Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 357 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 357 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Casados à força
Página 1 de 1
Casados à força
A União Europeia faz lembrar, por estes dias, os ambientes sociais fechados em que uma separação é vista como uma decisão reprovável. Quando um dos membros do casal comunica essa intenção, os familiares tentam a todo o custo demovê-lo. Traçam cenários catastróficos, agigantam os obstáculos e lembram os efeitos desastrosos sobre os filhos e sobre as finanças domésticas. O outro cônjuge cerra os dentes e lança a ameaça: se saíres por aquela porta, não voltas a entrar.
O Reino Unido nunca esteve de corpo e alma nesta União. Manteve a moeda, optou por não integrar o espaço Schengen e manteve um regime excecional em diversas matérias. Como se casasse com separação total de bens. E seja qual for o resultado do referendo da próxima quinta-feira, a campanha eleitoral mostra um país profundamente dividido. Como num casamento em crise, até a decisão de ficar obrigará a reconhecer que muito do caminho feito está a falhar.
A eventualidade do Brexit assusta porque serão inevitáveis os efeitos económicos. Mas são, ainda assim, difíceis de prever e seguramente superáveis. Da mesma forma que ao longo dos anos o mercado europeu se foi ajustando a diferentes fases, tratados económicos e configurações territoriais, terá capacidade para se adaptar a uma nova alteração.
O que assusta, então, os que olham para uma eventual saída do Reino Unido como uma tragédia? Antes de mais, o medo do desconhecido. Das consequências económicas, do efeito nas comunidades migrantes, do impacto político que provoque novos referendos e desvinculações. Localmente, teme-se desde já que o Brexit possa conduzir a um novo referendo pela independência da Escócia. Na Europa, outros países eurocéticos poderão seguir o exemplo.
O debate nem sequer estaria a acontecer se esta gigantesca União funcionasse como se idealizou. A argumentação pela saída tem na base a dificuldade em acolher a imigração, em olhar para os parceiros europeus com solidariedade, em encarar a coesão como verdadeira prioridade. O que sobrou, nos últimos anos, em exigência com os mais fracos e em receitas de austeridade, tem faltado em entreajuda e vontade de eliminar o fosso entre os mais fortes e os mais fracos do Sul e do Leste.
A suceder, o Brexit formaliza o princípio do fim do sonho europeu. Mas as falhas na concretização desse projeto já começaram, estão na raiz das dificuldades da Europa em se afirmar e se entender. Nenhum casamento resulta apenas pela força de um papel.
*SUBDIRETORA
INÊS CARDOSO*
Hoje às 00:06, atualizado às 00:18
Jornal de Notícias
O Reino Unido nunca esteve de corpo e alma nesta União. Manteve a moeda, optou por não integrar o espaço Schengen e manteve um regime excecional em diversas matérias. Como se casasse com separação total de bens. E seja qual for o resultado do referendo da próxima quinta-feira, a campanha eleitoral mostra um país profundamente dividido. Como num casamento em crise, até a decisão de ficar obrigará a reconhecer que muito do caminho feito está a falhar.
A eventualidade do Brexit assusta porque serão inevitáveis os efeitos económicos. Mas são, ainda assim, difíceis de prever e seguramente superáveis. Da mesma forma que ao longo dos anos o mercado europeu se foi ajustando a diferentes fases, tratados económicos e configurações territoriais, terá capacidade para se adaptar a uma nova alteração.
O que assusta, então, os que olham para uma eventual saída do Reino Unido como uma tragédia? Antes de mais, o medo do desconhecido. Das consequências económicas, do efeito nas comunidades migrantes, do impacto político que provoque novos referendos e desvinculações. Localmente, teme-se desde já que o Brexit possa conduzir a um novo referendo pela independência da Escócia. Na Europa, outros países eurocéticos poderão seguir o exemplo.
O debate nem sequer estaria a acontecer se esta gigantesca União funcionasse como se idealizou. A argumentação pela saída tem na base a dificuldade em acolher a imigração, em olhar para os parceiros europeus com solidariedade, em encarar a coesão como verdadeira prioridade. O que sobrou, nos últimos anos, em exigência com os mais fracos e em receitas de austeridade, tem faltado em entreajuda e vontade de eliminar o fosso entre os mais fortes e os mais fracos do Sul e do Leste.
A suceder, o Brexit formaliza o princípio do fim do sonho europeu. Mas as falhas na concretização desse projeto já começaram, estão na raiz das dificuldades da Europa em se afirmar e se entender. Nenhum casamento resulta apenas pela força de um papel.
*SUBDIRETORA
INÊS CARDOSO*
Hoje às 00:06, atualizado às 00:18
Jornal de Notícias
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin