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Contar a história
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Contar a história
Cátia Miriam Costa, do Centro de Estudos Internacionais, leu os livros “O Jornalismo Português e a Guerra Colonial”, e “Gritante justiça: textos proibidos do meu tempo de Moçambique” e fala-nos do que ambos representam para a nossa memória coletiva.
Economista de formação, decidiu optar pelos caminhos da arte, tornando-se numa contadora de estórias primorosa. Guardo com carinho a recordação da sua voz, representando contos ficcionados, mas sempre contribuindo para o meu entendimento da cultura cubana. Também conservo algo que aprendi com ela: a mistura de memórias e estórias são um belo pretexto para entender um país, uma sociedade ou mesmo um indivíduo.
As memórias e as narrativas pessoais são essenciais para compreendermos o mundo em que vivemos. Permitem-nos encontrar os caminhos históricos, por vezes tortuosos, pelos quais temos de caminhar. Testemunhos orais e documentos escritos são uma contribuição inesgotável para contar a história. A nossa história. As várias estórias que juntas constituirão a narrativa do passado.
Recentemente, saíram dois livros que pretendem contribuir para a história, contanto relatos e evocando documentos passados. Apenas porque o passado nos ajuda a construir melhor o presente e a pensar o futuro.
Seguindo a ordem cronológica de edição, começo pelo livro organizado por Sílvia Torres, intitulado “O Jornalismo Português e a Guerra Colonial”, editado pela Guerra e Paz. Dedicado aos “heróis” do jornalismo e da guerra, a obra faz uma viagem entre análise científica, memórias em primeira e em terceira pessoas. O prefácio, assinado pelo Coronel Carlos de Matos Gomes, é elucidativo, contribuindo para o enquadramento histórico do jornalismo produzido na época. Ao longo do livro, percebem-se as condicionantes deste jornalismo de guerra (entre estas a censura) e o dinamismo da escrita jornalística, mesmo que amordaçada. O livro contribui para reconstruir um momento importante da história portuguesa, até agora refém do silêncio. Afinal, Portugal não conseguiu digerir bem a questão do colonialismo, das lutas anticoloniais e ainda menos da guerra colonial.
O outro livro é de António Almeida Santos, editado pela D. Quixote e intitulado “Gritante justiça: textos proibidos do meu tempo de Moçambique”. A obra reproduz textos produzidos entre 1961 e 1974 e foi alvo de apreensão ainda na Tipografia Minerva Central, recordada pelo autor. Esta obra póstuma contém, sobretudo, textos escritos no âmbito do Grupo de Democratas de Moçambique que acabaram por circular clandestinamente. Para além dos textos de tempo histórico, o “Breve prefácio” e a “Nota geral sobre os textos agora publicados”, escritos pelo punho do autor, proporcionam uma excelente reflexão sobre os jogos políticos em torno da questão colonial, as aparentes cedências e a incapacidade para gerir a questão colonial de uma forma que não fosse a militar. Afinal fora do círculo governativo, a solução militar não foi desejada nem na metrópole nem nas colónias.
Em comum, ambos livros tratam da questão colonial e abordam temas essenciais para a memória coletiva dos povos lusófonos, tocados por uma política incapaz de resolver uma questão contestada na metrópole e nas colónias. Agora que as relações com os países lusófonos constituem prioridade do Governo e da Presidência da República e que existe uma Comunidade de Países de Língua Portuguesa, é oportuno contribuir para uma discussão alargada sobre estas questões. Como diria a minha amiga Caridad, as estórias ajudam-nos a compreender como as pessoas funcionam. Eu acrescento, as memórias também são parte da nossa construção do presente.
Por Cátia Miriam Costa,
Investigadora Centro de Estudos Internacionais
Publicado em: 09/06/2016 - 0:01:35
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