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A desigualdade económica
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A desigualdade económica
A indignação perante a desigualdade é cada vez maior nos tempos que correm. Há boas razões para isso, mas não podemos continuar a sertão brandos.
Isto é, devemos preocupar-nos com a injustiça tendo presente que nem todas as formas de desigualdade são injustas per se. Algumas são mais injustas do que outras. Da mesma forma que devem ser tomadas medidas em relação à segurança, visto esta ser, dentro da desigualdade, a principal ameaça que pesa sobre o americano pobre e não a riqueza de terceiros como muitas vezes se pensa.
Também devemos preocupar-nos com a inclusão, o que pressupõe admitir que muitos indivíduos continuam a viver excluídos da segurança económica por motivos de raça, região, género ou etnia. O actual furor em torno da desigualdade não se debruça sobre dois aspectos fundamentais: quem sofre e como sofre. É, pois, fundamental prestar atenção à identidade dos que hoje vivem excluídos das oportunidades económicas. No entanto, os comentadores, em vez de analisarem directamente os factores de exclusão, continuam focados na forma como os ricos se tornam mais ricos e no facto de alguns terem perdido a oportunidade de fazer fortuna.
Refira-se igualmente que a desigualdade resultante da riqueza herdada é menos grave do que a desigualdade decorrente da cor da pele, da identidade étnica ou do local de nascimento. A perspectiva além de estreita é enganadora, como bem ilustra a avalancha de comentários de economistas sérios sobre o livro do francês Thomas Piketty, "O Capital no Século XXI", e os exemplos citados pelo autor.
Como é óbvio, haverá intelectuais a dizer que é mais correcto concentrarmo-nos numa explicação parcimoniosa para a contínua concentração de riqueza transversal a vários países nas últimas décadas. Mas olhar de forma abstracta para a distribuição do rendimento e da riqueza - e ignorar a identidade das pessoas que encontramos em cada ponto do espectro - é passar ao lado daquilo que é verdadeiramente importante.
Esta abstracção, entre outros aspectos negativos, não tem ajudado a gizar estratégias eficientes para combater a desigualdade. As diferenças internacionais entre a desigualdade depois de impostos nos EUA ou no Reino Unido, por um lado, e nos países do Norte da Europa, por outro, são muito acentuadas. Isto reflecte o poder das políticas e das instituições que mitigam a desigualdade, e mostra que existe capacidade para contrabalançar o carácter aparentemente inevitável da crescente desigualdade.
No entanto, essas diferenças transnacionais também ilustram a importância da unidade social, pois são elas que levam ao aparecimento de instituições que procuram retirar as pessoas da pobreza. Se esquecermos que a distribuição económica permanece relativamente desigual em diversos pontos identificáveis e tentarmos lidar com a desigualdade como uma força impessoal nunca atingiremos a unidade social necessária.
Adam Posen
00.05 h
Económico
Isto é, devemos preocupar-nos com a injustiça tendo presente que nem todas as formas de desigualdade são injustas per se. Algumas são mais injustas do que outras. Da mesma forma que devem ser tomadas medidas em relação à segurança, visto esta ser, dentro da desigualdade, a principal ameaça que pesa sobre o americano pobre e não a riqueza de terceiros como muitas vezes se pensa.
Também devemos preocupar-nos com a inclusão, o que pressupõe admitir que muitos indivíduos continuam a viver excluídos da segurança económica por motivos de raça, região, género ou etnia. O actual furor em torno da desigualdade não se debruça sobre dois aspectos fundamentais: quem sofre e como sofre. É, pois, fundamental prestar atenção à identidade dos que hoje vivem excluídos das oportunidades económicas. No entanto, os comentadores, em vez de analisarem directamente os factores de exclusão, continuam focados na forma como os ricos se tornam mais ricos e no facto de alguns terem perdido a oportunidade de fazer fortuna.
Refira-se igualmente que a desigualdade resultante da riqueza herdada é menos grave do que a desigualdade decorrente da cor da pele, da identidade étnica ou do local de nascimento. A perspectiva além de estreita é enganadora, como bem ilustra a avalancha de comentários de economistas sérios sobre o livro do francês Thomas Piketty, "O Capital no Século XXI", e os exemplos citados pelo autor.
Como é óbvio, haverá intelectuais a dizer que é mais correcto concentrarmo-nos numa explicação parcimoniosa para a contínua concentração de riqueza transversal a vários países nas últimas décadas. Mas olhar de forma abstracta para a distribuição do rendimento e da riqueza - e ignorar a identidade das pessoas que encontramos em cada ponto do espectro - é passar ao lado daquilo que é verdadeiramente importante.
Esta abstracção, entre outros aspectos negativos, não tem ajudado a gizar estratégias eficientes para combater a desigualdade. As diferenças internacionais entre a desigualdade depois de impostos nos EUA ou no Reino Unido, por um lado, e nos países do Norte da Europa, por outro, são muito acentuadas. Isto reflecte o poder das políticas e das instituições que mitigam a desigualdade, e mostra que existe capacidade para contrabalançar o carácter aparentemente inevitável da crescente desigualdade.
No entanto, essas diferenças transnacionais também ilustram a importância da unidade social, pois são elas que levam ao aparecimento de instituições que procuram retirar as pessoas da pobreza. Se esquecermos que a distribuição económica permanece relativamente desigual em diversos pontos identificáveis e tentarmos lidar com a desigualdade como uma força impessoal nunca atingiremos a unidade social necessária.
Adam Posen
00.05 h
Económico
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