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As Leis do Poder.O choque das democracias de produção com as democracias de consumo
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As Leis do Poder.O choque das democracias de produção com as democracias de consumo
Alguns talvez se interroguem, que interesse terá a natureza e a genética da democracia demo-liberal europeia contemporânea? Muito.
"O melhor argumento contra a democracia é falar cinco minutos com um eleitor médio." Winston Churchill
Nos últimos meses, no meio da volúpia mediática europeia cheia de factos relativos aos casos grego e russo, passaram despercebidos outros sinais políticos. Pouco amplificados mediaticamente e quase nada escrutinados publicamente. E que julgo fazerem parte de uma deriva na veste de intensões disfarçada de colocação em causa da natureza da democracia demo-liberal, como até ao momento conceptual, política e juridicamente, a entendemos na União Europeia. Refiro-me de entre outros exemplos a várias declarações do primeiro-ministro grego, do primeiro-ministro húngaro e também às proclamações protopanfletárias de dirigentes do Podemos em Espanha, de algumas propostas de Marine Le Pen em França e de outros actores políticos. Quase todos eles na prática pondo em causa a "democracia demo- -liberal".
Alguns talvez se interroguem, que interesse terá a natureza e a genética da democracia demo-liberal europeia contemporânea? Muito. Porquanto já temos responsáveis ao mais alto nível de Estados-membros que, na veste de primeiros-ministros, parecem alimentar não só no discurso político mas também já na prática político- -legislativa, derivas não muito democráticas que podem ferir alguns dos valores e elementos base da democracia. Que elementos? A separação dos poderes, a independência dos seus sistemas de justiça, a liberdade de informação, a liberdade de reunião, a livre iniciativa, modelos económicos, direitos liberdades e garantias, etc. A Hungria é cada vez mais um caso preocupante. Na prática democrática, na democracia material, na democracia procedimental.
Neste cenário, impõe-se que se questione se terá chegado o momento para se aprofundar uma discussão descomplexada, mas séria, dos caminhos da democracia europeia? Da crise dos seus partidos políticos, dos seus sistemas eleitorais e de representatividade e da qualidade do seu recrutamento político? Será que a tradição demo-liberal já não consegue mobilizar positivamente como no passado as sociedades europeias? Será que a pressão mediática tem tido efeitos aceleradores nas mudanças e nos movimentos que têm posto à prova as democracias, orgânica, funcional e relacionalmente? Colocando desafios cada vez mais complexos à organização do poder nas sociedades europeias e ocidentais? Que têm novos paradigmas democráticos na base de um aumento da exigência das pessoas e de uma maior complexidade dos seus problemas?
Com uma pressão imediata amplificada pelos media de forma significativa? É curioso constatar, confirmar e valorar que quem provoca muitas vezes a mudança política, social e tecnológica, é quem menos tira partido dela. Será que estamos a assistir a uma tendência que mostra as debilidades e os desafios das democracias demo--liberais ocidentais, as chamadas democracias de pendor mais de produção, confrontando-as com desafios que nunca tiveram de enfrentar? Será que estamos a viver um confronto e choque conceptual dentro das democracias demo-liberais, entre as democracias de produção (de pendor produtivo de riqueza) e as democracias de consumo (de pendor redistributivo de riqueza)? E que o mediatismo amplifica a democracia de consumo? São questões pertinentes que deveremos ter presentes no debate sobre a democracia europeia.
Devemos desejar que esse choque no seio da família demo-liberal não mate o que ela tem de bom. É que a riqueza alicerçada em crédito não é riqueza. Antes pelo contrário. É outra coisa. É viciação no crédito e como nós o sabemos. Habituados a consumir em democracia devemos cada vez mais interrogarmo-nos se o que produzimos é o suficiente para o que na prática consumimos. A elasticidade e a resiliência da democracia demo-liberal deve conseguir fazer a gestão do choque da contenda entre a produção e o consumo, democráticos.
Escreve à segunda-feira
Por Feliciano Barreiras Duarte
publicado em 2 Mar 2015 - 08:00
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