Procurar
Tópicos semelhantes
Entrar
Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Quem está conectado?
Há 454 usuários online :: 0 registrados, 0 invisíveis e 454 visitantes :: 1 motor de buscaNenhum
O recorde de usuários online foi de 864 em Sex Fev 03, 2017 11:03 pm
Dever é poder?
Página 1 de 1
Dever é poder?
O peso da dívida não está a ser digerido pela economia; este peso só está a ser usado para forçar “reformas” anti-população.
Dir-se-ia que quem tem dívida tem muita força. Esta semana o comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros, o francês Pierre Moscovici deu-se ao trabalho de ir a Atenas para congratular o governo de Antonis Samaras e avisar o país de que recusar pagar a dívida é "suicida".
Este ‘raid' não foi extemporâneo. Recheado de declarações à imprensa sobre como a Europa está a ser solidária com o desenvolvimento grego e de promessas de uma "vigilância menos apertada em breve", este facto passou-se em vésperas de um processo político interno que pode levar a eleições legislativas.
De acordo com o material de promoção europeu "A Comissão é a instituição politicamente independente que representa e defende os interesses da UE no seu conjunto." Que um operacional deste órgão não eleito seja enviado para interferir com a vida política de um país mostra bem o ponto a que chegaram, o paternalismo e o respeito pela democracia.
Esta situação é grave. Ainda por cima ela ocorre tendo como alvo um país humilhado e empobrecido. E é provocada por um Executivo presidido por um ex-primeiro ministro de um país - ‘offshore' do centro da Europa que praticou uma estratégia fiscalidade predatória para com os outros. Estes são os mesmos que anunciam um plano de investimento de 315 mil milhões de euros, que afinal são 21 mil milhões de euros já existentes. É por tudo este indecoro que Junker se arrisca a ser o último Presidente de uma Comissão de uma Europa já só nominalmente unida. Este nível de desonestidade mostra que as instituições não estão a funcionar.
A Europa vive num ‘bluff'. A passagem dos créditos arriscados aos países do sul detidos por bancos alemães e franceses para as mãos da ‘troika'. O inchar das dívidas públicas dos países intervencionados. A acalmia forçada dos "mercados" para permitir "saídas limpas" endossadas por medidas não-convencionais do BCE. Tudo isto é uma bolha. E, como todas as bolhas, insustentável. O peso da dívida não está a ser digerido pela economia; este peso só está a ser usado para forçar "reformas" anti-população.
Como diz Moscovici do alto da sua falta de legitimidade: "A zona euro implica obrigações mútuas. Quando um tem uma dívida, a dívida deve ser paga." Os governos também têm dívidas, perante os eleitores. Quando são eleitos, têm de os honrar.
Quando o colete-de-forças de uma zona monetária deficiente não permite cumprir nem a uns nem a outros, então mais cedo ou mais tarde todos começam a dar-se conta da realidade. Cada vez mais os cidadãos desconfiam da Europa pois nela há muito que se acabou a política social; parece também cada vez mais óbvio que os credores começam a internalizar o facto de que as restrições actuais à política económica não permitem aos países poderem cumprir os contratos tal como eles estão.
A mentira irá cair por terra. Gerir o "quando" e o "como" vai ser trabalho para Estadistas.
Sandro Mendonça
00.05 h
Económico
Dir-se-ia que quem tem dívida tem muita força. Esta semana o comissário para os Assuntos Económicos e Financeiros, o francês Pierre Moscovici deu-se ao trabalho de ir a Atenas para congratular o governo de Antonis Samaras e avisar o país de que recusar pagar a dívida é "suicida".
Este ‘raid' não foi extemporâneo. Recheado de declarações à imprensa sobre como a Europa está a ser solidária com o desenvolvimento grego e de promessas de uma "vigilância menos apertada em breve", este facto passou-se em vésperas de um processo político interno que pode levar a eleições legislativas.
De acordo com o material de promoção europeu "A Comissão é a instituição politicamente independente que representa e defende os interesses da UE no seu conjunto." Que um operacional deste órgão não eleito seja enviado para interferir com a vida política de um país mostra bem o ponto a que chegaram, o paternalismo e o respeito pela democracia.
Esta situação é grave. Ainda por cima ela ocorre tendo como alvo um país humilhado e empobrecido. E é provocada por um Executivo presidido por um ex-primeiro ministro de um país - ‘offshore' do centro da Europa que praticou uma estratégia fiscalidade predatória para com os outros. Estes são os mesmos que anunciam um plano de investimento de 315 mil milhões de euros, que afinal são 21 mil milhões de euros já existentes. É por tudo este indecoro que Junker se arrisca a ser o último Presidente de uma Comissão de uma Europa já só nominalmente unida. Este nível de desonestidade mostra que as instituições não estão a funcionar.
A Europa vive num ‘bluff'. A passagem dos créditos arriscados aos países do sul detidos por bancos alemães e franceses para as mãos da ‘troika'. O inchar das dívidas públicas dos países intervencionados. A acalmia forçada dos "mercados" para permitir "saídas limpas" endossadas por medidas não-convencionais do BCE. Tudo isto é uma bolha. E, como todas as bolhas, insustentável. O peso da dívida não está a ser digerido pela economia; este peso só está a ser usado para forçar "reformas" anti-população.
Como diz Moscovici do alto da sua falta de legitimidade: "A zona euro implica obrigações mútuas. Quando um tem uma dívida, a dívida deve ser paga." Os governos também têm dívidas, perante os eleitores. Quando são eleitos, têm de os honrar.
Quando o colete-de-forças de uma zona monetária deficiente não permite cumprir nem a uns nem a outros, então mais cedo ou mais tarde todos começam a dar-se conta da realidade. Cada vez mais os cidadãos desconfiam da Europa pois nela há muito que se acabou a política social; parece também cada vez mais óbvio que os credores começam a internalizar o facto de que as restrições actuais à política económica não permitem aos países poderem cumprir os contratos tal como eles estão.
A mentira irá cair por terra. Gerir o "quando" e o "como" vai ser trabalho para Estadistas.
Sandro Mendonça
00.05 h
Económico
Tópicos semelhantes
» As leis do poder. O período de nojo em política - fraqueza ou poder?
» As leis do poder. As elites do poder – tempo de mudança?
» Um dever humanitário
» As leis do poder. As elites do poder – tempo de mudança?
» Um dever humanitário
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Qui Dez 28, 2017 3:16 pm por Admin
» Apanhar o comboio
Seg Abr 17, 2017 11:24 am por Admin
» O que pode Lisboa aprender com Berlim
Seg Abr 17, 2017 11:20 am por Admin
» A outra austeridade
Seg Abr 17, 2017 11:16 am por Admin
» Artigo de opinião de Maria Otília de Souza: «O papel dos custos na economia das empresas»
Seg Abr 17, 2017 10:57 am por Admin
» Recorde de maior porta-contentores volta a 'cair' com entrega do Maersk Madrid de 20.568 TEU
Seg Abr 17, 2017 10:50 am por Admin
» Siemens instalou software de controlo avançado para movimentações no porto de Sines
Seg Abr 17, 2017 10:49 am por Admin
» Pelos caminhos
Seg Abr 17, 2017 10:45 am por Admin
» Alta velocidade: o grande assunto pendente
Seg Abr 17, 2017 10:41 am por Admin