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A pressão e a proibição
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A pressão e a proibição
É preciso cuidado quando mexemos com a forma de pensar das pessoas, temos de respeitar as liberdades de cada um
O recém-eleito mayor (presidente da câmara) de Londres, Sadiq Khan, proibiu, num dos seus primeiros atos de gestão, anúncios publicitários nos transportes públicos da cidade que façam as mulheres sentirem vergonha dos seus corpos. A mensagem foi direta, e passo a citar: “Quero mandar uma mensagem clara à indústria da publicidade sobre isto: ninguém deve sentir-se pressionado, enquanto viaja de metro ou de autocarro, a atender a expectativas irrealistas sobre os seus corpos.”
Tenho muito apreço pelo senhor, acompanhei, aliás, a sua fantástica campanha que culminou numa brilhante vitória, sou um defensor de muitas das ideias que trouxe à discussão pública e estive particularmente atento a uma das mais meticulosas e bem estruturadas campanhas de que me lembro na política. Estamos a falar de alguém que está preparado como poucos para comunicar com as pessoas e para ir ao encontro dos seus anseios e preocupações.
Acho, no entanto, que não podemos nem devemos, neste mundo perigoso, ser excessivamente estratégicos nem cair no populismo e muito menos no radicalismo, porque tem sido esse tipo de comportamentos que nos têm trazido dissabores. Se começarmos a proibir, teremos de proibir os que mostram corpos definidos, os dos penteados porque podem ofender os carecas, os dos automóveis de luxo porque podem ofender quem não tem dinheiro para os comprar. É uma publicidade – como tal, tem o intuito de vender. Acho que, por diversas vezes, as campanhas ultrapassam o limite do razoável, mas nem acho que tenha sido o caso desta.
Se vamos voltar ao tempo em que não podemos fazer nada, em que tudo nos é limitado e em que o Estado é que determina o certo e o errado, isso tem um nome e nós não temos memória curta nem interesse em voltar aí... Não me parece sequer que as mulheres de hoje em dia se deixem abater por um cartaz ou anúncio. Tenho defendido aqui o seu caráter e a posição no mundo e acho que não estão nem aí, estão bem à frente disso.
Sinceramente, falar sobre publicidade num mercado cada vez mais feroz e competitivo é falar de uma linha ténue entre aquilo que nos parece razoável e aquilo que não o parece de todo, mas como em tudo na vida, também as decisões políticas, sociais e empresariais estão sujeitas a essa bitola. Se, por uma questão moralista, vamos construir a casa pelo fim ao invés do princípio, ela vai-nos parecer muito bem vista do ar porque vemos o telhado, mas nunca será uma casa e muito menos algo sólido.
É preciso cuidado quando mexemos com a forma de pensar das pessoas, temos de respeitar as liberdades de cada um. Atuar de uma forma muito mais construtiva do que proibitiva , formar em vez de deformar, ensinar e explicar em vez de limitar. É fundamental assentarmos as decisões que regem esta sociedade partindo de pressupostos positivos. Se o fizermos, mais facilmente estaremos a preparar as pessoas para as diversas publicidades desta vida.
24/06/2016
José Paulo do Carmo
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
O recém-eleito mayor (presidente da câmara) de Londres, Sadiq Khan, proibiu, num dos seus primeiros atos de gestão, anúncios publicitários nos transportes públicos da cidade que façam as mulheres sentirem vergonha dos seus corpos. A mensagem foi direta, e passo a citar: “Quero mandar uma mensagem clara à indústria da publicidade sobre isto: ninguém deve sentir-se pressionado, enquanto viaja de metro ou de autocarro, a atender a expectativas irrealistas sobre os seus corpos.”
Tenho muito apreço pelo senhor, acompanhei, aliás, a sua fantástica campanha que culminou numa brilhante vitória, sou um defensor de muitas das ideias que trouxe à discussão pública e estive particularmente atento a uma das mais meticulosas e bem estruturadas campanhas de que me lembro na política. Estamos a falar de alguém que está preparado como poucos para comunicar com as pessoas e para ir ao encontro dos seus anseios e preocupações.
Acho, no entanto, que não podemos nem devemos, neste mundo perigoso, ser excessivamente estratégicos nem cair no populismo e muito menos no radicalismo, porque tem sido esse tipo de comportamentos que nos têm trazido dissabores. Se começarmos a proibir, teremos de proibir os que mostram corpos definidos, os dos penteados porque podem ofender os carecas, os dos automóveis de luxo porque podem ofender quem não tem dinheiro para os comprar. É uma publicidade – como tal, tem o intuito de vender. Acho que, por diversas vezes, as campanhas ultrapassam o limite do razoável, mas nem acho que tenha sido o caso desta.
Se vamos voltar ao tempo em que não podemos fazer nada, em que tudo nos é limitado e em que o Estado é que determina o certo e o errado, isso tem um nome e nós não temos memória curta nem interesse em voltar aí... Não me parece sequer que as mulheres de hoje em dia se deixem abater por um cartaz ou anúncio. Tenho defendido aqui o seu caráter e a posição no mundo e acho que não estão nem aí, estão bem à frente disso.
Sinceramente, falar sobre publicidade num mercado cada vez mais feroz e competitivo é falar de uma linha ténue entre aquilo que nos parece razoável e aquilo que não o parece de todo, mas como em tudo na vida, também as decisões políticas, sociais e empresariais estão sujeitas a essa bitola. Se, por uma questão moralista, vamos construir a casa pelo fim ao invés do princípio, ela vai-nos parecer muito bem vista do ar porque vemos o telhado, mas nunca será uma casa e muito menos algo sólido.
É preciso cuidado quando mexemos com a forma de pensar das pessoas, temos de respeitar as liberdades de cada um. Atuar de uma forma muito mais construtiva do que proibitiva , formar em vez de deformar, ensinar e explicar em vez de limitar. É fundamental assentarmos as decisões que regem esta sociedade partindo de pressupostos positivos. Se o fizermos, mais facilmente estaremos a preparar as pessoas para as diversas publicidades desta vida.
24/06/2016
José Paulo do Carmo
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
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