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Tudo na mesma?
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Tudo na mesma?
O Interior está cansado de ser ‘décor’ de atos oficiais e as suas cidades o palco de encenações.
O ‘Dia de Portugal’ — ritual do regime que já pouco ou nada diz aos portugueses — assinala-se este ano no Interior, numa cidade e numa região de resistência positiva ao vendaval da litoralização lusitana: a cidade de Lamego, no distrito de Viseu. É uma excelente escolha, mas o facto assalta-me com uma pergunta: é esta descentralização comemorativa positiva ou perversa?
Não tenho dúvidas de que a escolha de Lamego será positiva se trouxer o tema dos territórios para o topo da agenda política. Por outras palavras, se servir para despertar os agentes políticos portugueses para a urgência de compromissos claros que ponham o ‘país real’ no centro das políticas.
Nomeadamente, de uma política de desenvolvimento regional e de coesão territorial que se veja em factos e em números. E ainda recentemente o Presidente da República chamou a atenção para esta prioridade...
Mas esta descentralização comemorativa será um ato perverso se, mais uma vez, se limitar a uma representação teatral que usa o Interior como se fosse um bonito papel de parede. O Interior está cansado de ser ‘décor’ de atos oficiais e as suas cidades o palco de encenações bem-intencionadas mas inúteis e infrutíferas. Infelizmente, a história da nossa democracia tem-se inclinado para este resultado.
Num ano tão decisivo e interessante como é este, seria muito importante dar um sinal de mudança num compromisso político com as regiões e o Interior.
No ‘país real’ não é apenas ou sobretudo a ‘austeridade fiscal’ que gera angústia e aperto. É também e sobretudo a austeridade das oportunidades. Uma austeridade asfixiante que está a ser perpetrada por um centralismo retrógrado, pela macrocefalia irracional do Estado na capital e por pressões que entornam investimentos no mesmo sentido.
Acreditamos todos que o país tem tudo para dar certo. Os discursos de amanhã farão seguramente o elenco das nossas virtudes e ‘potencialidades’, dividindo-se apenas no que toca à disputa eleitoral de curto prazo. Haverá quem cite a nossa identidade histórica, linguística e cultural milenar e presente no mundo global; ou quem lembre os nossos recursos territoriais e naturais de grande valor — do mar à floresta, passando pelas paisagens culturais –; e ainda quem clame pelas pessoas e pelo "capital humano"…
Queremos que tudo fique na mesma?
ALMEIDA HENRIQUES
Presidente da Câmara Municipal de Viseu
09.06.2015 00:30
Correio da Manhã
O ‘Dia de Portugal’ — ritual do regime que já pouco ou nada diz aos portugueses — assinala-se este ano no Interior, numa cidade e numa região de resistência positiva ao vendaval da litoralização lusitana: a cidade de Lamego, no distrito de Viseu. É uma excelente escolha, mas o facto assalta-me com uma pergunta: é esta descentralização comemorativa positiva ou perversa?
Não tenho dúvidas de que a escolha de Lamego será positiva se trouxer o tema dos territórios para o topo da agenda política. Por outras palavras, se servir para despertar os agentes políticos portugueses para a urgência de compromissos claros que ponham o ‘país real’ no centro das políticas.
Nomeadamente, de uma política de desenvolvimento regional e de coesão territorial que se veja em factos e em números. E ainda recentemente o Presidente da República chamou a atenção para esta prioridade...
Mas esta descentralização comemorativa será um ato perverso se, mais uma vez, se limitar a uma representação teatral que usa o Interior como se fosse um bonito papel de parede. O Interior está cansado de ser ‘décor’ de atos oficiais e as suas cidades o palco de encenações bem-intencionadas mas inúteis e infrutíferas. Infelizmente, a história da nossa democracia tem-se inclinado para este resultado.
Num ano tão decisivo e interessante como é este, seria muito importante dar um sinal de mudança num compromisso político com as regiões e o Interior.
No ‘país real’ não é apenas ou sobretudo a ‘austeridade fiscal’ que gera angústia e aperto. É também e sobretudo a austeridade das oportunidades. Uma austeridade asfixiante que está a ser perpetrada por um centralismo retrógrado, pela macrocefalia irracional do Estado na capital e por pressões que entornam investimentos no mesmo sentido.
Acreditamos todos que o país tem tudo para dar certo. Os discursos de amanhã farão seguramente o elenco das nossas virtudes e ‘potencialidades’, dividindo-se apenas no que toca à disputa eleitoral de curto prazo. Haverá quem cite a nossa identidade histórica, linguística e cultural milenar e presente no mundo global; ou quem lembre os nossos recursos territoriais e naturais de grande valor — do mar à floresta, passando pelas paisagens culturais –; e ainda quem clame pelas pessoas e pelo "capital humano"…
Queremos que tudo fique na mesma?
ALMEIDA HENRIQUES
Presidente da Câmara Municipal de Viseu
09.06.2015 00:30
Correio da Manhã
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