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Regresso Ao Futuro
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Regresso Ao Futuro
Foi editado recentemente em versão portuguesa o romance “22/11/63”, do escritor norte-americano Stephen King. Trata-se de uma ficção sobre uma viagem no tempo, onde o personagem principal regressa ao ano de 1963 com o intuito de impedir que o presidente John F. Kennedy seja assassinado, em Dallas, no dia 22 de novembro. Muitas vezes pensei nesta ideia da viagem no tempo e cheguei a imaginar como seria um regresso ao passado no dia 4 de dezembro de 1980, quando Sá Carneiro foi assassinado. Poderia ainda viajar a uma data um pouco mais longínqua, como 1 de Fevereiro de 1908, dia do atentado no Terreiro do Paço contra o rei D. Carlos e o filho mais velho, um futuro rei Luís Filipe. Não sei se conseguiria mudar o destino, mas como jornalista poderia testemunhar aquelas últimas horas em que a história estaria prestes a mudar para sempre. Com a morte de D. Carlos, abriu-se o caminho para a República, dois anos depois. Os republicanos apareceram como a solução de todos os nossos problemas. Não foram. Mataram-se na noite da “Camioneta Fantasma” de 19 de Outubro de 1921 e provocaram a revolução de 28 de Maio de 1926, que nos deu a ditadura de Salazar, cujo regime do Estado Novo durou até 25 de Abril de 1974. Começou depois a nossa era democrática, marcada pelo atentado de Camarate, pouco antes do Natal de 1980. Neste resumo da história recente do País, há uma questão comum a todas as mudanças de regime e de poder: a disputa pela chefia da Nação. Parece que em Portugal não pode haver um chefe digno desse nome. Não pode ser um rei, porque isso é um direito de sangue e esconde-se dos portugueses que é o Parlamento – eleito pelo povo – que elege o chefe de Estado. Nega-se assim a Portugal um direito que rege os nossos cidadãos quando estes emigram para países europeus “atrasados e medievais” como Espanha, Reino Unido, Suécia, Dinamarca, Holanda e Noruega. Se Carlos Moedas, por exemplo, dissesse que nunca aceitaria trabalhar num país onde a chefia do Estado é escolhida na base do direito dinástica, nunca teria ido ganhar dinheiro para Bruxelas, visto ser uma cidade na Bélgica, cujo chefe de Estado é um rei. Salazar, por sua vez, deu-se bem sem um rei. Impôs a ditadura à sua vontade e escolheu sempre os chefes de Estado que mais lhe convinha. Primeiro, disse ao Presidente Óscar Carmona que ele estava proibido de morrer, mas em 1951 teve de o substituir, porque Carmona desobedeceu a Salazar e morreu mesmo. Craveiro Lopes foi o escolhido, contudo Salazar percebeu que se enganara quando o Presidente sugeriu que o poderia substituir por Marcello Caetano. Conclusão: Craveiro Lopes é que foi substituído em 1958 por Américo Thomaz, tendo este durado até 1974. Foi em 1976, com Ramalho Eanes, que houve a primeira eleição direta e universal de um Presidente da República. E, desde então, elegemos mais três. Dois deles foram ex-primeiro-ministros, mas todos foram já líderes de partidos. Se o rei D. Carlos não tivesse sido assassinado, se alguém o avisasse para não desembarcar no Terreiro do Paço, a história poderia ter sido diferente. Muito provavelmente, Portugal ainda seria um reino. E Sá Carneiro nunca teria tido a necessidade de ir de avião ao Porto participar num comício para as eleições presidenciais. E Portugal, em 2015, nunca teria ficado refém de lutas pessoais pela conquista da chefia do Estado, facto que só desprestigia a importância do cargo e contamina a condução política e económica do país. E isso mesmo que o Presidente se chame ele Guterres, Barroso, Santana Lopes, Marcelo, Ferro Rodrigues ou até Sócrates.
Frederico Duarte Carvalho
jornalista e escritor
7 Janeiro, 2015 00:02
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