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Ruído, transparência e privacidade
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Ruído, transparência e privacidade
A bisbilhotice – fenómeno antes tipicamente vicinal – penetrou a esfera pública, colonizando a vida das instituições públicas e as práticas dos mais insuspeitos detentores dos cargos que as representam ou representaram
Ruído, transparência e privacidade são realidades que parecem não combinar, nos dias de hoje, nem na esfera pública nem no plano das relações pessoais e particulares.
No que respeita a estas últimas, a net e as suas diferentes redes de comunicação parecem ter-se encarregado de destruir o recato que tradicionalmente lhes estava associado e que permitia o seu amadurecimento, porque nascido da efetiva proximidade entre as pessoas.
Potenciando um controlo asfixiante entre aqueles que estão entre si ligados por tais redes, esses instrumentos de comunicação, redutores da intimidade, desenvolvem também, e por consequência, condutas vindicativas como modo de justificação ou afirmação no seio do grupo social onde tais relações nasceram e se promoveram.
O ruído que em geral causam é, em regra, circunscrito a esse núcleo restrito em que se movimentam, podendo, todavia, atingir por vezes proporções que a ele se não confinam, o que produz efeitos nefastos e inesperados.
A bisbilhotice – fenómeno antes tipicamente vicinal – que inspira e alimenta tais comportamentos privados tem vindo a contaminar, contudo, meios sociais cada vez mais amplos e penetrou inclusive na esfera pública, influenciando os meios de comunicação tradicionais mais reputados e rigorosos.
No início, tal fenómeno mediático decorria nos meios socialite e era reservado a um tipo de imprensa que só alguns tinham o despudor de confessar interessar-lhes.
Depois, o espírito bisbilhoteiro – e tudo o que de mesquinho e verdadeiramente falho de respeitabilidade a ele está associado – foi progressivamente colonizando a vida das instituições públicas e as práticas dos mais insuspeitos detentores dos cargos que as representam.
Vivemos hoje, lamentavelmente, uma cultura pública de bisbilhotice que tanto afeta os meios políticos como os meios económicos e financeiros, e inclusive, por vezes, os próprios meios judiciais e eclesiais.
Através da divulgação de mails, das mensagens de Twitter ou do Facebook, ou ainda de notícias e comentários nos tradicionais meios de comunicação social ou, além disso, por via de oportunas biografias e autobiografias, somos quotidianamente esmagados pela divulgação de um conjunto de factos laterais, extemporaneamente relevantes do ponto de vista da necessária transparência na tomada de decisões públicas e que, por isso, nunca deveriam ter ultrapassado os circunspectos espaços institucionais em que ocorreram.
O que, por norma, está em causa em tal divulgação não é, com efeito, uma exigência de transparência quanto à motivação real das decisões ou da assunção de determinadas posições públicas: a razão e o significado delas são quase sempre óbvios e justificam-se, verdadeiramente, nos interesses que pouco dissimuladamente defendem.
Tal coscuvilhice serve, por isso – isso sim –, para precisamente obviar à discussão séria das opções que se tomaram, procurando desviar a atenção dos cidadãos das suas consequências para pormenores que não relevam das contradições que realmente importaria discutir.
É por isso que a poalha que emana de tais coscuvilhices acaba por a todos contaminar e igualar no pouco apreço que os cidadãos cada vez mais lhes concedem.
Visto de fora, o meio social, político, económico onde se criam, espalham, confessam e comentam tais atitudes, proezas e iniquidades, parece cada vez mais longe das preocupações e anseios das pessoas, que por isso procuram noutros sítios discursos e mensagens que lhes restituam alguma esperança.
Neutralizar e ignorar a bisbilhotice e, com seriedade, promover esperança é, por isso, a mais basilar mas relevante tarefa democrática dos nossos dias e da nossa sociedade.
Jurista
Escreve à terça-feira
21/02/2017
António Cluny
opiniao@newsplex.pt
Jornal i
Ruído, transparência e privacidade são realidades que parecem não combinar, nos dias de hoje, nem na esfera pública nem no plano das relações pessoais e particulares.
No que respeita a estas últimas, a net e as suas diferentes redes de comunicação parecem ter-se encarregado de destruir o recato que tradicionalmente lhes estava associado e que permitia o seu amadurecimento, porque nascido da efetiva proximidade entre as pessoas.
Potenciando um controlo asfixiante entre aqueles que estão entre si ligados por tais redes, esses instrumentos de comunicação, redutores da intimidade, desenvolvem também, e por consequência, condutas vindicativas como modo de justificação ou afirmação no seio do grupo social onde tais relações nasceram e se promoveram.
O ruído que em geral causam é, em regra, circunscrito a esse núcleo restrito em que se movimentam, podendo, todavia, atingir por vezes proporções que a ele se não confinam, o que produz efeitos nefastos e inesperados.
A bisbilhotice – fenómeno antes tipicamente vicinal – que inspira e alimenta tais comportamentos privados tem vindo a contaminar, contudo, meios sociais cada vez mais amplos e penetrou inclusive na esfera pública, influenciando os meios de comunicação tradicionais mais reputados e rigorosos.
No início, tal fenómeno mediático decorria nos meios socialite e era reservado a um tipo de imprensa que só alguns tinham o despudor de confessar interessar-lhes.
Depois, o espírito bisbilhoteiro – e tudo o que de mesquinho e verdadeiramente falho de respeitabilidade a ele está associado – foi progressivamente colonizando a vida das instituições públicas e as práticas dos mais insuspeitos detentores dos cargos que as representam.
Vivemos hoje, lamentavelmente, uma cultura pública de bisbilhotice que tanto afeta os meios políticos como os meios económicos e financeiros, e inclusive, por vezes, os próprios meios judiciais e eclesiais.
Através da divulgação de mails, das mensagens de Twitter ou do Facebook, ou ainda de notícias e comentários nos tradicionais meios de comunicação social ou, além disso, por via de oportunas biografias e autobiografias, somos quotidianamente esmagados pela divulgação de um conjunto de factos laterais, extemporaneamente relevantes do ponto de vista da necessária transparência na tomada de decisões públicas e que, por isso, nunca deveriam ter ultrapassado os circunspectos espaços institucionais em que ocorreram.
O que, por norma, está em causa em tal divulgação não é, com efeito, uma exigência de transparência quanto à motivação real das decisões ou da assunção de determinadas posições públicas: a razão e o significado delas são quase sempre óbvios e justificam-se, verdadeiramente, nos interesses que pouco dissimuladamente defendem.
Tal coscuvilhice serve, por isso – isso sim –, para precisamente obviar à discussão séria das opções que se tomaram, procurando desviar a atenção dos cidadãos das suas consequências para pormenores que não relevam das contradições que realmente importaria discutir.
É por isso que a poalha que emana de tais coscuvilhices acaba por a todos contaminar e igualar no pouco apreço que os cidadãos cada vez mais lhes concedem.
Visto de fora, o meio social, político, económico onde se criam, espalham, confessam e comentam tais atitudes, proezas e iniquidades, parece cada vez mais longe das preocupações e anseios das pessoas, que por isso procuram noutros sítios discursos e mensagens que lhes restituam alguma esperança.
Neutralizar e ignorar a bisbilhotice e, com seriedade, promover esperança é, por isso, a mais basilar mas relevante tarefa democrática dos nossos dias e da nossa sociedade.
Jurista
Escreve à terça-feira
21/02/2017
António Cluny
opiniao@newsplex.pt
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