cálculos do Dinheiro Vivo com base em números da petrolífera BP e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para o mal, pode-se recordar o choque de preços em 2008 (o contrato de Brent atingiu um pico de 144 euros por barril no início de julho), empurrando o país para uma das maiores recessões da história moderna num ambiente globalmente volátil, sobretudo na banca e nos mercados financeiros. Em 2011 e 2012, surgiriam réplicas deste movimento especulativo, que estragariam ainda mais a economia, corriam já o ajustamento e a austeridade do governo e da troika.
Para o bem, há o exemplo deste ano. A economia portuguesa, que entretanto começou a crescer devagar, está a beneficiar da descida pronunciada dos preços internacionais da matéria-prima, apesar da depreciação do euro, que retira poder de compra (os barris de petróleo são negociados em dólares).
Segundo dados da Fed de Saint Louis, EUA, o preço médio diário desde início do ano (até esta semana) já vai em 55,8 dólares por barril, quase metade da média diária do ano passado, que ficou em 99 dólares. Em euros, a queda também é grande: de 74,5 euros por barril (média diária de 2014) para 50 euros (média desde início de 2015).
Se Portugal exporta muito petróleo (a Galp é, justamente, um dos trunfos da força exportadora do país), como é que a desvalorização do crude (que come o valor vendido) ajuda a economia? Via consumo, custos de transporte mais baixos e menor carga sobre as empresas, designadamente as indústrias mais intensivas no uso de combustíveis e eletricidade. Isso faz baixar os preços (do produtor ao consumidor), induz artificialmente mais competitividade.
Nas contas públicas o efeito também é benigno por via do impulso sobre o consumo (Estado consegue cobrar mais impostos) e com menos despesa (ver texto em baixo).
Tivesse o país mais investimento (privado ou público) e reparado o esvaziamento da capacidade produtiva dos últimos anos e esta conjuntura, que deve ser temporária, teria ainda resultados mais favoráveis.
Os grandes números ajudam a explicar o que está em jogo. Portugal é um consumidor relativo de petróleo médio em termos mundiais. A fatura do consumo (em dólares, 2014) pesa tanto cá quanto na China (os tais 3,8% do PIB).
Os consumidores mais emancipados são Suíça (1,1% do produto), Dinamarca e Noruega (ambos com 1,7%). A Noruega é um dos grandes produtores mundiais, o que dilui o peso do seu consumo.
Do lado oposto, estão os países mais sensíveis ao crude. Os maiores consumidores (também em proporção do PIB) são Arábia Saudita (15,3%) e Singapura (14,9%).
Portugal tem conseguido reduzir a um bom ritmo a dependência das energias fósseis, mas continua a ter de importar a maior parte da energia de que necessita. A dependência é "elevada".
Segundo o Ministério do Ambiente e Energia, "em termos da estrutura de importação, em euros, verifica-se que a nossa dependência externa, no que se refere aos produtos de petróleo, ainda continua elevada, na ordem dos 80% (-2,3 pontos percentuais em relação a 2013)". Desses 80%, os produtos mais importantes são "outros componentes" (34%) e gasóleos (18%).
"Em 2014, o saldo importador de produtos energéticos [importações menos exportações] cifrou-se em 5,7 mil milhões de euros", diz o ministério, o que ainda assim "representa uma melhoria de 8,4% relativamente ao valor de 2013 (6,2 mil milhões de euros). Portugal está a conseguir importar menos energia e como os preços também estão a cair, a fatura externa cai de forma significativa.
E isto é para continuar? Para Rabah Arezki e Akito Matsumoto, dois peritos em matérias-primas do FMI, "é mais provável termos uma era de preços muito mais baixos do que no passado recente".
Elencam vários fatores que concorrem para essa ideia: "A decisão da OPEP em manter o nível de produção", "a forte produção de petróleo shale [xisto] nos EUA" e a "grande capacidade de produção resultando dos investimentos já realizados". Tudo isto contribui para "um excesso de oferta sem precedentes".
Do lado da procura, os analistas destacam "o abrandamento dos mercados emergentes e das economias avançadas".
Por Luís Reis Ribeiro
18/09/2015 | 23:30 | Dinheiro Vivo
Produção de petróleo em Saskatchewan, Canadá
REUTERS/Dan Riedlhuber
Para o bem e para o mal, Portugal ainda é um país relativamente dependente (importador líquido) do petróleo e consome por ano um valor equivalente a 3,8% do produto interno bruto (PIB), tanto quanto a China ou a Lituânia, indicam cálculos do Dinheiro Vivo com base em números da petrolífera BP e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para o mal, pode-se recordar o choque de preços em 2008 (o contrato de Brent atingiu um pico de 144 euros por barril no início de julho), empurrando o país para uma das maiores recessões da história moderna num ambiente globalmente volátil, sobretudo na banca e nos mercados financeiros. Em 2011 e 2012, surgiriam réplicas deste movimento especulativo, que estragariam ainda mais a economia, corriam já o ajustamento e a austeridade do governo e da troika.
Para o bem, há o exemplo deste ano. A economia portuguesa, que entretanto começou a crescer devagar, está a beneficiar da descida pronunciada dos preços internacionais da matéria-prima, apesar da depreciação do euro, que retira poder de compra (os barris de petróleo são negociados em dólares).
Segundo dados da Fed de Saint Louis, EUA, o preço médio diário desde início do ano (até esta semana) já vai em 55,8 dólares por barril, quase metade da média diária do ano passado, que ficou em 99 dólares. Em euros, a queda também é grande: de 74,5 euros por barril (média diária de 2014) para 50 euros (média desde início de 2015).
Se Portugal exporta muito petróleo (a Galp é, justamente, um dos trunfos da força exportadora do país), como é que a desvalorização do crude (que come o valor vendido) ajuda a economia? Via consumo, custos de transporte mais baixos e menor carga sobre as empresas, designadamente as indústrias mais intensivas no uso de combustíveis e eletricidade. Isso faz baixar os preços (do produtor ao consumidor), induz artificialmente mais competitividade.
Nas contas públicas o efeito também é benigno por via do impulso sobre o consumo (Estado consegue cobrar mais impostos) e com menos despesa (ver texto em baixo).
Tivesse o país mais investimento (privado ou público) e reparado o esvaziamento da capacidade produtiva dos últimos anos e esta conjuntura, que deve ser temporária, teria ainda resultados mais favoráveis.
Os grandes números ajudam a explicar o que está em jogo. Portugal é um consumidor relativo de petróleo médio em termos mundiais. A fatura do consumo (em dólares, 2014) pesa tanto cá quanto na China (os tais 3,8% do PIB).
Os consumidores mais emancipados são Suíça (1,1% do produto), Dinamarca e Noruega (ambos com 1,7%). A Noruega é um dos grandes produtores mundiais, o que dilui o peso do seu consumo.
Do lado oposto, estão os países mais sensíveis ao crude. Os maiores consumidores (também em proporção do PIB) são Arábia Saudita (15,3%) e Singapura (14,9%).
Portugal tem conseguido reduzir a um bom ritmo a dependência das energias fósseis, mas continua a ter de importar a maior parte da energia de que necessita. A dependência é "elevada".
Segundo o Ministério do Ambiente e Energia, "em termos da estrutura de importação, em euros, verifica-se que a nossa dependência externa, no que se refere aos produtos de petróleo, ainda continua elevada, na ordem dos 80% (-2,3 pontos percentuais em relação a 2013)". Desses 80%, os produtos mais importantes são "outros componentes" (34%) e gasóleos (18%).
"Em 2014, o saldo importador de produtos energéticos [importações menos exportações] cifrou-se em 5,7 mil milhões de euros", diz o ministério, o que ainda assim "representa uma melhoria de 8,4% relativamente ao valor de 2013 (6,2 mil milhões de euros). Portugal está a conseguir importar menos energia e como os preços também estão a cair, a fatura externa cai de forma significativa.
E isto é para continuar? Para Rabah Arezki e Akito Matsumoto, dois peritos em matérias-primas do FMI, "é mais provável termos uma era de preços muito mais baixos do que no passado recente".
Elencam vários fatores que concorrem para essa ideia: "A decisão da OPEP em manter o nível de produção", "a forte produção de petróleo shale [xisto] nos EUA" e a "grande capacidade de produção resultando dos investimentos já realizados". Tudo isto contribui para "um excesso de oferta sem precedentes".
Do lado da procura, os analistas destacam "o abrandamento dos mercados emergentes e das economias avançadas".
Por Luís Reis Ribeiro
18/09/2015 | 23:30 | Dinheiro Vivo
Tópicos semelhantes
» Quanto vale um bom discurso?
» Quanto vale o nosso voto?
» Actividade económica e consumo privado em Portugal pioram em Abril
» Quanto vale o nosso voto?
» Actividade económica e consumo privado em Portugal pioram em Abril
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
|
|
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin