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O novo paradigma de liderança
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O novo paradigma de liderança
"Hoje, o paradigma do líder político assenta em bases que são definidas no seio dos próprios partidos políticos", é a opinião de Rodrigo Gonçalves sobre a nova noção de líder.
Os sistemas de Governo atuais têm a sua base nos interesses partidários, desvirtuando assim a génese da gestão da “polis”, defendida deste dos tempos da antiga Grécia. Hoje, o paradigma do líder político assenta em bases que são definidas no seio dos próprios partidos políticos e nas ideias defendidas por um status quo, uma pequena oligarquia que procura não mudar nada.
Existem vários fatores que têm vindo a provocar o afastamento dos cidadãos da participação política, entre os quais o facto de os líderes, nos últimos anos, desiludirem os seus eleitores. E isto tem levado cada vez maior número de pessoas a questionar os atuais líderes, a sua ação e o próprio futuro de Portugal.
Começa a ser óbvio que a necessidade de encontrar um novo paradigma de liderança é um imperativo nacional; esta deve ser, aliás, uma discussão e um debate centrado na verdadeira necessidade de Portugal enquanto País periférico e dependente no quadro da União Europeia.
Portugal necessita de se libertar de amarras e consolidar uma soberania e independência assente em três ideias chave: Justiça, Trabalho e Generosidade. O crescimento económico e um ajustamento, decerto doloroso, são uma necessidade e um ponto de partida, mas não devem, nem podem, ser a receita por si só. Não podemos deixar de considerar que sem uma justiça célere e eficaz, sem criação de trabalho e sem justiça social, nenhuma receita de gestão pode ser eficaz. A política faz-se para as pessoas e com as pessoas, e um qualquer líder que despreze esta verdade fracassará.
Isto leva-nos à chamada “pergunta de um milhão de euros”. Que líder queremos para o futuro? Será aquele que faz as perguntas certas ou aquele que nos oferece as respostas certas? Será um coordenador ou um catalisador? Será o homem do leme ou o navegador que estabelece a direção? Um futuro líder deverá ser um mestre na arquitetura financeira, económica ou social? Será um político? Um tecnocrata? Um gestor e um empreendedor de sucesso?
Alguém com total independência do status quo? Ou um pouco de tudo isto?
É hoje consensual que, para ser um bom líder, não basta ser um bom político. As sociedades mudaram com o decorrer dos tempos. A globalização é hoje uma realidade. Os mercados comandam e definem as circunstâncias. Os modelos de governação e os líderes têm de se adaptar aos novos tempos e têm de se renovar.
Os líderes de hoje têm a responsabilidade de criar o futuro e de formar os líderes de amanhã. Hoje é o tempo certo para resistir e encontrar novas soluções. É uma oportunidade que se nos apresenta de podermos mudar uma receita com cerca de 40 anos de vida.
A estratégia das lideranças tem tido como prioridade desenvolver técnicas de sobrevivência, em vez de dar prioridade ao desenvolvimento e ao sucesso do país. Os líderes (do presente e do futuro), que entenderem a diferença entre a sobrevivência política e o sucesso político, vão certamente adaptar-se às novas realidades, inovar, recriar os modelos de governação e as suas bases corretas de acordo com os seus eleitores. A ser assim, estes líderes não só sobreviverão, como terão o sucesso associado à eficaz gestão do país.
O líder de que se precisa deve procurar o sucesso evitando a miopia que apenas vê a sobrevivência da sua liderança e do seu País e deve abraçar uma estratégia de longo prazo para a sustentabilidade que, assente na Justiça, Trabalho e Generosidade, possa alcançar o sucesso para Portugal.
Ninguém procura um D. Sebastião, mas sim um líder que seja motivador e que possa renovar a confiança dos portugueses, cada vez mais afastados. Procuramos “um de nós” que transmita confiança e esperança. Procuramos “um de nós” em quem possamos depositar o futuro dos nossos filhos. Muitos podem dizer que o que defendo neste artigo é uma utopia, mas exemplos como o de John F. Kennedy, Winston Churchill, Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Martin Luther King, Abraham Lincoln e de Francisco Sá Carneiro provam que estas ideias estão próximas da realidade se assim o desejarmos.
As lideranças que defendem genuinamente as suas causas e que procuram o sucesso e bem-estar do seu povo, são as únicas capazes de mudar e de garantir que Portugal, ou qualquer outro país, tem Futuro.
Por Rodrigo Gonçalves,
Mestre em Ciência Política
Publicado em: 24/06/2016 - 16:40:34
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