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A força das convicções
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A força das convicções
O recentemente eleito secretário-geral do Partido Socialista está a receber uma chuva de críticas por ter dito o que não devia e por silenciar as suas ideias para combater a crise económica e social e para governar Portugal melhor do que o tem feito o governo PSD/CDS. Concordo com algumas dessas críticas e discordo frontalmente da explicação recentemente dada por Jorge Coelho na “Quadratura do Círculo”, onde disse, no essencial, que António Costa tem uma equipa a trabalhar nas ideias e que oportunamente as apresentará ao país.
Discordo da visão burocrática de Jorge Coelho, pela razão simples de que aquilo que os portugueses precisam de conhecer com urgência são as convicções mais profundas de António Costa, como pessoa e como futuro primeiro-ministro. O que os portugueses certamente não precisam é de uma listagem de boas intenções e de ideias avulsas descobertas por um conjunto de técnicos, por mais competentes que possam ser. De facto, os problemas portugueses são conhecidos e as soluções existem; eu próprio, como outros, estou cansado de as propor. Por exemplo:
– Está António Costa disponível para defender a democratização do nosso regime político e para mudar as leis eleitorais, no sentido de a escolha dos representantes do povo português deixar de ser feita pelos directórios partidários? Está disponível para defender a participação de grupos de cidadãos em todas as eleições, em condições de igualdade, nomeadamente de apoio financeiro do Estado, com os partidos?
– Está António Costa disponível para combater sem tréguas a corrupção e a promiscuidade entre o poder político e os interesses económicos e financeiros de sectores privilegiados da sociedade portuguesa? Estará disponível para acabar com as rendas e os custos de contexto pagos pelos cidadãos e pelas empresas portuguesas dos sectores de bens transaccionáveis, rendas, por exemplo, nos sectores da energia, das telecomunicações, da saúde e da justiça?
– Sendo reconhecido que Portugal tem de cortar nos gastos do Estado para equilibrar o orçamento, está António Costa disponível para cortar nas mordomias dos ministérios, nos contratos com gabinetes de advogados e consultorias, nas isenções fiscais aos poderosos, nas obras públicas sem estudos de rentabilidade, nos contratos por ajuste directo? Está convictamente pronto para taxar os sinais exteriores de riqueza, bem visíveis na sociedade portuguesa, em vez de taxar e cortar nos serviços prestados aos cidadãos da classe média, funcionários públicos e reformados?
– Tem António Costa ideias claras para promover o crescimento económico e as exportações, nomeadamente sobre a interacção necessária com os empresários portugueses dos sectores de bens transaccionáveis e exportadores, defende ou não uma estratégia euro-atlântica e universalista para a economia portuguesa e, na Europa, uma aliança com o capital produtivo para combater o poder excessivo do capital financeiro globalizado sobre o poder político?
– Está António Costa disponível para explicar as razões que levam o presidente na Câmara de Lisboa a perdoar ao Benfica milhões de euros em taxas que não são perdoadas a quem perde a sua habitação? Ou qual a razão por que não acaba com o favoritismo aos empreendedores imobiliários e, já agora, com a confusão entre os interesses do gabinete de arquitectura de um seu colaborador na autarquia e os grandes projectos imobiliários, a que a autarquia pretende cortar nos impostos a pagar?
Em resumo, qual a razão por que António Costa não apresenta desde já junto dos portugueses as suas verdadeiras convicções acerca das grandes questões nacionais, em vez de preferir a listagem burocrática de medidas avulsas, como as que estão contidas nas 137 páginas da sua Agenda para a Década, que poucos lêem e que, pela sua vastidão e pela experiência do passado, se sabe ser de cumprimento muito duvidoso?
Por favor, António Costa, fale-nos das suas convicções.
Por Henrique Neto
publicado em 4 Mar 2015 - 08:00
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