China lidera shipping mundial... E vê na Grécia a porta para a Europa!

A China vai assumindo papel preponderante nos actores do comércio marítimo global, graças a uma estratégia virada para fora, de investimentos nos seus portos e em infraestruturas em países estrangeiros. A Grécia, a atravessar um período conturbado a nível económico e político, pode vir a ser novo território de aposto, em particular o Porto do Piréu.

A Ásia é, hoje por hoje, a grane impulsionadora do mercado global, na qual uma superpotência se destaca de forma particular: a China. O gigante asiático - a nível territorial, populacional e, cada vez mais, económico - tem assentado boa parte do seu sucesso nos seus portos e nos seus armadores. É, nos dias que correm, a grande potência do shipping mundial. 

Um dado curioso é olhar para a lista dos maiores portos a nível global, no que a carga contentorizada diz respeito. No top-10 mundial de portos especializados na movimentação de contentores encntram-se seis (isso mesmo, seis!) portos chineses: Xangai, Shenzen, Hong Kong, Ningbo, Qingdao, Guangzhou e Tianjin. E Dalian ali tão perto de entrar nessa lista.

São números esclarecedores. Basta atender ao facto de Roterdão, um porto gigante para a realidade europeia (o maior do Velho Continente), nem conseguir entrar nesse top-10.

E se alguém pensa que isto é um fruto das circunstâncias, a realidade dos números mostra algo diferente. Os portos chineses não só estão no topo como estão a crescer. Dos seis portos do país que entram no top-10 mundial, cinco registaram crescimento no total de contentores movimentados no período 2011-2013. Apenas Hong Kong perdeu contentores nesse espaço de tempo, o que retirou esse porto do top-3 global.

Os números são esclarecedores. No ano passado, 2014, a totalidade dos portos chineses movimentou 202 milhões de TEU's! Comparativamente ao ano anterior, 2013, o valor obtido representou um crescimento de 6,4%. Crescer 6,4% ao ano, quando já se é a grande potência mundial, eis a China. 

Grécia como porta de entrada na Europa

A estratégia marítima chinesa, se assim lhe podemos chamar, já tem novo cavalo de batalha. Através de empresas estatais, o país está também a assumir controlo de portos à escala global. Empresas como a Hutchison Whampoa estão a investir forte em projectos portuários por todo o mundo. Na Ásia, na Europa, na América do Norte ou em África, vários são os portos onde o controlo chinês (nalguns casos mais evidente que noutros) já se faz sentir. E, na Europa, a situação na Grécia abre portas para estabelecer um novo gateway.

O polémico novo governo grego, liderado por Alexis Tsypras, até teve o sector portuário como uma das suas bandeiras eleitorais, garantindo que os portos do Piréu (na foto) ou de Salónica não seriam para privatizar, ao contrário do que estava acordado entre o governo anterior e os responsáveis da União Europeia. Porém, depois de uma série de avanços e recuos, o governo do Syriza voltou atrás na decisão e os dois maiores portos gregos são mesmo para privatizar.

É aí que entra, novamente, a China. A Cosco, como referido anteriormente, já detém cerca de metade das acções do porto da capital grega e aparece agora na linha da frente para a privatização do mesmo. A Cosco já está mesmo a preparar o porto do Piréu para que este possa receber os navios da nova geração.

06.08.2015
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