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Afinal, somos todos Keynesianos!
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Afinal, somos todos Keynesianos!
Em 2005 a Human Events pediu um painel de 15 especialistas conservadores e líderes de políticas públicas para a ajudar a compilar a lista dos dez livros mais nocivos dos séculos XIX e XX.
Dada a hegemonia evidente da filosofia neoliberal (i.e., liberalismo económico) a partir dos anos 70 do século XX, O Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels surgiu, sem grande surpresa, como o livro mais votado, à frente mesmo do Mein Kampf de Adolf Hitler!
Curioso, no entanto, foi a inclusão da obra Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda de John Maynard Keynes neste top-10. Tal derivou certamente da associação de Keynes e da sua obra à ideia 'radical' (na altura da publicação da obra, 1936) de que os 'governos devem gastar o dinheiro que não têm para estimular a economia'.
O pensamento keynesiano opunha-se, portanto, ao 'Estado Mínimo' (de intervenção mínima - o liberalismo económico) e apregoava o 'Estado Grande' (gastador), com a função de organizar a desordem económica e amenizar as perdas por meio do aumento dos gastos públicos. Mais rigorosamente, Keynes defendeu uma política económica de Estado intervencionista, através da qual os governos usariam medidas fiscais e monetárias para mitigar os efeitos adversos dos ciclos económicos - recessão, depressão e booms.
Assim, durante várias décadas, os termos keynesiano e keynesianismo foram (e ainda o são) conotados, depreciativamente, com políticas laxistas e governos despesistas.
A crise de 2008 e as intervenções de reputados economistas como Joseph Stiglitz (prémio Nobel de Economia de 2001), Janet Yellen (Diretora do Federal Reserve Board - FED) ou Paul Krugman (prémio Nobel de Economia de 2008), contribuíram sobremaneira para um reacender das ideias keynesianas nos EUA e na Europa. Em concreto, as intervenções dos bancos centrais norte-americano (FED) e inglês (BoE) materializaram-se no recurso ao Quantitative Easing (QE), i.e., injeção de quantidades avultadas de dinheiro novo para estimular a economia, em particular para promover empréstimos pelos bancos.
O Banco Central Europeu (BCE), apesar de tradicionalmente mais conservador (i.e., defendendo ideias monetaristas) na linha da sua alma mater, o Deutsche Bundesbank, tem, nos tempos mais recentes, dado sinais de estar a sucumbir às 'tentações' keynesianas.
O ' momento Draghi ', ligado ao discurso do Governador do BCE do passado dia 26 de agosto, parece indiciar um ponto de viragem na retórica desta entidade. Para além de demonstrar a disponibilidade do BCE para eventuais medidas tipo QE, Mario Draghi apelou também aos governos dos diversos países da UE para implementarem medidas de estímulo económico, deixando para trás o discurso de austeridade. Isto representa, de facto, uma mudança radical no discurso da autoridade monetária que, até aqui, tinha manifestado a necessidade dos países implementarem medidas de austeridade de forma a equilibrarem as contas públicas.
Afinal, o BCE é keynesiano!
Ao nível interno, para além da intervenção do Estado no BES ( injetando 3.5 mil milhões de euros ), o ' enorme aumento de impostos ', que está já plasmado no Orçamento Retificativo onde se prevê um acréscimo de 1.2 mil milhões de euros de impostos face ao objectivo que se encontra inscrito no Orçamento do Estado para 2014, reflete uma não negligenciável intervenção do Estado na Economia.
Afinal, o Governo português é keynesiano!
Num contexto de juros muito baixos e com uma banca descapitalizada, eventuais medidas de QE tenderão a ter uma eficácia muito limitada - tendencialmente, o excesso de liquidez no sistema bancário não se traduzirá em mais e melhores empréstimos às empresas que necessitam investir em aumentos de capacidade produtiva.
Mais, não obstante a melhoria nos dados do desemprego , as expectativas para o crescimento económico de Portugal são muito pouco animadoras. Tal significa, na impossibilidade de apertar (ainda) mais o garrote dos impostos, que o corte na despesa pública é inevitável. Adiar o inevitável apenas trará maiores (e durante mais tempo) custos de ajustamento.
É irrelevante para cada português se o Governo é keynesiano, monetarista, ou outra coisa qualquer. O que é importante é que seja capaz de comunicar e implementar uma estratégia inteligente, justa e consequente de redução da despesa pública. A alternativa do 'manna from heaven', de acreditar que o problema se resolverá, como que por milagre, com o 'crescimento económico' (qual crescimento? e quando?) não convence ninguém.
AURORA TEIXEIRA | 3:55 Sexta, 29 de Agosto de 2014
Expresso
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