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A desigualdade e as políticas monetárias
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A desigualdade e as políticas monetárias
O aumento da disparidade entre rendimentos e riqueza dos mais ricos e mais pobres é consequência de uma não adequada utilização do capital injetado na economia pelas políticas monetárias expansionistas.
Na reunião anual do World Economic Forum, realizada na semana passada em Davos, na Suiça, foi apresentado o relatório dos riscos globais para 2017 e destacadas cinco áreas chave com risco global e onde é premente uma acção imediata. Uma das áreas chave é o crescimento económico e as reformas. Neste ponto foi demonstrado que, durante o século passado, a desigualdade decresceu acentuadamente nos países industrializados, diminuindo o fosso entre os rendimentos da população mais pobre e os rendimentos da população mais rica.
Contudo, a partir de 2009 a desigualdade aumentou exponencialmente, sendo a disparidade dos rendimentos entre os mais ricos e pobres cada vez maior. É dado como exemplo, no referido relatório, que, nos Estados Unidos da América, entre 2009 e 2012, o rendimento dos 1% mais ricos cresceu mais de 31%, enquanto que o rendimento dos restantes 99% cresceu menos de 0,5%. A desigualdade é, agora, vista como a tendência global mais importante e preocupante para os próximos dez anos.
Esta realidade, já percepcionada por todos ao longo dos últimos anos, é, claramente, umas das principais causas para a nova realidade geopolítica que se verifica hoje, nomeadamente demonstrada com os resultados surpreendentes, para muitos, do referendo na Grã-Bretanha e das presidenciais nos EUA. Parece-me, também, evidente que não é uma coincidência que a disparidade de rendimentos e riqueza tenha vindo a aumentar, sem sinais de travar, a partir do ano de 2009.
No meu entender, o aumento da desigualdade é mais uma consequência nefasta das políticas monetárias expansionistas adoptadas pelos principais bancos centrais, desde 2009, das taxas de juro 0% ou mesmo negativas e do Quantitative Easing (QE), como resposta à crise do subprime.
Como já tive oportunidade de referir em artigos de opinião no passado, apenas têm acesso à brutal injecção de capital barato verificada nos últimos anos os players com acesso aos mercados obrigacionistas, ou seja, os Estados e as grandes empresas. Visto não ter sido criado nenhum mecanismo que regulasse, adequadamente, como seria utilizado esse capital, o que aconteceu, de facto, foi que, na sua maioria, esse capital foi investido em activos financeiros, designadamente em acções e obrigações (como se pode facilmente verificar com a evolução do valor desses activos desde 2009 até hoje), ou redistribuído em forma de dividendos aos accionistas das grandes empresas.
Assim, apenas os accionistas das maiores empresas mundiais, os tais 1% da população, é que viram o valor do seu património (via valorização dos mercados accionistas) e o seu rendimento anual (via dividendos recebidos) aumentar de forma significativa.
Concluindo, o aumento da disparidade entre rendimentos e riqueza dos mais ricos e dos mais pobres é uma consequência de uma não adequada utilização do capital que foi injectado na economia pelas políticas monetárias expansionistas, o qual não foi utilizado para reformas, infraestruturas, educação, inovação ou apoio às PMEs, mas sim aplicado em “Wall Street”, não tendo sido inclusivo e beneficiado todos, mas apenas 1% da população.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
Tiago Moreira Salgado, Gestor
00:05
Jornal Económico
Na reunião anual do World Economic Forum, realizada na semana passada em Davos, na Suiça, foi apresentado o relatório dos riscos globais para 2017 e destacadas cinco áreas chave com risco global e onde é premente uma acção imediata. Uma das áreas chave é o crescimento económico e as reformas. Neste ponto foi demonstrado que, durante o século passado, a desigualdade decresceu acentuadamente nos países industrializados, diminuindo o fosso entre os rendimentos da população mais pobre e os rendimentos da população mais rica.
Contudo, a partir de 2009 a desigualdade aumentou exponencialmente, sendo a disparidade dos rendimentos entre os mais ricos e pobres cada vez maior. É dado como exemplo, no referido relatório, que, nos Estados Unidos da América, entre 2009 e 2012, o rendimento dos 1% mais ricos cresceu mais de 31%, enquanto que o rendimento dos restantes 99% cresceu menos de 0,5%. A desigualdade é, agora, vista como a tendência global mais importante e preocupante para os próximos dez anos.
Esta realidade, já percepcionada por todos ao longo dos últimos anos, é, claramente, umas das principais causas para a nova realidade geopolítica que se verifica hoje, nomeadamente demonstrada com os resultados surpreendentes, para muitos, do referendo na Grã-Bretanha e das presidenciais nos EUA. Parece-me, também, evidente que não é uma coincidência que a disparidade de rendimentos e riqueza tenha vindo a aumentar, sem sinais de travar, a partir do ano de 2009.
No meu entender, o aumento da desigualdade é mais uma consequência nefasta das políticas monetárias expansionistas adoptadas pelos principais bancos centrais, desde 2009, das taxas de juro 0% ou mesmo negativas e do Quantitative Easing (QE), como resposta à crise do subprime.
Como já tive oportunidade de referir em artigos de opinião no passado, apenas têm acesso à brutal injecção de capital barato verificada nos últimos anos os players com acesso aos mercados obrigacionistas, ou seja, os Estados e as grandes empresas. Visto não ter sido criado nenhum mecanismo que regulasse, adequadamente, como seria utilizado esse capital, o que aconteceu, de facto, foi que, na sua maioria, esse capital foi investido em activos financeiros, designadamente em acções e obrigações (como se pode facilmente verificar com a evolução do valor desses activos desde 2009 até hoje), ou redistribuído em forma de dividendos aos accionistas das grandes empresas.
Assim, apenas os accionistas das maiores empresas mundiais, os tais 1% da população, é que viram o valor do seu património (via valorização dos mercados accionistas) e o seu rendimento anual (via dividendos recebidos) aumentar de forma significativa.
Concluindo, o aumento da disparidade entre rendimentos e riqueza dos mais ricos e dos mais pobres é uma consequência de uma não adequada utilização do capital que foi injectado na economia pelas políticas monetárias expansionistas, o qual não foi utilizado para reformas, infraestruturas, educação, inovação ou apoio às PMEs, mas sim aplicado em “Wall Street”, não tendo sido inclusivo e beneficiado todos, mas apenas 1% da população.
O autor escreve segundo a antiga ortografia.
Tiago Moreira Salgado, Gestor
00:05
Jornal Económico
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