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Mensagem por Admin Dom Set 06, 2015 10:41 am

Seis enfermeiros por dia deixaram Portugal no ano passado. Não encontram emprego aqui ou não gostaram das condições de trabalho possíveis - demasiadas horas por pouco dinheiro - e foram à procura de uma vida melhor. Foram sobretudo para Inglaterra, França, Bélgica, Alemanha, Suíça e Irlanda, países que precisam destes profissionais e que os integram quase à medida que batem à porta dos seus serviços de saúde. A história recente - nem sequer é história ainda, é atualidade - não ajudou a orientar aqueles que agora se candidatam a uma licenciatura. As colocações relativas à primeira fase de candidaturas ao ensino superior são hoje reveladas e entre as escolas que tiveram todas as vagas preenchidas estão três de enfermagem - no Porto, em Coimbra e em Lisboa. 

Dificilmente, todos os jovens que escolheram fazer a sua formação nesta área têm o desejo de deixar a família, os amigos e embarcar para onde a profissão lhes dê aquilo que procuram para a sua vida e a sua carreira. O que significa que muitos deles não olharam para o mercado de trabalho antes de fazer a sua escolha, não têm ideia do que os espera - desemprego ou trabalho numa área totalmente desligada da que escolheram. Não são só os enfermeiros. Ainda há demasiados jovens a querer fazer vida de jornalistas, de advogados, a evitar as engenharias onde o emprego é praticamente garantido. O que os números de vagas e colocações revelam é que estes jovens continuam alheios às necessidades do país, que não temperam os seus sonhos com uma dose de realidade. Mas também que ainda há demasiada oferta mal colocada. Se não há lugar para mais advogados, professores, enfermeiros, é preciso que se comece ainda no secundário, a aliciar estes jovens para empresas e setores onde eles são necessários. A ligação entre a escola - o liceu, a universidade - e o tecido empresarial tem de se consolidar e fortalecer, tem de começar cedo. E as instituições também têm um papel na orientação destes jovens. Que passa por estabelecer limites, por construir uma barreira à formação de milhares de pessoas em áreas sem saída. É também por aqui que passam a redução dos números do desemprego e o crescimento do país.

por JOANA PETIZ
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