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Humanos vs. Máquinas, ou a era dos ‘Cyborgs’
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Humanos vs. Máquinas, ou a era dos ‘Cyborgs’
O futuro passará por uma maior interligação física com as máquinas, não em conflito, mas em parceria.
O mundo está já no prelúdio de uma revolução tecnológica, como nenhuma outra até agora, e que irá alterar drasticamente o nosso modo de vida, muito mais cedo do que se supunha.
Ignorar esta realidade é não pensar estrategicamente a como responder à pergunta que deixei no ar no artigo anterior. Uma semana depois, foi dado a conhecer um estudo elaborado por Daron Acemoglu (MIT) e Pascual Restrepo (Universidade de Boston), que resumidamente confirma que a robotização tem um efeito negativo importante, tanto no desemprego, como nos ordenados. Um robô por cada mil trabalhadores reduz o emprego até 0,34%, diminui o rendimento até 0,5% e já aumentou a desigualdade entre os que mais auferem e os menos afortunados em 1%.
Mas outra conclusão bem mais importante refuta as ideias dos optimistas: a robotização não gera quaisquer efeitos positivos ao nível do emprego, seja qual for o grupo de ocupação ou educação, ou seja, não cria novos postos de trabalho noutros setores de atividade.
Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, ambos do MIT Sloan School of Management, reforçaram essa ideia com um estudo que ilustra a continuação do crescimento da produtividade nos EUA desde 2000, mas sem crescimento do emprego, depois de 50 anos em que estes indicadores andaram em uníssono. Referem também que em apenas dois anos (2012-2013) foram vendidos 320 mil robôs industriais.
Contudo, o principal risco reside na indústria dos serviços, responsável por quase 80% do PIB dos EUA e, nesse campo, chega-nos do Canadá o exemplo do Ross, o “primeiro advogado digital”, que embora não seja um advogado de tribunal, faz o trabalho de milhares de paralegals e de investigadores num curtíssimo espaço de tempo. A cereja no topo do bolo, porém, é a sua capacidade de auto-aprendizagem, sem intervenção humana.
Então como competir? Ora, a resposta é no plano do princípio simples e reside inicialmente no corpo humano, mais concretamente no nosso ativo mais importante, o cérebro. Porque se no campo do trabalho físico o humano não tem capacidade para esgrimir argumentos, no intelectual o cenário pode ser diferente, envolvendo a inevitável adaptação.
O corpo humano é, em si mesmo, uma “máquina” de incomparável engenho e complexidade, realiza triliões de reações químicas por segundo! Contudo, o corpo é igualmente o nosso calcanhar de Aquiles. O gigantesco processo de replicação de células tem, por agora, um limite à partida, acelerado ou atrasado consoante o estilo de vida de cada um. É isso que faz de nós “finitos” e “facilmente” substituíveis por robôs no trabalho físico. Mas segundo um estudo do neurocientista Lorenzo Magrassi, da Universidade de Pavia, Itália, o cérebro não “obedece” a esse limite. O cérebro necessita de sangue e glicose para subsistir, algo possível de fornecer artificialmente, e morre devido ao resto do corpo e não o contrário.
Um futuro à imagem da personagem “Major”, do filme Ghost in the Shell, interpretada por Scarlett Johansson – é uma realidade não apenas verosímil, mas que fornece um dos caminhos para a imortalidade da nossa consciência, um cérebro num corpo humanoide.
Se acha que é algo completamente disparatado, alguns dos mais proeminentes bilionários discordam de si, como Elon Musk, que fundou recentemente a Neuralink com o intuito de interligar o nosso cérebro ao mundo das máquinas, algo que já nem sequer é novidade em Silicon Valley, mas que é um passo do processo, ainda em estado embrionário, para os humanos aproveitarem todo o potencial que têm no cérebro.
Factos: o computador mais rápido do mundo é o Sunway TaihuLight (China), capaz de 93 Petaflops, consome cerca de 15 MW, o equivalente ao gasto de 10.000 residências familiares, ocupa algumas centenas de metros quadrados, pesa umas quantas toneladas e custou 270 milhões de dólares. Já o nosso pequeno cérebro, com 1,5 kg, consome apenas 20 watts (750.000 vezes menos), processa mais de 1 Exaflop (dez vezes mais rápido) e, de acordo com investigadores do Salk Institute (Califórnia), consegue armazenar mais de 1 petabyte (mil terabytes) de informação. Já uma grama de ADN consegue, segundo uma experiência do Harvard’s Wyss Institute, armazenar 700 terabytes, o que dá no corpo inteiro cerca de 150 Zettabytes (biliões de terabytes), ou 100 vezes mais do que todo o tráfego de internet em 2016 (CISCO).
Então, porque não conseguimos explorar esse potencial? Interligação, é como ter um sistema hiper rápido de ligações internas, mas que depois tem apenas uma saída para o exterior, tal como num computador o disco rígido é o que atrasa todo o sistema na altura de interligação com o CPU/memórias. Será pois a interligação dos nossos cérebros com o mundo das máquinas, abrindo a possibilidade de mais saídas de processamento, que vai permitir que esse potencial seja utilizado.
Agora imagine um futuro em que 7 biliões de pessoas poderão estar interligados através da cloud, partilhar informação ou capacidade de processamento, mesmo que de forma inconsciente. O que seremos capazes de fazer? Haverá necessidade de trabalhar? O que faremos com o tempo? Com a transferência da nossa consciência para outro corpo, ou apenas para um ambiente virtual, não é assim tão inverosímil atingir a imortalidade de consciência. Em qualquer dos casos, o futuro passará por uma maior interligação física com as máquinas, não em conflito, mas em parceria, dando inicio à era dos Cyborgs.
Marco Silva, Financeiro
00:07
Jornal Económico
O mundo está já no prelúdio de uma revolução tecnológica, como nenhuma outra até agora, e que irá alterar drasticamente o nosso modo de vida, muito mais cedo do que se supunha.
Ignorar esta realidade é não pensar estrategicamente a como responder à pergunta que deixei no ar no artigo anterior. Uma semana depois, foi dado a conhecer um estudo elaborado por Daron Acemoglu (MIT) e Pascual Restrepo (Universidade de Boston), que resumidamente confirma que a robotização tem um efeito negativo importante, tanto no desemprego, como nos ordenados. Um robô por cada mil trabalhadores reduz o emprego até 0,34%, diminui o rendimento até 0,5% e já aumentou a desigualdade entre os que mais auferem e os menos afortunados em 1%.
Mas outra conclusão bem mais importante refuta as ideias dos optimistas: a robotização não gera quaisquer efeitos positivos ao nível do emprego, seja qual for o grupo de ocupação ou educação, ou seja, não cria novos postos de trabalho noutros setores de atividade.
Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, ambos do MIT Sloan School of Management, reforçaram essa ideia com um estudo que ilustra a continuação do crescimento da produtividade nos EUA desde 2000, mas sem crescimento do emprego, depois de 50 anos em que estes indicadores andaram em uníssono. Referem também que em apenas dois anos (2012-2013) foram vendidos 320 mil robôs industriais.
Contudo, o principal risco reside na indústria dos serviços, responsável por quase 80% do PIB dos EUA e, nesse campo, chega-nos do Canadá o exemplo do Ross, o “primeiro advogado digital”, que embora não seja um advogado de tribunal, faz o trabalho de milhares de paralegals e de investigadores num curtíssimo espaço de tempo. A cereja no topo do bolo, porém, é a sua capacidade de auto-aprendizagem, sem intervenção humana.
Então como competir? Ora, a resposta é no plano do princípio simples e reside inicialmente no corpo humano, mais concretamente no nosso ativo mais importante, o cérebro. Porque se no campo do trabalho físico o humano não tem capacidade para esgrimir argumentos, no intelectual o cenário pode ser diferente, envolvendo a inevitável adaptação.
O corpo humano é, em si mesmo, uma “máquina” de incomparável engenho e complexidade, realiza triliões de reações químicas por segundo! Contudo, o corpo é igualmente o nosso calcanhar de Aquiles. O gigantesco processo de replicação de células tem, por agora, um limite à partida, acelerado ou atrasado consoante o estilo de vida de cada um. É isso que faz de nós “finitos” e “facilmente” substituíveis por robôs no trabalho físico. Mas segundo um estudo do neurocientista Lorenzo Magrassi, da Universidade de Pavia, Itália, o cérebro não “obedece” a esse limite. O cérebro necessita de sangue e glicose para subsistir, algo possível de fornecer artificialmente, e morre devido ao resto do corpo e não o contrário.
Um futuro à imagem da personagem “Major”, do filme Ghost in the Shell, interpretada por Scarlett Johansson – é uma realidade não apenas verosímil, mas que fornece um dos caminhos para a imortalidade da nossa consciência, um cérebro num corpo humanoide.
Se acha que é algo completamente disparatado, alguns dos mais proeminentes bilionários discordam de si, como Elon Musk, que fundou recentemente a Neuralink com o intuito de interligar o nosso cérebro ao mundo das máquinas, algo que já nem sequer é novidade em Silicon Valley, mas que é um passo do processo, ainda em estado embrionário, para os humanos aproveitarem todo o potencial que têm no cérebro.
Factos: o computador mais rápido do mundo é o Sunway TaihuLight (China), capaz de 93 Petaflops, consome cerca de 15 MW, o equivalente ao gasto de 10.000 residências familiares, ocupa algumas centenas de metros quadrados, pesa umas quantas toneladas e custou 270 milhões de dólares. Já o nosso pequeno cérebro, com 1,5 kg, consome apenas 20 watts (750.000 vezes menos), processa mais de 1 Exaflop (dez vezes mais rápido) e, de acordo com investigadores do Salk Institute (Califórnia), consegue armazenar mais de 1 petabyte (mil terabytes) de informação. Já uma grama de ADN consegue, segundo uma experiência do Harvard’s Wyss Institute, armazenar 700 terabytes, o que dá no corpo inteiro cerca de 150 Zettabytes (biliões de terabytes), ou 100 vezes mais do que todo o tráfego de internet em 2016 (CISCO).
Então, porque não conseguimos explorar esse potencial? Interligação, é como ter um sistema hiper rápido de ligações internas, mas que depois tem apenas uma saída para o exterior, tal como num computador o disco rígido é o que atrasa todo o sistema na altura de interligação com o CPU/memórias. Será pois a interligação dos nossos cérebros com o mundo das máquinas, abrindo a possibilidade de mais saídas de processamento, que vai permitir que esse potencial seja utilizado.
Agora imagine um futuro em que 7 biliões de pessoas poderão estar interligados através da cloud, partilhar informação ou capacidade de processamento, mesmo que de forma inconsciente. O que seremos capazes de fazer? Haverá necessidade de trabalhar? O que faremos com o tempo? Com a transferência da nossa consciência para outro corpo, ou apenas para um ambiente virtual, não é assim tão inverosímil atingir a imortalidade de consciência. Em qualquer dos casos, o futuro passará por uma maior interligação física com as máquinas, não em conflito, mas em parceria, dando inicio à era dos Cyborgs.
Marco Silva, Financeiro
00:07
Jornal Económico
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